terça-feira, 28 de abril de 2015

Consumir alimentos ricos em potássio na infância pode ajudar a prevenir a hipertensão arterial na adolescência, em artigo do JAMA Pediatrics

A identificação dos fatores de risco, no início da vida, para o desenvolvimento de pressão arterial sanguínea elevada é crítica para a prevenção da doença cardiovascular. Para estudar prospectivamente o efeito do sódio, do potássio e da relação potássio/sódio na dieta na pressão sanguínea de adolescentes, foi realizado estudo prospectivo de coorte em Richmond (Califórnia), Cincinnati (Ohio) e Washington DC.

O estudo National Heart, Lung, and Blood Institute’s Growth and Health Study contou com a participação de 2.185 meninas, negras e brancas, com idades entre 9 e 10 anos no início da pesquisa, com dados completos para dieta e pressão arterial desde o início até meados da adolescência. Elas foram acompanhadas por 10 anos. As primeiras visitas de avaliação foram entre março de 1987 a fevereiro de 1988 e o acompanhamento continuou até fevereiro de 1999. Foram utilizados modelos mistos longitudinais e análise de modelos de covariância para avaliar o efeito do sódio, do potássio e da relação potássio/sódio na pressão arterial sistólica e diastólica ao longo da adolescência e após 10 anos de acompanhamento com os ajustes para raça, estatura, atividade, tempo de exposição à TV/vídeo, calorias ingeridas e outros fatores dietéticos.

As médias da pressão arterial sistólica e diastólica em toda a adolescência e no final do acompanhamento, quando as adolescentes tinham entre 17 e 21 anos, foram avaliadas. Foram observados os consumos médios de sódio e potássio na dieta e a média da relação potássio/sódio na faixa etária de 9 a 17 anos e eliminados potenciais fatores de confusão por caloria ingerida.

A ingestão de sódio foi classificada como:

  • Menos do que 2.500 mg/dia (19,4% dos participantes)
  • 2.500 mg/dia a menos de 3.000 mg/dia (29,5%)
  • 3.000 mg/dia a menos do que 4.000 mg/dia (41,4%)
  • 4.000 mg/dia ou mais (9,7%).

A ingestão de potássio variou entre:

  • Menos de 1.800 mg/dia (36,0% dos participantes)
  • 1.800 mg/dia a menos de 2.100 mg/dia (26,2%)
  • 2.100 mg/dia para menos do que 2.400 mg/dia (18,8%)
  • 2.400 mg/dia ou mais (19,0%).

Não houve nenhuma evidência de que as ingestões mais elevadas de sódio (3.000 a <4.000 mg/dia e ≥4.000 mg/dia versus <2500 mg/dia) tenham um efeito adverso sobre a pressão arterial das adolescentes e modelos mistos longitudinais mostraram que aquelas que consumiram 3.500 mg/dia ou mais tiveram geralmente apressão arterial diastólica mais reduzida em comparação com aquelas que consumiam menos de 2.500 mg/dia (P=0,18). No entanto, a maior ingestão de potássio foi inversamente associada à mudança da pressão arterial ao longo da adolescência (P<0,001 para a pressão sistólica e diastólica) e no final do seguimento (P=0,02 e P=0,05 para a pressão sistólica e diastólica, respectivamente). Enquanto a relação potássio/sódio também foi inversamente associada à pressão arterial sistólica (P=0,04), estes efeitos foram geralmente fracos em comparação com os efeitos para o potássio sozinho.

As conclusões deste estudo mostram que o consumo de 3.500 mg/dia de sódio ou mais não teve nenhum efeito adverso sobre a pressão arterial. Os efeitos benéficos do potássio na dieta na pressão arterial sistólica e diastólica sugerem que consumir mais alimentos ricos em potássio durante a infância pode ajudar a suprimir o aumento da pressão arterial na adolescência.

Fonte: JAMA Pediatrics, publicação online, de 27 de abril de 2015 – News.Med.Br

Estudo liga dores crônicas na coluna a 'defeito' na evolução

Chimpanzé

Um novo estudo afirma que pessoas com problemas na coluna lombar podem tê-los "herdados" de um defeito ocorrido ao longo do processo de evolução.

Segundo cientistas, essas pessoas teriam uma coluna em formato mais parecido com a de chimpanzés, o mais próximo ancestral humano.

Um 'nó' nos discos da coluna deixa o alinhamento das vértebras mais parecido com o dos animais do que com as vértebras normais de humanos.

Os cientistas acreditam que uma lesão tivesse feito com que a coluna evoluísse de forma diferente em pessoas, conforme o ser humano evoluía para caminhar sobre duas pernas.

Evolução 'imperfeita'

Pesquisadores acreditam que a descoberta podem ajudar médicos a prever quem corre o risco de problemas lombares.

Publicado na revista científica BMC Evolutionary Biology, o estudo reuniu especialistas de Escócia, Canadá e Islândia.

A equipe de pesquisadores analisou as vértebras de chimpanzés, orangotangos e esqueletos primitivos humanos para investigar o relacionamento entre o formato da coluna vertebral, movimento ereto e a saúde da espinha humana.

Mark Collard, da Universidade de Aberdeen (Escócia), disse que as análises forneceram informações valiosas sobre a saúde e estilo de vida de nossos ancestrais.

Os esqueletos também forneceram informações sobre como os humanos evoluíram para caminhar nas "patas traseiras".

"Descobrimos que as vértebras de humanos com problemas de disco são mais parecidas em formato com a dos chimpanzés do que com as vértebras normais de humanos", explica Collard.

Pesquisadores constataram que estes indivíduos têm uma lesão chamada nó de Schmorl - uma pequena hérnia de disco.

Embora não haja uma causa específica para o nó, ele pode estar ligado ao estresse e à carga sobre coluna lombar.

A evolução não é um processo perfeito, então durante milhares de anos os humanos não se adaptaram da mesma maneira.

"Nosso estudo sugere que a vértebra de algumas pessoas pode ser menos adaptada para andar de forma ereta".

Fonte: BBC Brasil

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Alimentação, não exercício, é 'chave para combater obesidade'

A atividade física tem um papel relativamente pequeno no controle do peso e a atenção de políticas públicas contra a obesidade deveria estar na qualidade da alimentação – é o que defende um artigo assinado por médicos em uma publicação científica britânica.

"A atividade física regular reduz o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, demência e algumas formas de câncer em até 30%", escrevem pesquisadores no British Journal of Sports Medicine.

Eles dizem querer desfazer o que chamam de "mitos" sobre exercício e obesidade. "A atividade física não promove a perda de peso", argumentam.

O texto, assinado por três especialistas da Grã-Bretanha, Estados Unidos e África do Sul, põe a culpa do problema da obesidade no alto consumo de açúcar e carboidratos nas dietas modernas.

E ataca a indústria alimentícia por incentivar a percepção equivocada de que o exercício possa compensar os efeitos negativos da má alimentação.

"A Coca-Cola, que gastou US$ 3,3 bilhões em publicidade em 2013, empurra a mensagem de que 'toda caloria vale'; eles associam seus produtos com o esporte, sugerindo que é tudo bem consumir suas bebidas desde que você se exercite", escrevem.

"A ciência nos diz que isto é enganoso e equivocado. O que é crucial é a origem das calorias. As calorias do açúcar promovem depósitos de gordura e fome. As calorias da gordura promovem saciedade."

