quarta-feira, 24 de junho de 2015

Viagra, Levitra e Cialis podem aumentar risco de desenvolver melanoma maligno

O alvo dos medicamentos usados para tratar a disfunção erétil, os inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (PDE5), faz parte de uma via implicada no desenvolvimento de melanoma maligno. Um risco aumentado de melanoma em usuários de sildenafila foi relatado recentemente.

Com o objetivo de examinar a associação entre o uso de inibidores da PDE5 e o risco de melanoma, incluindo dados sobre inibidores da PDE5 específicos, número de prescrições e estágio do melanoma, foi realizado um trabalho publicado pelo The Journal of the American Medical Association (JAMA).

O estudo sueco, caso-controle, de base populacional, usando registros de saúde de bancos de dados demográficos na Suécia, incluiu 4.065 casos de melanoma diagnosticados entre 2006 e 2012 e cinco controles aleatoriamente selecionados por caso, com ano de nascimento como correspondência.

O número de prescrições de inibidores de PDE5, sildenafila e vardenafila ou tadalafila, o risco de melanoma, global e por estadiamento do tumor e o risco de carcinoma basocelular foram analisados.

Dos 4.065 casos de melanoma, 435 homens (11%) tinham prescrições de inibidores da PDE5, assim como 1.713 homens dos 20.325 controles (8%). Na análise multivariada, houve um aumento do risco de melanoma em homens que tomavam inibidores da PDE5. Observou-se aumento mais pronunciado do risco em homens que tinham uma única prescrição, mas não foi significativo entre os homens com várias prescrições. Os inibidores da PDE5 foram significativamente associados com melanoma no estágio 0 e no estágio I, mas não nos estágios II a IV. As estimativas de risco foram semelhantes para sildenafila e vardenafila ou tadalafila. O uso de inibidores da PDE5 também foi associado a um aumento do risco de carcinoma de células basais. Homens que tomavam inibidores da PDE5 tinham maior nível de escolaridade e de renda anual, fatores que também foram significativamente associados ao risco de melanoma.

Concluiu-se que, nesta coorte sueca de homens, a utilização de inibidores da PDE5 foi associada a um aumento modesto, mas estatisticamente significativo, do risco de desenvolver melanoma maligno. No entanto, o padrão de associação (por exemplo, a falta de associação com várias prescrições preenchidas) levanta questões sobre se esta é ou não é uma associação causal.

Fonte: The Journal of the American Medical Association (JAMA), volume313, número 24, de 23 a 30 de junho de 2015 - NEWS.MED.BR, 2015

sábado, 13 de junho de 2015

Inibidores da bomba de prótons podem aumentar risco de infarto do miocárdio

Os inibidores da bomba de prótons (IBP) têm sido associados a desfechos clínicos adversos entre usuários de clopidogrel apóssíndrome coronária aguda. Resultados pré-clínicos recentes sugerem que esse risco pode se estender a indivíduos sem história prévia de doença cardiovascular. O presente estudo, publicado no periódico PLOS One, explorou este risco potencial na população em geral através da abordagem de mineração de dados.

Usando uma nova abordagem para a mineração de dados clínicos de farmacovigilância, pesquisadores da Stanford University e colaboradores revisaram mais de 16 milhões de documentos clínicos de 2,9 milhões de indivíduos para analisar o uso de medicamentos IBP e sua associação com o risco cardiovascular na população em geral.

Em várias fontes de dados, eles descobriram que pacientes com doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) expostos a IBPs tinham uma associação 1,16 vezes maior com infarto agudo do miocárdio (IAM). A análise de sobrevida em uma coorte prospectiva encontrou um aumento em dobro da associação com a mortalidadecardiovascular. Descobriu-se que esta associação existe independentemente do uso de clopidogrel. Além disso, descobriu-se que o uso de antagonistas dos receptores H2 da histamina (anti-H2), um tratamento alternativo para a DRGE, não foram associados ao aumento do risco cardiovascular.

Se tais algoritmos de farmacovigilância estivessem sendo usados a mais tempo, poderiam ter assinalado este risco tão cedo quanto no ano de 2000.

De acordo com as conclusões deste estudo, os cientistas mostraram que de maneira consistente com os achados pré-clínicos de que os IBPs podem impactar adversamente a função vascular, este estudo de mineração de dados ofereceu apoio à hipótese de que a exposição aos IBPs pode aumentar o risco de IAM na população em geral. Estes dados fornecem um exemplo de como uma combinação de estudos experimentais e de uma abordagem de mineração de dados pode ser aplicada para priorizar os sinais de segurança de uso de certos medicamentos em investigações futuras.

