sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Pesquisa liga paternidade tardia a problemas de saúde em crianças

James Gallagher - BBC News

Homem velho com bebê | Crédito: BBC

Uma pesquisa realizada por cientistas americanos e suecos sugere que a paternidade tardia está ligada ao aparecimento de inúmeros problemas de saúde em crianças.

Segundo os pesquisadores, filhos de pais mais velhos têm maior risco de desenvolver autismo, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, transtorno de bipolaridade, esquizofrenia e comportamentos suicidas.

Além disso, essas crianças também seriam mais propensas a um maior consumo de entorpecentes.

O Clique estudo, publicado na revista científica JAMA Psychiatry, sugere que a razão disso estaria em mutações nos espermatozoides que ocorrem com o avanço da idade nos homens.

No entanto, especialistas afirmam que benefícios trazidos pela idade avançada dos pais, como um relacionamento mais estável, poderiam "compensar" o revés biológico.

Realizada na Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, e no Instituto Karolinska, na Suécia, a pesquisa foi descrita como uma das maiores e melhor planejadas já feitas sobre o tema.

Para conduzir o estudo, cientistas analisaram dados de 2,6 milhões de pessoas, incluindo irmãos e irmãs nascidos do mesmo pai.

Os pesquisadores também investigaram fatores externos, como a educação dada pelos pais às crianças, no surgimento desses problemas de saúde.

Ao comparar filhos de pais de 45 anos com aqueles de pais de 24 anos, o estudo constatou nos primeiros que:

  • O risco de desenvolver autismo triplicou
  • O risco de desenvolver transtorno de déficit de atenção com hiperatividade aumentou 13 vezes
  • O risco de desordem psicopática dobrou
  • O risco de desenvolver desordem bipolar aumentou 25 vezes
  • O risco de desenvolver comportamento suicida ou problemas com drogas elevou 2,5 vezes
  • O desempenho escolar era mais baixo

Os cientistas salientaram, entretanto, que o risco geral permaneceu baixo. Ou seja, mesmo que o risco de desenvolvimento de uma desordem rara dobre ou triplique em filhos de pais mais velhos, atinge apenas uma pequena parcela dessa população.

Entretanto, um dos cientistas envolvidos na pesquisa, Brian D'Onofrio, afirmou que ficou chocado com as descobertas, que sugeriram um risco mais elevado do que o previamente estimado.

"O estudo chama a atenção da comunidade médica, dos pais e da sociedade sobre os riscos da paternidade tardia".

Espermatozoide

O espermatozoide é produzido constante durante a vida de um homem. E ao passo que envelhece o mecanismo de produção, também cresce o número de defeitos e mutações no espermatozoide.

Mas para o professor James MacCabe, do Instituto de Psiquiatria do Reino Unido, os homens "não devem decidir se e quando querem ter filho baseados em um único estudo".

Ele reiterou que os riscos envolvendo filhos de pais mais velhos, apesar de mais elevados, afetam somente uma pequena parcela desse grupo.

"É claro que que esses casos isolados acabam se tornando mais numerosos quando observando a população como um todo", ressalvou MacCabe.

Ele acrescenta que pais mais velhos trazem muitos benefícios às crianças, como relações mais estáveis e maior renda, o que "provavelmente compensa" tal revés biológico.

Governo terá de rever regras sobre remédios

Estadão

Consulta pública encerrada na segunda-feira, 24, indicava reprovação da proposta que dá a medicamentos similares o mesmo status dos remédios genéricos

O governo vai rediscutir a criação de uma nova classe de medicamentos, batizada de equivalentes. A proposta, lançada em janeiro, previa que remédios, hoje chamados similares, ganhariam o novo nome e o status semelhante ao dos genéricos, desde que adotassem a mesma política de preços: o valor não poderia ser superior a 65% do cobrado por medicamentos de referência.

Diante da polêmica criada entre os fabricantes, a ideia agora é revista por um grupo de trabalho. Na mesa, estão duas alternativas à ideia inicial: sepultar a nova marca ou torná-la opcional para o fabricante.

Na segunda-feira, 24, terminou o prazo da consulta pública aberta para avaliar o texto que previa a criação dos equivalentes. Até as 17 horas, o placar indicava altos índices de reprovação da proposta, considerada intervencionista e, na avaliação dos produtores, uma ameaça ao equilíbrio conquistado nesse mercado.