Mau hábito

Os cientistas dizem que até 40% dos indivíduos com peso considerado normal enfrentarão anormalidades metabólicas associadas com a obesidade por causa de hábitos alimentares inadequados.

Também observam que a obesidade representa "apenas a ponta do iceberg" dos efeitos adversos da má alimentação na sociedade.

"Segundo o relatório sobre o peso global das doenças da (publicação científica)Lancet, uma dieta pobre já gera mais doenças que a inatividade física, o álcool e o fumo juntos."

Para o cardiologista Aseem Malhotra, da Academy of Medical Royal Colleges, na Grã-Bretanha – um dos médicos que assinam o artigo – "uma pessoa obesa não precisa fazer nenhum exercício para perder peso, só precisa comer menos".

"Minha maior preocupação é que a mensagem que está sendo transmitida ao público sugere que você pode comer o quanto quiser, desde que se exercite."

"Isto não tem base científica. Você não pode compensar os efeitos de maus hábitos alimentares fazendo exercício."

'Pouco científico'

Mas para outros médicos, minimizar a importância do exercícios físico é arriscado.

Mark Baker, do Instituto Nacional de Saúde e Excelência do Tratamento, recomenda "uma dieta equilibrada em combinação com a atividade física". Para ele, seria uma "idiotice" abrir mão de uma coisa ou de outra.

A federação britânica de comidas e bebidas disse que "os benefícios da atividade física não são uma moda ou conspiração da indústria".

"Um estilo de vida saudável deve incluir tanto uma dieta equilibrada quanto exercício físico", disse uma porta-voz.

A indústria diz que se compromete com esse objetivo ao incluir informação nutricional nas embalagens e oferecer alimentos com menor teor de sal, açúcar e gordura.

"Esse artigo parece questionar a raiz de recomendações oficiais para o consumidor que se baseiam em fatos", atacou a porta-voz. "Isso cria confusão."

Conteúdo: BBC Brasil

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Jejum noturno prolongado ajuda a diminuir o risco de câncer de mama, artigo do Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention

Uma nova linha de pesquisa coordenada por Catherine R. Marinac, da universidade UC San Diego/San Diego State University, sugere que os horários de alimentação-jejum diários que são sincronizados com os ciclos de sono-vigília têm implicações metabólicas altamente relevantes para o câncer de mama. Foram avaliadas associações de duração do jejum noturno com biomarcadores de risco para o câncer de mama entre mulheres do estudo 2009-2010 US National Health and Nutrition Examination Survey, também conhecido como NHANES (2009-2010).

Informações dietéticas, antropométricas e de HbA1c estavam disponíveis para 2.212 mulheres. As concentrações de glicemia pós-prandial de 2 horas estavam disponíveis para 1.066 mulheres. A duração do jejum noturno foi calculada utilizando registros alimentares de 24 horas. Modelos separados de regressão linear examinaram as associações entre jejum noturno e concentrações elevadas de HbA1c e entre jejum noturno e glicemias pós-prandiais de duas horas. Associações de regressão avaliaram o jejum noturno com HbA1c elevada (HbA1c ≥ 39 mmol/mol ou 5,7%) e glicemia pós-prandial de 2 horas elevada (≥ de glicose de 140 mg/dL). Todos os modelos foram ajustados para idade, escolaridade, raça/etnia, índice de massa corporal, ingestão total de kcal, ingestãokcal à noite e número de episódios de alimentação por dia.

Os resultados mostraram que cada aumento de três horas no jejum noturno (aproximadamente um desvio padrão) foi associado a uma medição 4% inferior da glicemia pós-prandial (p<0,05) e a uma diminuição não estatisticamente significativa na HbA1c. Modelos de regressão logística indicam que cada aumento de três horas de duração no jejum noturno foi associado a cerca de 20% de redução nas chances de elevação da HbA1c(p<0,05) e a uma probabilidade de redução da glicemia pós-prandial não estatisticamente significativa.

Concluiu-se que neste trabalho a duração mais longa do jejum noturno foi significativamente associada a uma melhor regulação da glicemia. Os pesquisadores sugerem que estudos randomizados são necessários para confirmar se o jejum noturno prolongado poderia melhorar os biomarcadores de controle da glicose, reduzindo assim o risco de câncer de mama.

Fonte: Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention, publicação online, de 20 de abril de 2015 - NEWS.MED.BR, 2015

Uso de suplementos para fortalecimento muscular pode aumentar em 65% o risco de desenvolver câncer de testículo

Estudo epidemiológico e analítico, de caso-controle, com base populacional, incluindo 356 casos de câncer de células germinativastesticulares (TGCC) e 513 controles, em homens de Connecticut e Massachusetts, examinou a relação entre o uso de suplementos de fortalecimento muscular (MBSs) e o risco de câncer de células germinativas testiculares (TGCC)

O odds ratio (OR) ou razão de chance para homens que tinham usado MBSSs em relação ao risco de TGCC foi significativamente elevado (OR=1,65; intervalo de confiança de 95%: 1,11-2,46). Estas probabilidades eram ainda maiores entre os homens que começaram a usar MBSs antes dos 25 anos de idade (OR=2,21; IC 95%, 1,34-3,63), que usaram dois ou mais tipos de MBSSs (OR=2,77; IC 95%, 1,30-5,91) ou que tinham utilizado esses suplementos por um período superior a 36 meses (OR=2,56; IC 95%, 1,39-4,74).

Concluiu-se que o uso de suplementos de fortalecimento muscular é um fator de risco potencialmente modificável que pode ser associado ao câncer de células germinativas testiculares.

Fonte: British Journal of Cancer, de 31 de março de 2015 – News.Med.Br

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Ciência identifica atividades físicas que mais ajudam o cérebro

Credito: Thinkstock

Que exercícios fazem bem para a saúde, todo mundo já sabe; mas o que é menos conhecido são os benefícios dos esportes sobre o funcionamento do cérebro, a "saúde da mente".

"Há várias décadas se acumulam evidências indicando os benefícios da atividade física, tanto aeróbica como de força (ou resistência), na função cognitiva, tempo de reação e memória, entre outras propriedades", disse à BBC César Kalazich, especialista em medicina desportiva da clínica MEDS, no Chile.

Embora as pesquisas indiquem que qualquer atividade física, incluindo caminhadas, seja benéficas, há evidências de que nem todas contribuem da mesma forma ou geram os mesmos efeitos para a saúde.

Esgrima

Um estudo publicado em 2012 pela Universidade Foro Itálico de Roma comprovou que os esportes que requerem tomar decisões em frações de segundos melhoram a função cognitiva tanto em pessoas jovens como em idosos, o que permite reduzir problemas associados ao envelhecimento.Credito: Getty

A pesquisa partiu da premissa de que atividades em que participantes precisam se mover de forma constante e adaptar-se rapidamente às mudanças que ocorrem, como a esgrima, podem compensar os efeitos relacionados ao passar dos anos, como problemas de aprendizagem, de memória e tempo de reação.

"É mencionado o efeito que este tipo de disciplina tem na execução de funções e nos tempos de reação em sujeitos de meia-idade - de 55 a 65 anos-, comparados com outros tipos de exercício e com pessoas sedentárias", afirmou Kalazich.

Para diferenciar os esportes, os pesquisadores estabeleceram duas categorias: abertos e fechados.

Credito: Getty

"Os esportes considerados de habilidades abertas - em que a tomada de decisões rápidas, reações instantâneas, de precisão em velocidade são a premissa - seriam, por exemplo, futebol, basquete, vôlei, esgrima, tênis de mesa (ping pong), hockey etc."

