sábado, 25 de fevereiro de 2012

Pesquisa explica como relógio biológico interfere no risco de ataque cardíaco

Oscilação de determinada proteína pode alterar os batimentos cardíacos e causar uma arritmia, especialmente de manhã e à noite

Estudo relaciona mudanças da ação de proteína durante o dia com riscos de morte súbita por arritmia cardíaca

Um novo estudo publicado na última quarta-feira na revista britânica Nature encontrou uma explicação para o fato de a morte súbita cardíaca ocorrer com maior frequência após uma pessoa acordar de manhã ou durante a noite. A pesquisa, feita por um grupo de cientistas de vários países, coordenado pela Faculdade de Medicina da Universidade Case Western Reserve, nos Estados Unidos, estabeleceu uma relação entre o ritmo circadiano, ou o relógio biológico, e os riscos de alteração do ritmo cardíaco.

Os autores da pesquisa observaram a ação da Krüppel-like factor 15 (Klf15), uma proteína que controla o ritmo circadiano e a atividade das células musculares cardíacas. Durante o dia, os níveis de Klf15 oscilam, podendo reduzir ou aumentar o tempo que o músculo cardíaco tem para esvaziar os ventrículos, que são as câmaras do coração que bombeiam o sangue para todo o organismo. Esse intervalo, se for muito grande ou muito pequeno, pode resultar em ritmos cardíacos anormais, que é a chamada arritmia, a causa mais comum de morte súbita cardíaca.

Como o ritmo cardíaco anormal ocorre com mais frequência principalmente nas primeiras horas da manhã e também durante a noite, os pesquisadores explicaram algo que já é conhecido há algum tempo, ou seja, que nesses horários as chances de uma morte repentina ocorrer são maiores.

Para chegar a essas conclusões, foram estudados camundongos que não tinham a Klf15 e outros que tinham uma alteração genética que faziam com que seu organismo produzisse quantidades maiores do que o normal da proteína.

“Esse é o primeiro exemplo, embora ainda esteja no começo, de um mecanismo celular que pode alterar o ritmo circadiano e provocar arritmia cardíaca”, afirma Xander Wehrens, um dos autores do estudo. “Observamos que tanto a ausência quanto o excesso de Klf15 significam risco para arritmias”.

Os pesquisadores esperam que essa descoberta leve a novas ferramentas de diagnóstico e terapias para prevenir ou tratar a vulnerabilidade à morte súbita cardíaca em humanos.  De acordo com os autores do estudo, um caminho possível seria investigar medicamentos que regulam e estabilizem os níveis de Klf15, especialmente nos momentos do dia quando a morte súbita é mais comum.

Fonte: Veja

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