Fonte: PLOS One, de 10 de junho de 2015 –News.Med.Br, 2015.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Combinação de drogas em teste reduz tumores agressivos em 60%

Credito: Thinkstock

Uma combinação de duas drogas conseguiu diminuir tumores em cerca de 60% de pacientes com melanoma em estágio avançado, de acordo com uma nova pesquisa coordenada por médicos britânicos.

Um teste internacional com 945 pacientes descobriu que o tratamento com ipilimumab e nivolumab fez com o câncer parasse de avançar por quase um ano em 58% dos casos.

Médicos britânicos apresentaram os dados na conferência anual da American Society of Clinical Oncology, em Chicago.

A instituição Cancer Research UK disse que as drogas eram um "golpe poderoso" contra uma das formas de câncer mais agressivas.

De acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer), embora o câncer de pele seja o mais frequente no Brasil (25% dos casos), o melanoma - que é mais grave, devido à possibilidade de metástase - representa 4% dos tumores malignos de pele.

Sistema imunológico

As duas drogas estão ligadas ao campo da medicina que tenta aproveitar o próprio sistema imunológico para combater o câncer - um campo que está se desenvolvendo rapidamente.

O sistema imunológico é uma defesa importante contra infecções. Mas existem diversos mecanismos que agem como freios para impedir o sistema de atacar nossos próprios tecidos.

Credito: Thinkstock

Como o câncer é uma versão modificada de um tecido saudável, ele se beneficia desses "freios" e não é alvejado pelo sistema imunológico.

Mas o ipilimumab e nivolumab desativam esses mecanismos.

Testes realizados com 945 pessoas mostrou que a combinação dos dois medicamentos levou a uma regressão do tumor em ao menos um terço em 58% dos pacientes - com o tumor permanecendo estável ou diminuindo por, em média, 11 meses e meio.

Tomar apenas o ipilimumab levou a uma regressão do tumor em 19% dos pacientes durante 2 meses e meio, de acordo com os dados publicados na revista científica New England Journal of Medicine.

'Grande futuro'

"Ao receitar as duas drogas juntas você está de fato desativando dois mecanismos que impedem o sistema imunológico de agir em vez de só um. Então esse sistema consegue reconhecer tumores que não estava reconhecendo antes e reagir a isso destruindo-os", disse James Larkin, um consultor no Royal Marsden Hospital e um dos mais proeminentes pesquisadores em câncer do Reino Unido.

"Para imunoterapias, nós nunca havíamos visto regressões de tumor acima de 50%, então esse resultado é muito significativo."

"Essa é a modalidade de tratamento que acho que terá um grande futuro no tratamento do câncer."

A primeira análise dos dados recebeu grande atenção na conferência em Chicago, mas a informação mais importante - expectativa de vida dos pacientes que passaram pelo tratamento - ainda é desconhecida.

Credito: Thinkstock

"Esperamos que essas respostas preliminares durem por mais tempo, mas no momento não é possível dizer", disse Larkin.

Efeitos colaterais como cansaço, irritação na pele ou diarreia também geraram dúvidas. Mais da metade dos pacientes que passaram pelo teste tiveram efeitos colaterais na terapia com os dois medicamentos, ante cerca de um quarto entre os que tomaram apenas o ipilimumab.

Também não se sabe por que algumas pessoas responderam excepcionalmente bem ao tratamento enquanto outras não mostraram reação.

'Efeitos colaterais sérios'

"Essa pesquisa indica que podemos dar um golpe violento contra o melanoma avançado ao combinar esses dois tratamento de imunoterapia", diz Alan Worsley, do Cancer Research UK.

"Juntas, essas drogas podem desativar os freios do sistema imunológico e prejudicar a capacidade do câncer de se esconder dele. Mas combinar os tratamentos também aumenta a probabilidade de efeitos colaterais sérios", completou.

O ipilimumab é dado de forma intravenosa a cada três meses e chegou ao Brasil em 2013. O nivolumab é dado a cada duas semanas até parar de fazer efeito.

As duas drogas foram desenvolvidas pela Bristol-Myers Squibb.

Credito: BBC

Muitas farmacêuticas estão desenvolvendo medicamentos semelhantes para ter os mesmo efeitos no sistema imunológico. Outro líder na área é o Pembrolizumab, da Merck.

Mas a grande esperança é que essas imunoterapias se mostrem efetivas para outros tipos de câncer.

'Me sinto ótima'

A inglesa Cait Chalwin, de 43 anos, começou o experimento após ser diagnosticada com câncer em 2013.

A princípio, os médicos disseram que o tumor que ela tinha no rosto era benigno, mas depois ela descobriu que era cancerígeno e havia se espalhado para seus pulmões. Os médicos disseram que ela teria entre 18 e 24 meses de vida.

Ela foi tratada no The Royal Marsden e o câncer está estável; mas ela largou o teste devido aos efeitos colaterais.