"Os outros, de habilidades fechadas (repetição de movimentos, ritmo estável), seriam atletismo, ciclismo, boliche e patinação, entre outros", explicou o especialista em medicina esportiva.

Combinação

Um dos líderes da pesquisa, Francesco Di Russo, contou ao jornal The Washington Post que esportes como esgrima requerem tomadas rápida de decisões e demandam um alto grau de atenção visual e flexibilidade.

"Queríamos ver se o esporte ajudaria a manter o cérebro rápido e efetivo, reduzindo o envelhecimento cognitivo", afirmou Di Russo.

Para Kalazich, é possível que exista uma combinação de elementos, porque também se observou "que estimular o cérebro com leitura ou jogos tem efeitos semelhantes".

"Então haveria uma soma da estimulação cerebral/intelectual do esporte específico de habilidades abertas aos benefícios que provoca o exercício em si."

Desde cedo

O consenso entre os especialistas em medicina desportiva é que a atividade física oferece benefícios a pessoas de qualquer idade e que é melhor começar tarde do que nunca.

Credito: Thinkstock

"Observou-se que pacientes idosos melhoram parâmetros como memória, capacidade de reação e capacidade cognitiva em poucos meses (de 3 a 6 meses) a partir de uma rotina de exercícios com orientação."

Mas ele esclarece que é evidente que os benefícios aumentam se os exercícios começam a ser feitos mais cedo.

"O ideal é começar a praticar exercícios durante a infância, para que isso tenha influência na plasticidade cerebral e na aprendizagem de habilidades de coordenação e capacidade aeróbica e força."

"Um conceito bem interessante e cada vez mais estudado é o da plasticidade neuronal [capacidade de os neurônios formarem novas ligações], que é muito importante para o crescimento e a aprendizagem de crianças e adolescentes", acrescentou o especialista da Clínica MEDS.

"Isso não se perde nos adultos, mas pode ser estimulado significativamente com os exercícios mencionados."

Kalazich considera que o estudo da universidade italiana oferece um ponto de partida sobre que tipo de exercícios e em que dose são os mais adequados para as distintas idades e capacidades, mas diz que "ainda há muito a investigar".

Conteúdo: BBC Brasil

domingo, 19 de abril de 2015

A prática de uma atividade física influencia na longevidade: análise detalhada da relação dose-resposta divulgada pelo JAMA

As diretrizes de atividade física para americanos (2008) recomendam um mínimo de 75 minutos de atividade física de intensidade vigorosa ou 150 minutos de intensidade moderada por semana [7,5 horas de equivalente metabólico (MET) por semana], com atividade aeróbica, para obter benefícios substanciais de saúde; sugerindo benefícios adicionais quando se faz mais do que o dobro desta quantidade. No entanto, o limite superior para benefícios e danos, em termos de longevidade, com a realização de mais atividade física, ainda não está claro.

Para quantificar a associação dose-resposta entre atividade física e mortalidade e definir o limite máximo de benefício ou dano relacionado ao aumento dos níveis de atividade física, foi realizado um estudo publicado peloThe Journal of the American Medical Association (JAMA).

Em 2014, foram analisados dados agrupados a partir de seis estudos prospectivos do National Cancer Institute Cohort Consortium (1992-2003), com coortes dos Estados Unidos e da Europa, com atividade física autorrelatada. Foi incluído um total de 661.137 homens e mulheres (idade média de 62 anos, variando de 21 a 98 anos) e 116.686 mortes. Foram usados modelos proporcionais de regressão de Cox com estratificação decoorte para gerar índices multivariados de risco ajustado (HR) e IC 95%. A mediana do tempo de seguimento foi de 14,2 anos.

Os principais resultados e medidas foram o limite máximo de benefício em relação à mortalidade com altos níveis de atividade física.

Em comparação com indivíduos sedentários, observou-se um risco de mortalidade 20% menor entre aqueles que realizam menos do que o mínimo recomendado de 7,5 horas de equivalente metabólico (MET) por semana, risco 31% menor realizando uma ou duas vezes o mínimo recomendado e um risco 37% inferior realizando duas a três vezes o mínimo recomendado. Um limite superior para o benefício em relação à mortalidade ocorreu com a realização de três a cinco vezes a recomendação de atividade física dos atuais protocolos americanos; no entanto, em comparação com o mínimo recomendado, o benefício adicional foi modesto (31% versus 39%). Não havia nenhuma evidência de dano quando era realizado dez ou mais vezes o mínimo recomendado. A relação dose-resposta foi similar ao observado para a mortalidade por doença cardiovascular e câncer.

Atender às diretrizes mínimas de atividade física para os americanos (2008), com qualquer atividade física de intensidade moderada ou vigorosa, foi associado com quase o benefício máximo na longevidade. Observou-se um limiar de benefício com a realização de cerca de três a cinco vezes o tempo mínimo recomendado de atividade física e não houve excesso de risco em realizar dez vezes ou mais do que o mínimo. Em relação àmortalidade, os profissionais de saúde devem incentivar adultos inativos a realizarem atividade física e não precisam desencorajar a prática de adultos que já participam com níveis altos de atividade.

Fonte: JAMA Internal Medicine, de 6 de abril de 2015 – News.Med.Br, 2015.

Cinco benefícios de beber água em jejum

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A maior parte do organismo humano é formada por água, 75% dos músculos é água, por exemplo. Portanto, é importante consumir uma boa quantidade de água diariamente para manter a saúde.

Com a ingestão de água provocamos uma diurese maior, o que favorece a eliminação de toxinas e previne algumas doenças.

Os especialistas vão mais longe e insistem na importância do consumo da água em jejum. Mas por que?

Segundo o Instituto Europeu de Hidratação, a água é o solvente que permite muitas das reações químicas vitais do organismo, ajudando a manter as funções corporais.

Confira abaixo uma lista dos benefícios, segundo o instituto.

Cinco benefícios do consumo de água em jejum:

  1. Uma hidratação adequada é importante para o funcionamento correto do cérebro. Quando estamos hidratados adequadamente, as células do cérebro recebem sangue oxigenado e o cérebro permanece alerta.
  2. O consumo adequado de água é essencial para o bom funcionamento dos rins, ajudando-os a eliminar através da urina os resíduos e nutrientes desnecessários.
  3. A água melhora o trato digestivo, já que é necessária na dissolução dos nutrientes para que estes possam ser absorvidos pelo sangue e transportados para as células.
  4. A água também é uma grande aliada da pele, ajudando a manter a elasticidade e a tonicidade.
  5. A água também atua como um lubrificante para os músculos e articulações: ajuda a proteger as articulações e também o melhor funcionamento dos músculos.

Carmen García Torrent, nutricionista e licenciada em Ciência e Tecnologia dos Alimentos, afirmou que o recomendável é tomar de um a dois copos de água em jejum e, em seguida, continuar bebendo o líquido o resto do dia até chegar aos dois litros.

A nutricionista também afirmou que, depois da ingestão de água, é preciso esperar pelo menos dez minutos antes de fazer alguma refeição para que a água possa atuar sobre o corpo.

Terapia

A prática do consumo de água com o estômago vazio é muito popular no Japão e os japoneses seguem o que se conhece como "Terapia da Água".

Apesar de não haver estudos que verifiquem isto, a Associação Médica do Japão afirma que este tratamento é eficaz para várias doenças, entre elas, problemas cardíacos.

E, abaixo, veja como é esta terapia.