Ao lançar a ideia, o então ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que deixou o cargo para disputar o governo de São Paulo pelo PT, afirmou que o recurso poderia ser uma arma importante para aumentar a concorrência e, por tabela, reduzir o preço dos produtos. O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Dirceu Barbano, durante o lançamento disse estar convicto de que a proposta impulsionaria a venda de similares e genéricos. Pelas projeções de Barbano, em três anos, essas duas classes de medicamentos serão responsáveis por 80% do mercado. Hoje, representam 62%.

Com o fim da consulta pública, a tendência é de se intensificarem as reuniões dentro do grupo de trabalho, formado por representantes do setor produtivo, por integrantes do Ministério da Saúde e da Anvisa. O ministro da Saúde, Arthur Chioro, disse estar aberto a mudanças no texto.

A próxima reunião está marcada para março. O grupo tem 120 dias para discutir a criação dos equivalentes e outros três temas correlatos: a possibilidade de troca de medicamentos de referência por genéricos ou similares (chamada intercambialidade); mecanismos para rastrear toda a cadeia produtiva, para evitar falsificações e desvios (rastreabilidade); regras que permitam colocar em prática a obrigatoriedade da apresentação de receita na hora da compra e a logística reversa, sistema para recolher produtos não usados por consumidores.

Desses temas, são considerados polêmicos a intercambialidade e a criação dos equivalentes. A mudança nas regras para similares devem estar concluídas este ano, quando termina o prazo para que todos os medicamentos chamados similares apresentarem testes de bioequivalência e biodisponibilidade, que comprovam ser cópias fiéis dos medicamentos de referência.

Prerrogativa. Uma parte do setor produtivo reivindicava que, com essa mudança, similares também pudessem substituir prescrições de medicamentos de marca - prerrogativa que no momento vale apenas para os genéricos. O governo aceitou a mudança, mas com a condição da mudança do preço.

"Essa proposta envolve um risco para o mercado, que tem alto nível de concorrência e já está em equilíbrio", afirma Reginaldo Arcuri , presidente do grupo FarmaBrasil. Para o presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo, Nelson Mussolini, o ideal é que tudo permaneça como está.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Anac: 60 subornaram funcionários por habilitação

BAND.COM.BR

O esquema de corrupção colocou em risco milhares de vidas ao deixar aeronaves sob o comando de profissionais sem qualificação

Mais de 60 pilotos de avião e helicóptero subornaram funcionários da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) em troca de habilitações para voar. Um esquema de corrupção que colocou em risco milhares de vidas, ao deixar aeronaves sob o comando de profissionais sem qualificação.

Foram mais de quinhentos e cinquenta acidentes aéreos registrados nos últimos quatro anos no país. As informações de quem investiga as causas das tragédias são ainda mais preocupantes.

Alguns casos se referem a pilotos envolvidos em uma fraude descoberta desde 2010, mas que até agora não sofreram qualquer punição. A investigação a que Band teve acesso foi aberta pela própria agência que regula as operações da aviação brasileira, que identificou pelos menos 64 comandantes trabalhando em categorias nas quais não estão capacitados.

Os profissionais passam por diversos cursos até ganhar autorizações específicas para pilotar modelos de aeronaves, além da habilitação para operar voos comerciais.
A mesma regra vale para quem está na cabine dos aviões. Mas o relatório, com mais de 1.800 páginas, mostra em detalhes como funcionários do setor de habilitação da Anac em São Paulo, despachantes e comandantes burlavam o sistema.

Doze dos pilotos investigados fraudaram as provas de inglês. No sistema eles tiveram uma nota alta em fluência na língua estrangeira. Só que ao ver os exames, erros grotescos apareceram. Para os especialistas, a fraude no exame de conhecimento da língua inglesa coloca em risco não só a aviação brasileira, mas sim todo o sistema aéreo internacional.

Mas a maioria dos casos envolve comandantes que pagaram propina para operar todo tipo de aeronave. É como transformar um motoqueiro em motorista de carreta sem a devida preparação. Um dos flagrados no esquema morreu em um acidente aéreo em Paraty, no Rio de Janeiro, no ano passado.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Carne frita ou assada aumenta risco de demência, diz estudo

BBC Brasil

O cozimento de carne no forno, na grelha ou em frigideira libera substâncias químicas que podem aumentar o risco de desenvolver demência, sugerem pesquisadores norte-americanos.

Foto: BBC

Os chamados Produtos de Glicação Avançada (os AGE, da sigla inglesa Advanced Glycation Endproducts) têm sido associados a doenças como a diabetes tipo 2.

Ratos alimentados com uma dieta rica em AGEs apresentaram acúmulo de proteínas perigosas no cérebro e tiveram a função cognitiva prejudicada.