"Estou me sentindo ótima agora. Levou muito tempo até eu voltar ao normal, me sentir como antes do diagnóstico, mas eu acredito que, se o tratamento não tivesse funcionado, eu não estaria aqui agora."

Fonte: BBC Brasil

Novo tratamento contra câncer de pulmão pode dobrar sobrevida de pacientes, diz estudo

(Thinkstock)

Um novo tratamento contra o câncer de pulmão pode mais do que dobrar a sobrevida de alguns pacientes, revelou uma pesquisa conduzida por cientistas americanos e europeus.

Segundo eles, uma nova droga, chamada Nivolumab, impede que as células cancerígenas se escondam dos sistemas de defesa do corpo humano, deixando o tumor mais vulnerável à ação dos anticorpos.

Os cientistas chegaram aos resultados após conduzirem um experimento com 582 pessoas. As descobertas foram publicadas na revista científica American Society of Clinical Oncology e descritas como "uma esperança real para os pacientes".

O câncer de pulmão é o mais letal, matando cerca de 1,6 milhão de pessoas por ano no mundo.

Como a doença é de difícil tratamento e normalmente tem diagnóstico tardio, as chances de sobrevida do paciente são significativamente reduzidas após a descoberta do tumor.

Defesas naturais

O sistema imunológico humano é treinado para combater infecções, mas também ataca partes do corpo quando elas apresentam um mau funcionamento ─ é o caso do câncer.

No entanto, tumores apresentam alguns "truques" de forma a sobreviver a esses ataques naturais.

Eles produzem uma proteína chamada PD-L1 que desliga qualquer parte do sistema imunológico que tenta atacá-los.

A Nivolumab faz parte de uma série de drogas chamadas "inibidores de checkpoint" sendo desenvolvidas por laboratórios farmacêuticos.

O medicamento impede que as células cancerígenas "desliguem" o sistema imunológico, deixando-as vulneráveis ao ataque do próprio corpo humano.

Câncer de pulmão(Thinkstock)

O experimento, conduzido na Europa e nos Estados Unidos, foi realizado em pacientes com câncer de pulmão em estágio avançado e que já haviam recorrido a outros tipos de tratamento.

Aqueles que se submetiam ao tratamento comum viviam, em média, 9,4 meses após iniciar a terapia, enquanto que os que tomavam Nivolumab viviam, em média, mais 12,2 meses.

No entanto, alguns pacientes tiveram um desempenho espetacular. Aqueles com tumores que produziam altos níveis de PD-L1 chegaram a viver por mais 19,4 meses.

'Marco'

Os dados foram apresentados pelo laboratório farmacêutico americano Bristol-Myers Squibb.

Responsável pela pesquisa, Luis Paz-Ares, do Hospital Universitario Doce de Octubre, em Madri, na Espanha, disse que "(Os resultados) representam um marco no desenvolvimento de novas opções de tratamento contra o câncer de pulmão".

"Nivolumab é o primeiro inibidor PD-1 a mostrar um avanço significativo na sobrevivência média na terceira fase do experimento em pacientes com câncer de pulmão em estágio avançado".

Outras companhias vêm testando drogas similares.

Martin Forster, do Instituto do Câncer da University College London (UCL), está testando algumas delas.

"A notícia é muito animadora. Acho que essas drogas vão representar uma mudança de paradigma sobre como tratamos câncer de pulmão”.

Ele disse que, atualmente, se a quimioterapia fracassar, os índices de sobrevivência do paciente são "muito baixos".

"Mas naqueles que respondem a imunoterapia parece haver um controle mais prolongado da doença; acho que se trata de uma grande mudança no tratamento contra o câncer de pulmão", acrescentou.

'Esperança real'(Thinkstock)

A ONG Cancer Research UK disse que usar o próprio sistema imunológico do paciente para combater a doença seria uma "parte essencial" do tratamento contra o câncer de pulmão.

Em entrevista à BBC, Alan Worsley, porta-voz da instituição, disse que o "experimento mostra que bloqueando a habilidade do câncer de pulmão de se esconder das células do sistema imunológico pode ser mais eficiente do que os atuais tratamentos quimioterápicos".

"Avanços como esse dão esperança real a pacientes com câncer de pulmão, que até agora tinham poucas opções".

Cientistas esperam que essas drogas possam funcionar em diferentes tipos de câncer. A Nivolumab, por exemplo, foi aprovada nos Estados Unidos para tratar o melanoma (câncer de pele).

Mas ainda há questões a serem respondidas.

As consequências de longo prazo de modificar o sistema imunológico ainda são desconhecidas e o melhor caminho para entender quem responderá ao tratamento também não é sabido.

Os tratamentos também tendem a ser muito caros, o que representará um desafio aos sistemas de saúde dispostos a oferecê-los.

Fonte: BBC Brasil