  • Ao acordar, beba quatro copos de água, antes até de escovar os dentes.
  • Não se pode beber mais nada até 45 minutos depois de beber a água.
  • Passado este tempo, a pessoa pode comer e beber normalmente.
  • Até duas horas depois do café da manhã também não se pode comer nem beber nada.
  • A água deve estar na temperatura ambiente ou morna, preferivelmente. E não deve conter flúor ou outros químicos.

Efeitos negativos

Thinkstock

A sede é um reflexo da desidratação e, por isso, é aconselhado não esperar sentir sede para beber água.

Mas, segundo a nutricionista Carmen García Torrent, ingerir água em excesso também é prejudicial.

"Beber mais de três litros de água pode ter efeitos negativos para saúde."

"Ao urinar, a pessoa não elimina apenas água, também perde sais minerais. Se beber muita água, faz os rins trabalharem mais sem necessidade", disse.

De qualquer forma, Carmen afirmou que é muito raro que as pessoas cheguem a beber três litros de água por dia, a não ser nos casos em que a pessoa faça muito exercício e o clima esteja muito quente.

Conteúdo: BBC Brasil

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Exercício supervisionado versus não supervisionado para claudicação intermitente: revisão sistemática e meta-análise publicada peloAmerican Heart Journal

Exercícios supervisionados (ES) são amplamente aceitos como uma terapia eficaz para a claudicação intermitente (Claudicação intermitente: Dor que aparece e desaparece nos músculos da perna. Esta dor resulta de uma falta de suprimento sanguíneo nas pernas e geralmente acontece quando a pessoa está caminhando ou se exercitando), mas seu uso é limitado pelo custo. Os exercícios não supervisionados (ENS) representam uma alternativa menos dispendiosa.

Foram pesquisadas as base de dados PubMed, EMBASE e Cochrane Database of Systematic Reviews. Identificou-se 24 ensaios clínicos randomizados e 4 estudos observacionais controlados que avaliaram a eficácia comparativa do ES versus ENS em 2.074 pacientes com claudicação intermitente. Comparado ao ENS, o ES foi associado a uma melhora moderada na distância máxima de caminhada (desempenho de caminhada) em 6 meses e em 12 meses. O exercício supervisionado também melhorou a distância de claudicação para um grau moderado em comparação com o ENS aos 6 meses e aos 12 meses. Não houve diferença no questionário desaúde conhecido como The Short Form (36) Health Survey em relação à qualidade de vida, aos 6 meses, ou no questionário Walking Impairment Questionnaire em relação à distância e à velocidade das limitações ambulatoriais de pacientes com doença arterial periférica.

Em pacientes com claudicação, o ES é mais eficaz do que o ENS na melhora do desempenho de caminhada e na distância de claudicação, embora não haja diferença na qualidade geral de vida relatada pelo paciente. Mais estudos são necessários para investigar a relação entre o ganho funcional e a qualidade de vida específica em relação à claudicação intermitente.

Fonte: American Heart Journal, publicação online, de 16 de março de 2015 - NEWS.MED.BR, 2015.

sábado, 11 de abril de 2015

Estar acima do peso reduz risco de demência, diz estudo

Obesidade (Foto: PA)

Estar acima do peso diminui o risco de Mal de Alzheimer, de acordo com a maior e mais precisa investigação sobre essa relação.

Os pesquisadores admitiram ter ficado surpresos com a descoberta, que vai contra a corrente atual dos aconselhamentos da medicina.

A análise de dados de quase dois milhões de britânicos, publicada pela revista médica Lancet Diabetes & Endocrinology, mostrou que pessoas abaixo do peso correm um risco maior de desenvolver a doença.

Mesmo assim, organizações dedicadas ao tratamento da demência aconselham que é preciso se exercitar, ter uma dieta balanceada e não fumar.

A demência é uma das questões que gera maior pressão sobre a medicina moderna. O número total de pacientes no mundo pode triplicar e chegar a 135 milhões em 2050.

Atualmente não há cura para a doença. Os médicos aconselham que se mantenha um estilo de vida saudável para tentar diminuir o risco de desenvolvê-la. Mas essa recomendação pode estar equivocada.

Surpresa

A equipe, formada por cientistas da empresa Oxin Epidemiology e da universidade London School of Hygiene and Tropical Medicine, analisou registros médicos de 1,9 milhão de pessoas com cerca de 55 anos por um período de duas décadas.

A análise mais conservadora feita pelos pesquisadores diz que pessoas abaixo do peso têm um risco 39% maior de desenvolver demência em relação àqueles que estão com um peso saudável.

Mas aqueles que estavam com sobrepeso tiveram uma taxa de redução de risco de 18%. Nos obesos, o percentual foi de 24%.

"Sim, isso é uma surpresa", disse o pesquisador Nawab Qizilbash.

"O lado controverso é a constatação de que pessoas acima do peso ou obesas têm um risco menor de desenvolver demência que uma pessoa normal, com um índice de massa corporal sudável."

"Isso vai de encontro à maioria, senão a todos os (resultados de) estudos que foram feitos, mas se você compará-los todos juntos, nosso estudo os supera em termos de tamanho e precisão", disse ele.

A explicação de como o maior peso tem um efeito protetor em relação à demência ainda não está totalmente clara. Há algumas teorias de que deficiências das vitaminas D e E contribuem para a demência – e essas deficiências são menos comuns para quem come mais.

Mas Qizilbash disse que o resultado da pesquisa não deve ser encarado como uma desculpa para engordar alguns quilos.

"Você não pode virar as costas e pensar que não tem problema ficar acima do peso ou obeso. Mesmo que haja esse efeito protetor, você pode não viver o suficiente para se beneficiar dele", disse ele.

Comparação entre cérebro com demência e cérebro sadio (Foto: SPL)

Estudo deixa perguntas sem resposta

Essas descobertas vieram de surpresa não só para os pesquisadores que fizeram o estudo.

Mas segundo James Gallagher, editor de saúde da BBC News, a pesquisa deixa muitas questões não respondidas.

A gordura realmente protege ou há algum outro fator de proteção desconhecido que poderia ser usado em um eventual tratamento?

Os resultados não parecem ser uma desculpa para comer uma fatia a mais de bolo.

Tanto a Associação de Alzheimer quanto a organização Alzheimer Research UK vieram a público encorajar as pessoas a se exercitarem, pararem de fumar e terem uma dieta balanceada.

Doença cardíaca, infarto, diabete, alguns cânceres e outras doenças estão todas ligadas à gordura na região do abdome.

"Essas novas descobertas são interessantes na medida em que parecem contrariar estudos anteriores ligando obesidade a risco de demência", disse Simon Ridley, um pesquisador britânico de Alzheimer.

"O resultado levanta dúvidas sobre as ligações entre peso e risco de demência. Claramente mais pesquisas são necessárias para entender isso completamente."

A Sociedade de Alzheimer disse que "a diferença de conclusões (nos estudos) ressalta a dificuldade de conduzir estudos sobre riscos de demência relacionados a complexos estilos de vida".

A professora Deborah Gustafson, do hospital e escola de medicina SUNY Downstate Medical Center de Nova York, argumentou que "entender a ligação entre índice de massa corporal e demência ajuda a ver a complexidade de se identificar os riscos e fatores de proteção de demência".

"O relatório de Qizilbash e seus colegas não é a palavra final nesse ponto controverso", disse ela.  Qizilbash afirmou: "Nós concordamos com isso inteiramente".