Especialistas afirmaram que os resultados são "convincentes", embora não forneçam "respostas definitivas".

AGEs são formadas quando proteínas ou gorduras reagem com açúcar. Isso pode acontecer naturalmente ou durante o processo de cozimento.

Pesquisadores da Icahn School of Medicine at Mount Sinai, em Nova York, testaram o efeito da AGEs em camundongos e pessoas.

A experiência com animais, Clique divulgada na publicação Proceedings of the National Academy of Sciences, mostrou que uma dieta rica em AGEs afeta a química do cérebro.

Isso leva a um acúmulo de proteína defeituosa beta-amilóide - uma característica da doença de Alzheimer. Os ratos que comeram uma dieta baixa em AGEs foram capazes de impedir a produção da proteína.

Por outro lado, os ratos realizaram bem menos tarefas físicas e mentais depois de dietas ricas em AGEs.

Uma análise de curto prazo de pessoas com mais de 60 anos sugere uma ligação entre altos níveis de AGEs no sangue e o declínio cognitivo.

'Tratamento eficaz'

O estudo concluiu: "Relatamos que a demência relacionada à idade pode ser causalmente associada a altos níveis de alimentos com Produtos de Glicação Avançada .

"O mais importante, a redução da AGEs derivados de alimentos, é viável e pode ser uma estratégia de tratamento eficaz."

Derek Hill, professor da University College London, comentou: "Os resultados são convincentes."

"Como a cura para a doença de Alzheimer continua a ser uma esperança distante, os esforços para evitá-la são extremamente importantes, mas este estudo deve ser visto como incentivador à continuidade dos trabalhos de pesquisa, mesmo sem fornecer respostas definitivas."

"Mas isso é motivo para otimismo - o estudo acrescenta evidências e sugere que o uso de estratégias de prevenção pode reduzir a incidência da doença de Alzheimer e outros tipos de demência na sociedade, o que poderia ter um impacto muito positivo em todos nós."

Simon Ridley, da organização Alzheimer's Research UK, disse: "Diabetes havia sido previamente associada a um risco maior de demência, e este pequeno estudo fornece uma nova visão sobre alguns dos possíveis processos moleculares que podem ligar as duas condições."

"É importante notar que as pessoas envolvidas neste estudo não sofrem de demência. Como o tema ainda não foi suficientemente estudado, nós ainda não sabemos como a quantidade de AGEs em nossa dieta pode afetar o nosso risco de demência."

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

JAMA: efeito do citalopram na agitação de pacientes com doença de Alzheimer

A agitação é comum, persistente e associada a consequências adversas para os pacientes com doença de Alzheimer. As opções de tratamento farmacológico, incluindo os antipsicóticos, não são satisfatórias.

O objetivo primário do presente estudo, divulgado pelo periódicoThe Journal of the American Medical Association (JAMA), foi avaliar a eficácia do citalopram para a agitação de pacientes com doença de Alzheimer. Os objetivos secundários examinaram os efeitos do citalopram sobre o estresse do cuidador do paciente, a segurança cognitiva, a tolerabilidade, entre outros.

O estudo, conhecido como Citalopram for Agitation in Alzheimer Disease Study (CitAD) foi randomizado, controlado por placebo, duplo-cego, de grupos paralelos e envolveu 186 pacientes com provável doença de Alzheimer e agitação clinicamente significativa de oito centros acadêmicos nos Estados Unidos e Canadá a partir de agosto de 2009 até janeiro de 2013.

Os participantes (n=186) foram randomizados para receber uma intervenção psicossocial mais ou citalopram (n=94) ou placebo (n=92) durante nove semanas. A dosagem começou com 10 mg por dia com titulação planejada para 30 mg por dia, durante 3 semanas, com base na resposta e tolerabilidade.

As medidas do objetivo primário foram baseadas nos escores de 18 pontos na subescala de agitação Neurobehavioral Rating Scale (NBRS-A) e na escala modificada Alzheimer Disease Cooperative Study-Clinical Global Impression of Change (mADCS-CGIC). Os outros resultados foram baseados em escores do Cohen-Mansfield Agitation Inventory (CMAI) e do Neuropsychiatric Inventory (NPI), na capacidade de concluir as atividades da vida diária (AVD), no estresse do cuidador, na segurança cognitiva (baseado na pontuação dos 30 pontos doMini Mental State Examination [MMSE]) e em eventos adversos.