Fonte: BBC Brasil

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Baixinhos têm risco maior de doenças cardíacas, diz estudo

Foto: Thinkstock

Quanto mais baixo você é, maior o risco de ter problemas no coração, segundo uma pesquisa feita por uma equipe da Universidade de Leicester, na Grã-Bretanha.

O estudo analisou 200 mil pessoas e encontrou partes do DNA humano que controlam ao mesmo tempo a altura e a saúde do coração.

As descobertas foram divulgadas na publicação científica New England Journal of Medicine. Segundo os pesquisadores, a cada 6,4 centímetros a mais de altura, a incidência de doenças cardíacas cai 13,5%.

A organização British Heart Foundation disse que pessoas baixas não precisam se preocupar excessivamente e devem manter um estilo de vida saudável.

As doenças cardíacas são a principal causa de morte na Grã-Bretanha.

Risco baixo

A ideia de que a altura tem um papel na saúde do coração foi proposta pela primeira vez há 50 anos, mas os pesquisadores não entendiam o porquê.

Alguns pensavam que a relação era consequência de outros fatores, como uma nutrição deficitária na infância, que poderia afetar até o coração.

Mas o estudo da Universidade de Leicester sugere uma resposta mais profunda, relacionada ao DNA.

Eles analisaram 180 genes cuja ligação com a altura já era conhecida.

Segundo o estudo, como a cada 6,4 centímetros o risco de desenvolver doenças cardíacas seria afetado em 13,5%. Assim, uma pessoa com 1,5 metro de altura correria 64% mais risco que alguém de 1,8 metro.

"Em um contexto de fatores de risco majoritários, esse é pequeno. Fumar eleva o risco entre 200% e 300%", disse o professor Nilesh Samani, da Universidade de Leicester.

Foto: Thinkstock

"Eu não diria que pessoas baixas têm que tomar maiores precauções, porque se você tem 1,86 metro ainda tem que parar de fumar. Esse é apenas um de muitos fatores de risco, todos têm que ser cautelosos", disse.

Pistas genéticas

O estudo também mostrou que esses genes que provocam um crescimento menor também elevam o nível de colesterol e gorduras na corrente sanguínea.

Os pesquisadores também dizem acreditar que alguns genes da altura podem controlar também o desenvolvimento dos vasos sanguíneos.

"O entendimento desses mecanismos podem levar a novos tratamentos e isso pode ser muito importante a longo prazo", disse Samani.

Mas estudos anteriores apontaram para desvantagens de ser alto. Uma pesquisa de 2011 da Universidade de Oxford sugere que pessoa altas tinham risco maior de câncer.

Conteúdo: BBC Brasil

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Alterações do sono, depressão, obesidade e sedentarismo podem explicar parcela significativa da fadiga na artrite reumatoide

Em artigo divulgado pelo periódico Arthritis Care and Research, realizado por Patricia Katz e colaboradores da Universidade da Califórnia, observou-se que a fadiga é uma grande preocupação para os indivíduos com artrite reumatoide (AR) e que fatores como distúrbios do sono, depressão, obesidade e sedentarismo podem contribuir muito para o aparecimento destesintoma.

A coorte estudada incluiu 158 pacientes que tiveram seus dados coletados durante uma única visita domiciliar. Todos os participantes tinham o diagnóstico médico de artrite reumatoide (AR). As avaliações foram feitas de acordo com o autorrelato de sono, depressão, atividade física, atividade da AR (dor), força muscular, limitações funcionais e composição corporal. Foram coletadas informações sobre demografia, medicamentos e tabagismo. O índice conhecido como The Fatigue Severity Index (FSI; média de fadiga nos últimos sete dias) foi usado como resultado primário.

A idade média foi de 59 anos e a média de duração da doença foi de 21 (±13) anos, sendo 85% dos participantes do sexo feminino. A média de classificação do FSI foi de 3,8.

Cerca de metade dos pacientes relataram qualidade do sono moderada, aproximadamente um quarto relatou sono de má qualidade. Além disso, pouco mais de 40% tinham pelo menos níveis moderados de sintomasdepressivos, enquanto mais de 50% eram obesos usando o índice de massa corporal (IMC) para avaliação. Mais da metade era fisicamente inativa.

Na análise multivariada, a atividade da doença, a falta de sono, a depressão e a obesidade autorreferidas foram independentemente associadas à fadiga. As análises de mediação indicaram que a atividade física teve uma associação indireta com a fadiga, mediada pela falta de sono, depressão e obesidade.

Este estudo transversal sugere que a fadiga pode não ser apenas um resultado da artrite reumatoide em atividade, mas pode resultar de uma constelação de fatores, incluindo a atividade da doença ou dor e também da inatividade física, da depressão, da obesidade e da falta de sono. Os resultados sugerem novos caminhos para intervenções para melhorar a fadiga em indivíduos com AR, como o aumento da atividade física, o tratamento da depressão ou da obesidade.

Fonte: Arthritis Care and Research, volume 67, número 3, de março de 2015 - NEWS.MED.BR, 2015.

Os segredos do poder de manipulação

Em geral, nós gostamos da ideia de sermos donos de nossas próprias escolhas. Mas será que somos mesmo?

Jay Olson, pesquisador do Departamento de Psiquiatria da Universidade McGill, em Montreal, no Canadá, acredita que não. “O que a Psicologia está descobrindo cada vez mais é que muitas decisões que tomamos são influenciadas por fatores dos quais não temos consciência”, explica.

Recentemente, Olson desenvolveu um engenhoso experimento que demonstra como é fácil manipular alguém mesmo com uma persuasão quase imperceptível.

Praticante de truques de mágica desde os 7 anos, Olson notou, quando começou a estudar Psicologia, que muito do que aprendia sobre a mente humana casava com aquilo que seu hobby já o tinha ensinado, principalmente no que se refere à atenção e à memória.

Questão de segundos

O toque e o contato visual são maneiras de fazer alguém baixar a guarda.

Em seu mestrado, ele realizou vários truques com voluntários, mas um em particular o ajudou a concluir fatos importantes sobre a influência e a persuasão.

A mágica consiste em rapidamente manipular um baralho na frente de um voluntário e depois pedir para que ele escolha uma carta qualquer. O ilusionista, então, tira uma carta idêntica de seu bolso – para a surpresa e deleite da plateia.

O segredo do mágico é já escolher ele mesmo uma carta e passar alguns milésimos de segundo a mais com ela na mão enquanto o baralho é manipulado. Isso influencia o voluntário a pegar justamente aquela carta.

Olson percebeu que conseguiu direcionar 103 de 105 participantes. Mas foi a segunda parte da experiência que mais surpreendeu o psicólogo. Quando interrogou os voluntários depois, viu que 92% deles não tinham ideia de que estavam sendo manipulados e acharam que estavam no total controle de suas próprias decisões.

O pesquisador também descobriu que aspectos como a personalidade do voluntário não tinham relação com o quanto ele pode ser influenciado – todos pareciam igualmente vulneráveis.

Mensagens sutis

Experimento mostrou que clientes compraram mais vinhos franceses ao ouvir música francesa

As implicações dessa experiência vão muito além do palco e deveriam servir para reconsiderarmos nossas percepções sobre nossa vontade própria.

Apesar de termos uma grande sensação de liberdade, nossa capacidade de tomar decisões deliberadas pode ser uma ilusão. “A liberdade de escolha é só um sentimento – não está ligada à decisão em si”, afirma Olson.