Os participantes que receberam citalopram mostraram melhora significativa em comparação com aqueles que receberam placebo em ambas as medidas do objetivo primário. Os participantes que receberam citalopram apresentaram melhora significativa no CMAI, no NPI total e no estresse do cuidador, mas não na capacidade de concluir as atividades da vida diária ou no menor uso de lorazepam de resgate. Agravamento da cognição e prolongamento do intervalo QT foram observados no grupo que recebeu citalopram.

Concluiu-se que entre os pacientes com provável doença de Alzheimer e agitação que estejam recebendo intervenção psicossocial, a adição de citalopram em comparação com placebo reduziu significativamente nesta pesquisa a agitação do paciente e o estresse do cuidador, no entanto, efeitos adversos cognitivos e cardíacos do citalopram podem limitar a sua aplicação prática na dosagem de 30 mg por dia.

Fonte: The Journal of the American Medical Association, volume 311, número 7, de 19 de fevereiro de 2014 - NEWS.MED.BR, 2014.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Movimento antivacina gera surto de doenças nos EUA

Alessandra Corrêa - BBC Brasil

Criança sendo vacinada. Foto: AFP

Surtos de doenças como sarampo, caxumba ou coqueluche costumam ser associados a países pobres da África ou da Ásia, onde grande parte da população não tem acesso a vacinação e cuidados médicos.

No entanto, nos últimos anos essas doenças vêm ressurgindo com força nos EUA. Somente no ano passado, foram registrados mais de 24 mil casos de coqueluche no país, segundo dados preliminares do Centers for Disease Control and Prevention (Centros para o Controle e a Prevenção de Doenças, ou CDC, na sigla em inglês), ligado ao Departamento de Saúde dos EUA.

No ano anterior, o número chegou a 48,2 mil, o maior desde 1955. Em 2013, o país registrou ainda 438 casos de caxumba e 189 de sarampo, todas doenças que podem ser prevenidas por vacinas existentes há vários anos.

O fenômeno vem chamando a atenção de especialistas, que relacionam muitos dos surtos ao movimento antivacina, encabeçado por pais que decidem não vacinar seus filhos por motivos que incluem o temor de efeitos colaterais que prejudiquem a saúde da criança.

"No caso da coqueluche, parte dos surtos parece estar ligada ao problema de que a vacina mais amplamente usada não é tão eficaz quanto costumava ser. Mas os casos de caxumba e, especialmente, sarampo, acho que estão relacionados ao movimento antivacina", disse à BBC Brasil a especialista em saúde global Laurie Garrett, do Council on Foreign Relations (CFR).

Garrett é a principal autora de um Cliquemapa interativo lançado pelo CFR que mostra os surtos de doenças evitáveis por vacinas ao redor do mundo de 2008 a 2014.

No mapa, chama a atenção não apenas a alta incidência dessas doenças nos EUA, mas também em países europeus, como a Grã-Bretanha.

"Os níveis de vacinação na Grã-Bretanha para doenças como sarampo, caxumba e rubéola vêm despencando. Há comunidades inteiras em que a cobertura está abaixo de 50%. No caso de uma doença tão contagiosa como o sarampo, qualquer nível abaixo de 90% é perigoso", diz Garrett.

Autismo

O movimento antivacina ganhou força a partir de 1998, quando o pesquisador britânico Andrew Wakefield publicou um estudo que relacionava a vacina Tríplice Viral (contra sarampo, caxumba e rubéola) ao autismo.

Diversas pesquisas posteriores nunca acharam qualquer ligação entre a vacina e o autismo, e em 2010 uma comissão de ética descobriu que Wakefield havia falsificado dados de seu estudo. Wakefield teve sua licença médica cassada e o estudo foi retirado das publicações.

Mas apesar do descrédito do estudo e de seu autor, a teoria se espalhou, com a ajuda da internet, entre pais temerosos de que a vacina pudesse causar problemas a seus filhos.

Nos EUA, a onda antivacina ganhou visibilidade com a militância de nomes como Jenny McCarthy, ex-coelhinha da Playboy que se tornou uma das porta-vozes do movimento a partir de 2007, depois que seu filho, Evan, foi diagnosticado com autismo.

Hoje há no país diversas entidades destinadas a fornecer informações sobre os supostos riscos das vacinas. Uma das mais antigas e influentes é o National Vaccine Information Center (Centro Nacional de Informações sobre Vacinas, em tradução livre), presidido por Barbara Loe Fisher.

Pioneira do movimento antivacina, Fisher foi uma das fundadoras do centro em 1982 e é autora de três livros sobre o tema.