Não acredita nele? Lembre-se quando você for a um restaurante. Segundo Olson, o cliente tem mais chances de pedir o prato que está no topo ou na parte de baixo do cardápio porque essas são as áreas que mais atraem o olhar. “Mas se alguém perguntar o porquê da sua escolha, você dirá que está com vontade de comer aquilo, sem perceber que o restaurante deu uma forcinha”, diz.

A psicóloga Jennifer McKendrick, da Universidade de Leicester, na Grã-Bretanha, concluiu, em um estudo, que o simples fato de um supermercado tocar uma música ambiente francesa ou alemã fazia as pessoas comprarem vinhos desses países.

Segundo membros da campanha de Al Gore à Presidência dos Estados Unidos em 2000, seus rivais republicanos faziam a palavra “RATS” (“ratazanas”) aparecer por milésimos de segundos em anúncios que traziam imagens do democrata, o que teria espantado muitos de seus eleitores.

O psicólogo Drew Westen, da Emory University, em Atlanta, criou um candidato fictício e inseriu a suposta mensagem subliminar em seus anúncios, notando que voluntários o avaliavam negativamente.

Outra experiência mostrou ainda que representantes de vendas por telefone registraram uma performance melhor apenas por ter visto a foto de um atleta ganhando uma corrida – mesmo sem se lembrarem dela depois.

Como perceber a manipulação

Fazer uma ideia sua parecer de outra pessoa também é uma maneira de influenciar.

Evidentemente, esse tipo de conhecimento pode ser usado para a coerção se cair nas mãos erradas. Por isso, é importante saber quando outras pessoas estão tentando convencê-lo de algo sem que você perceba.

Com base em artigos científicos, aqui estão quatro atitudes manipuladoras fáceis de identificar:

1 – O poder do toque

Um tapinha nas costas seguido por um contato visual pode levar uma pessoa a baixar mais a guarda. É uma técnica que Olson usa em seus truques, mas que pode funcionar no cotidiano.

2 – A velocidade da fala

Olson diz que mágicos sempre tentam apressar seus voluntários para que eles escolham a primeira coisa que vem à sua mente – em geral a ideia que ele plantou. Uma vez que a pessoa fez sua opção, o performer passa a falar de maneira mais relaxada.

Ao se lembrar da experiência, o voluntário tende a pensar que o tempo todo foi livre para tomar suas próprias decisões, em seu ritmo.

3 – Atenção a seu campo de visão

Ao passar mais tempo manipulando uma determinada carta de baralho, Olson a torna mais “saliente”, fazendo-a se fixar na mente do voluntário sem que este perceba.

Há muitas outras maneiras de fazer coisas semelhantes: colocar um objeto na linha do olhar da outra pessoa ou mover algo ligeiramente mais perto de um alvo, por exemplo. Pelos mesmos motivos, acabamos escolhendo a primeira coisa que nos é oferecida.

4 – Algumas perguntas plantam ideias

Quando alguém faz uma sugestão e pergunta aos demais coisas como “Por que você acha que isso é uma boa ideia?” ou “Na sua opinião, quais as vantagens disso?”, está, na realidade, deixando os outros se convencerem a respeito de certas questões por conta própria.

Pode parecer óbvio, mas fazer com que as pessoas reflitam a partir de ideias embutidas nas perguntas significa que elas ficarão mais confiantes em tomar decisões de longo prazo – mesmo não tendo sido ideia delas.

Conteúdo: BBC Brasil

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Novas vacinas têm resultados promissores no combate ao câncer. Entenda

O estudo feito por pesquisadores americanos, foi publicado nesta quinta-feira em uma edição especial da revista 'Science' dedicada aos avanços da imunoterapiaSistema imunológico: células de defesa do organismo destróem células cancerígenas

Uma nova técnica de imunoterapia, uma vacina personalizada que ataca os tumores, mostrou sinais promissores em três pacientes diagnosticados com melanoma, a forma mais agressiva de câncer de pele. Os resultados dessa abordagem, publicados nesta quinta-feira em uma edição especial da revistaScience que dedica cinco análises aos avanços da imunoterapia, revelam que os pacientes mostraram uma forte resposta imune, capaz de combater a doença.

Para isso, os pesquisadores da Universidade Washington de Saint Louis, nos Estados Unidos, compararam o genoma dos tumores de cada paciente com a carga genética do tecido saudável para identificar as proteínas mutantes do tumor, chamadas neoantígenos. Usando modelos de computador, os cientistas descobriram quais desses neoantígenos poderiam obter respostas mais fortes do sistema imunológico e, a partir disso, fabricaram vacinas para cada indivíduo. No mês seguinte, exames de sangue mostraram que o sistema imune dos pacientes estava respondendo ativamente às mutações.

O grande atrativo da pesquisa é que os cientistas conseguiram, por meio desta nova técnica, conceber vacinas personalizadas, uma abordagem que pode ser promissora no futuro. No entanto, os pesquisadores ressaltam que é cedo para afirmar se ela funciona para combater ao câncer. Neste ano, estão planejados estudos com um número maior de participantes.

"Esse é apenas o primeiro passo. Ainda é necessário acompanhar as respostas desses pacientes por longo prazo, além de ter outros estudos com mais pessoas e para outros tipos de câncer. O mérito desse estudo é que os cientistas conseguiram selecionar com precisão os neoantígenos e mostraram que os pacientes respondem a eles", afirma José Augusto Rinck Jr., médico oncologista do hospital A. C. Camargo. "É mais uma pesquisa a mostrar que a imunoterapia é uma estratégia promissora de combate ao câncer."

Avanço do Ano - O objetivo da edição especial da Science é ressaltar o desenvolvimento científico da imunoterapia e analisar o que precisa ser feito para que ela continue a evoluir e apresentar resultados. De acordo com a revista, há relatos de recuperações "espantosas" descritas nos artigos da edição, que analisam as diferentes técnicas de imunoterapia, como a descrita pelos pesquisadores americanos, e sugerem o que ainda precisa ser feito para que o tratamento se transforme em uma maneira eficaz de combate ao câncer.

O objetivo da imunoterapia, uma estratégia conhecida há mais de cinquenta anos, é estimular o sistema imunológico do paciente para promover a cura. Ela foi classificada como Avanço do Ano pela Scienceem 2013, quando seus resultados começaram a se tornar mais robustos. Os estudos feitos desde então mostram que o tratamento é capaz de fazer com que pacientes em estágio avançado da doença sobrevivam por mais tempo que o esperado. Há casos de pessoas que chegaram até mesmo a erradicar os tumores.

O melanoma é o tipo de tumor que responde melhor à terapia, mas resultados também têm sido promissores para câncer de próstata, pulmão, rim, bexiga, pescoço e ovários. Em conjunto, as análises da Science desenham um futuro promissor para o tratamento, apesar dos atuais obstáculos, como os efeitos colaterais e sua eficiência ainda para um pequeno número de pessoas.

"A estratégia tem chamado a atenção da comunidade científica em todo o mundo e será o foco de mais da metade dos estudos que serão apresentados este ano na Conferência da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, o maior evento da área. Estamos prestando cada vez mais atenção nessas pesquisas e nas novas drogas desenvolvidas, que podem ser uma forma realmente eficiente de combate da doença no futuro", afirma Rinck Jr.

Fonte: Veja

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Seis maneiras de economizar na compra de remédios

Alguns caminhos ajudam o consumidor a poupar dinheiro nos gastos com a farmácia

Remédios e efeitos colaterais

O preço dos remédios vendidos no Brasil passou por reajustes entre 5% a 7,7% desde o último 31 de março. Os valores valem para cerca de 20 000 itens do mercado farmacêutico, como antibióticos, anti-inflamatórios, antidepressivos, analgésico, contraceptivos, entre outras classes de medicamentos.

O aumento é uma má notícia sobretudo para portadores de doenças crônicas que tomam remédio de uso contínuo. Com algumas medidas, no entanto, é possível poupar na compra de medicamentos.

  1. Programas de Fidelização dos laboratórios

    Nos programas de fidelização, que não são obrigatórios por lei, farmacêuticas oferecem uma lista de medicamentos com descontos, a maioria de uso contínuo. Eles começaram a se consolidar cinco anos atrás e vêm se tornando comuns no mercado. O Bayer Para Você inclui drogas para endometriose, hipertensão e reposição hormonal masculina, além de anticoagulantes e contraceptivos com descontos de 20 a 55%. Já no Cuidados Pela Vida, da Aché, recebem abatimentos de 10% a 65% dezesseis medicamentos para esquizofrenia, osteoartrite, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), insuficiência cardíaca e depressão, entre outros. O Mais Pfizer, por sua vez, oferece descontos de 15% a 65% em quinze drogas para problemas como glaucoma, dor, Alzheimer, bexiga hiperativa e ansiedade. Para participar, o usuário deve cadastrar seus dados pessoais (nome, endereço e CPF) e da receita médica — quando se tratar de uma droga vendida sob prescrição — no site ou pelo telefone da farmacêutica. Não existe um limite de produtos por paciente e o desconto pode ser renovado a cada um ou dois anos, apresentando um novo pedido médico.

  2. Sites que comparam preços de medicamentos

    Sites como o Clique Farma, o Mais Preço e o Consulta Remédios são especializados em comparar preços entre redes de farmácia. O maior deles é o Consulta Remédios, fundado há quinze anos e com 300 estabelecimentos cadastrados no Brasil. Quando o usuário busca por uma droga, o sistema identifica a localização do cliente e apresenta o produto pesquisado em uma lista de farmácias próximas a ele. Para finalizar a compra, a pessoa é encaminhada ao portal de vendas online da farmácia (se houver) ou ao telefone da loja. O Consulta Remédios atualiza os preços diária ou semanalmente, de acordo com o sistema de cada estabelecimento.

  3. Remédios vendidos com desconto

    O programa Farmácia Popular, criado em 2004 pelo Ministério da Saúde, vende 112 tipos de remédios com descontos de até 90%. Há analgésico, anti-inflamatório, anti-hipertensivo, agentes imunossupressores, antifúngico e antibiótico, entre outras classes de medicamentos. Essas drogas estão disponíveis em 532 pontos de venda da rede própria Farmácia Popular. Em outras 33 000 farmácias credenciadas no programa (e identificadas com um cartaz “Aqui Tem Farmácia Popular”), são comercializadas dez drogas para osteoporose, Parkinson, glaucoma, colesterol alto e rinite, além de contraceptivos. Para retirar os medicamentos, a pessoa deve apresentar um documento de identidade com foto, CPF e receita médica (emitida por um médico do SUS, particular ou de convênio) dentro do prazo de validade de 120 dias. A primeira via da receita fica com o paciente para novas aquisições, de acordo com a prescrição médica, e a farmácia fica com a segunda. O remédio pode ser prescrito pelo princípio ativo ou nome referência.

  4. Medicamentos distribuídos gratuitamente pelo governo

    O Sistema Único de Saúde (SUS) tem uma lista de 840 medicamentos que são fornecidos gratuitamente ao cidadão de duas formas, de acordo com gravidade da enfermidade. Remédios básicos, como antibióticos e anti-inflamatórios, são retirados nas Unidades Básicas de Saúde. Já os de alto custo são oferecidos a pessoas com doenças crônicas ou em tratamento de câncer, hemofilia e problemas graves de rins e pulmões, por exemplo. O médico do SUS pode indicar ao paciente onde retirar os remédios. Caso o profissional seja particular ou de convênio, o paciente deve procurar a Secretaria de Saúde do seu Município ou Estado, ou telefonar na ouvidora do SUS (número 136). Além disso, remédios para hipertensão, diabetes e asma são fornecidos gratuitamente nos estabelecimentos próprios ou credenciados no programa Farmácia Popular. Para retirar os medicamentos, a pessoa deve apresentar um documento de identidade com foto, CPF e receita médica (emitida por um médico do SUS, particular ou de convênio) dentro do prazo de validade de 120 dias. A primeira via da receita fica com o paciente para novas aquisições, de acordo com a prescrição médica, e a farmácia fica com a segunda. O remédio pode ser prescrito pelo princípio ativo ou nome referência.

  5. Drogas genéricas

    Muitos médicos, por hábito ou preferência, prescrevem remédios de marca, também chamados de referência. Essas drogas são inovadoras, demoram anos para serem desenvolvidas, passam por estudos e recebem investimentos pesados. As farmacêuticas que as lançam podem ter sua patente por até vinte anos. Quando o prazo expira, outros laboratórios podem produzir cópias idênticas destes remédios, com o mesmo formato, composição química, dosagem, posologia e indicação, aprovados em testes de equivalência. Trata-se dos genéricos. Por lei, eles podem ser substituídos pelos de marca e são no mínimo 35% mais baratos que eles. A diferença costuma ser maior que isso. De acordo com uma pesquisa realizada na capital paulista pela Fundação Procon-SP em agosto de 2014, os medicamentos genéricos são, em média, 57% mais econômicos do que os de referência.

  6. Descontos oferecidos por planos de saúde

    Algumas operadoras oferecem a seus clientes descontos na compra de remédios em estabelecimentos predeterminados. É o caso da SulAmérica Saúde, que concede até 55% de desconto em mais de 3 900 itens. Já a Bradesco Saúde oferece 65% de desconto em 3 700 produtos, e a Golden Cross, 50% em cerca de mil itens selecionados.

Fonte: Veja

quarta-feira, 1 de abril de 2015

FDA aprova novo tratamento para a retinopatia diabética em pacientes com edema macular diabético

A Food and Drug Administration (FDA), dos EUA, ampliou o uso aprovado para o Eylea (aflibercept), injeção para tratar a retinopatia diabética em pacientes com edema macular diabético. O medicamento já era aprovado para o tratamento de pacientes com degeneração macular úmida relacionada à idade (degeneração neovascular ou DMRI), uma das principais causas de perda de visão em americanos com sessenta anos ou mais.

A retinopatia diabética (RD) é uma doença ocular diabética, sendo a principal causa de cegueira em adultos nos Estados Unidos. De acordo com o Centers for Disease Control and Prevention, dos EUA, a diabetes (tipo 1 e tipo 2) afeta mais de 29 milhões de pessoas nos Estados Unidos e é a principal causa de cegueira entre pessoas com idades entre 20 e 74 anos. Em 2008, 33% dos adultos diabéticos com 40 anos ou mais tinham alguma forma de RD. Em alguns casos de RD com edema macular diabético (DME), novos vasos sanguíneos anormais crescem na superfície da retina. A severa perda de visão ou cegueira podem ocorrer se os novos vasos sanguíneos se rompem.

Esta nova aprovação de uso para o Eylea (aflibercept) fornece aos pacientes com retinopatia diabética e edema macular diabético outra terapia para tratar esta complicação que prejudica a visão.

Eylea é administrado através de uma injeção no olho, uma vez por mês para as primeiras cinco injeções e, em seguida, uma vez a cada dois meses. O medicamento é usado junto com as demais intervenções apropriadas para controlar o açúcar no sangue, a pressão arterial e o colesterol.

A segurança e eficácia de Eylea para tratar a RD em pacientes com DME foram avaliadas em 679 participantes em dois estudos clínicos, nos quais os participantes foram aleatoriamente designados para receber Eylea ou fotocoagulação macular a laser, um tratamento à base de laser usado para queimar pequenas áreas da retina. Na semana 100, os participantes tratados com Eylea apresentaram melhora significativa na severidade de sua RD, em comparação com os pacientes que não receberam Eylea.

Os efeitos colaterais mais comuns associados com Eylea incluem hemorragia conjuntival, dor nos olhos, catarata, aumento da pressão intraocular e descolamento do vítreo. As reações adversas graves incluem infecção dentro do olho (endoftalmite) e descol

A Food and Drug Administration (FDA), dos EUA, ampliou o uso aprovado para o Eylea (aflibercept), injeção para tratar a retinopatia diabética em pacientes com edema macular diabético. O medicamento já era aprovado para o tratamento de pacientes com degeneração macularúmida relacionada à idade (degeneração neovascular ou DMRI), uma das principais causas de perda de visão em americanos com sessenta anos ou mais.

A retinopatia diabética (RD) é uma doença ocular diabética, sendo a principal causa de cegueira em adultos nos Estados Unidos. De acordo com o Centers for Disease Control and Prevention, dos EUA, a diabetes (tipo 1 e tipo 2) afeta mais de 29 milhões de pessoas nos Estados Unidos e é a principal causa de cegueira entre pessoas com idades entre 20 e 74 anos. Em 2008, 33% dos adultos diabéticos com 40 anos ou mais tinham alguma forma de RD. Em alguns casos de RD com edema macular diabético (DME), novos vasos sanguíneos anormais crescem na superfície da retina. A severa perda de visão ou cegueira podem ocorrer se os novos vasos sanguíneos se rompem.

Esta nova aprovação de uso para o Eylea (aflibercept) fornece aos pacientes com retinopatia diabética e edema macular diabético outra terapia para tratar esta complicação que prejudica a visão.

Eylea é administrado através de uma injeção no olho, uma vez por mês para as primeiras cinco injeções e, em seguida, uma vez a cada dois meses. O medicamento é usado junto com as demais intervenções apropriadas para controlar o açúcar no sangue, a pressão arterial e o colesterol.

A segurança e eficácia de Eylea para tratar a RD em pacientes com DME foram avaliadas em 679 participantes em dois estudos clínicos, nos quais os participantes foram aleatoriamente designados para receber Eylea ou fotocoagulação macular a laser, um tratamento à base de laser usado para queimar pequenas áreas da retina. Na semana 100, os participantes tratados com Eylea apresentaram melhora significativa na severidade de sua RD, em comparação com os pacientes que não receberam Eylea.

Os efeitos colaterais mais comuns associados com Eylea incluem hemorragia conjuntival, dor nos olhos, catarata, aumento da pressão intraocular e descolamento do vítreo. As reações adversas graves incluem infecção dentro do olho (endoftalmite) e descolamento de retina.

Eylea é comercializado pela Tarrytown, com sede em Nova Iorque.

Fonte: FDA News Release, de 27 de março de 2015News Med

Bálsamo medieval com alho, cebola e bile de vaca mata superbactérias

Foto: Biblioteca Britânica/ © The British Library Board (Royal 12 D xvii)

Um tratamento de mil anos de idade, usado na Idade Média para combater infecções nos olhos, pode ser a chave para acabar com as superbactérias resistentes a antibióticos, de acordo com pesquisadores da Universidade de Nottingham, na Grã-Bretanha.

Os cientistas recriaram um remédio anglo-saxão do século 10 que continha cebola, alho, vinho e bile de vaca.

O grupo se surpreendeu ao descobrir que este remédio antigo exterminou quase que completamente, em até 90%, o Staphylococcus aureus resistente à meticilina (SARM).

O remédio foi descrito em um antigo manuscrito anglo-saxão com instruções sobre tratamentos e bálsamos, o Bald's Leechbook, que está na British Library.

O manuscrito é tido como um dos primeiros exemplos de "livro medicinal", segundo Tom Feilden, editor científico do programa Today, da BBC.

Para os olhos

A especialista em cultura anglo-saxônica Christina Lee, da Universidade de Nottingham, traduziu a receita de um "bálsamo para os olhos, feito com alho, cebola ou alho-porro, vinho e bile de vaca".

"Escolhemos esta receita porque contém ingredientes, como o alho, que estão sendo investigados por cientistas do presente por sua potencial eficácia em tratamentos com antibióticos", disse a especialista que teve a ideia de provar a cientificamente o efeito do remédio.

"Algumas palavras eram ambíguas e tivemos que pensar muito para saber a qual ingredientes se referiam", disse Freya Harrison, pesquisadora da Escola de Ciências da Vida da mesma universidade.

"Reconstruímos (a receita) da forma mais fiel que pudemos", acrescentou Harrison.

Receita detalhada

A receita descreve uma forma muito específica de obter o bálsamo, que inclui a utilização de uma vasilha de metal para ferver a mistura em água e deixar descansando durante nove dias.

Thinkstock

Os pesquisadores provavam todos os ingredientes frescos separadamente, assim como o remédio em seu conjunto e também uma solução de controle, sem os componentes vegetais.

O remédio resultante da receita medieval exterminou até 90% de bactérias cultivadas em laboratório, tanto em feridas sintéticas como em feridas reais infectadas em ratos.

Harrison afirmou que a equipe esperava que o bálsamos demonstrasse "certa atividade antibiótica".

"Mas ficamos espantados ao ver a eficácia da combinação de ingredientes", afirmou.

Os cientistas diluíram a mistura para testar a dosagem ideal contra uma infecção real em uma pessoa.

Eles concluíram que, quando muito diluído, o remédio não consegue matar oStaphylococcus aureus resistentes à meticilina (SARM), bactéria que gera infecções na pele e no sangue. Mas, mesmo diluído, o remédio consegue interferir na comunicação celular da bactéria.

Para os pesquisadores esta é uma "conclusão chave", já que as células precisam se comunicar para ativar os genes que permitem que elas causem danos nos tecidos infectados.

Os microbiólogos acreditam que bloquear esta comunicação seria uma forma alternativa de tratar infecções.

As conclusões da equipe de pesquisadores serão apresentadas na Conferência Anual da Sociedade de Microbiologia Geral, em Birmingham.

"Parece que os médicos anglo-saxões puseram em prática algo bem próximo dos métodos científicos modernos com sua ênfase na observação e na experimentação", disse Tom Feilden à BBC.

"O Bald's Leechbook pode conter lições importantes para nossa batalha atual contra a resistência a antibióticos", acrescentou.

A receita do bálsamo para os olhos de Bald

  • Misturar uma quantidade semelhante de alho com cebola ou alho-poró, picada e esmagada em um pilão durante dois minutos.
  • Adicionar 25 ml de 'vinho inglês', extraído de um vinhedo histórico perto de Glastonbury, que já existia no século 9, para tentar reproduzir a receita da forma mais fiel.
  • Dissolver sais biliares bovinos em água destilada e então manter a mistura fria, a quatro graus, durante nove dias.

Fonte: BBC Brasil