Ela diz que seu filho, Chris, sofreu uma reação severa à vacina tríplice DPT (contra difteria, coqueluche e tétano) quando tinha dois anos e meio de idade, em 1980, e ficou com sequelas e problemas de aprendizagem.

Número de vacinas

Fisher diz que seu objetivo não é convencer pais a não vacinarem seus filhos, mas lutar pelo direito à informação.

"Queremos educar as pessoas para que entendam sobre os riscos de complicações das vacinas, para que possam tomar decisões bem informadas", disse Fisher à BBC Brasil.

Assim como outros adeptos do movimento, Fisher reclama do poder da indústria farmacêutica e do número de vacinas recomendadas pelo governo americano.

"Esse número triplicou nos últimos 30 anos. Em 1982, eram 23 doses de sete diferentes vacinas até os seis anos de idade. Hoje, o governo recomenda 69 doses de 16 vacinas até os 18 anos", afirma.

As crianças americanas são obrigadas a apresentarem comprovante de vacinação para ingressar na escola. Mas todos os 50 Estados do país permitem isenções médicas, para crianças que, por motivos de saúde, não podem ser vacinadas.

Em 48 Estados também há isenções por motivos religiosos e, em 18 deles, a chamada isenção por crenças pessoais.

Segundo o CDC, no ano escolar de 2012-2013 a taxa de isenção média entre alunos do jardim de infância foi de 1,8%. Em alguns Estados, como Oregon, chegou a 6,5%.

Perfil

"Estudos mostram que muitas crianças não vacinadas têm pais com altos níveis de educação e renda", disse à BBC Brasil a epidemiologista Allison Fisher, do CDC.

Uma análise das áreas onde ocorrem os surtos também dá dicas sobre o perfil das famílias que optam por não vacinar seus filhos.

"Se nosso mapa interativo englobasse os anos 1950, veríamos que, naquela época, os surtos estavam associados à falta de infraestrutura para levar as vacinas às crianças pobres", diz Garrett.

"Isso não ocorre mais. Atualmente o governo federal dos EUA e a maioria dos governos estaduais têm programas de vacinação muito fortes nas comunidades carentes e áreas rurais", afirma.

"Hoje, os surtos nos EUA ocorrem entre populações mais ricas. E isso tem relação com comunidades em que há maior pressão política para acabar com as exigências de vacinação para crianças na escola", diz Garrett.

Riscos

Segundo Allison Fisher, do CDC, como certas doenças não eram vistas havia muito tempo nos EUA, alguns pais simplesmente pensam que elas não existem mais.

"Tentamos chegar aos pais e profissionais de saúde e reforçar que a decisão de não vacinar traz riscos", diz.

Garrett observa que, antes da introdução das vacinas, doenças como sarampo estavam entre as principais causas de morte de crianças nos EUA.

"É imperdoável que hoje em dia, em um país como os EUA, uma criança pegue sarampo", afirma.

Acostumada a viajar pelo mundo em áreas onde o sarampo e outras doenças ainda matam milhares de crianças, por falta de acesso a vacinas, Garrett diz que costuma ouvir nesses países a mesma reclamação.

"Me perguntam por que não têm acesso a vacinas como nós temos nos EUA, pedem por isso", diz.

"A ironia é que você volta aos EUA e ouve todas essas pessoas dizendo: 'Não queremos vacinas'."


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Droga em testes pode dar a cegos capacidade de 'ver' luz

James Gallagher -BBC News

Olho (PA)

Um medicamento ainda em fase de testes poderá dar a cegos a capacidade de perceber a luz.

Estruturas da retina conhecidas como cones e bastonetes são responsáveis pela reação à luz, mas estas estruturas podem ser afetadas e destruídas por doenças.

Um estudo dos pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley sugere que uma droga poderá dar a estas células no olho o poder de responder rapidamente à luz.

O olho é formado por camadas que incluem os bastonetes e cones.

Outras camadas mantêm os bastonetes e cones vivos, além de passar os sinais elétricos produzidos pelas células sensíveis à luz para o cérebro.

Os cientistas se concentraram em um tipo de neurônio presente no olho, as células ganglionares da retina.

Eles desenvolveram um composto químico, chamado Denaq, que muda de forma em resposta à luz. Esta mudança de forma altera a química da célula nervosa e o resultado são sinais elétricos enviados ao cérebro.

O estudo foi publicado na revista especializada Neuron.

Até certo ponto

Os testes mostraram que, ao injetar o Denaq nos olhos de camundongos cegos, os cientistas restauraram parcialmente a visão dos animais. Ocorreram mudanças no comportamento mas não foi possível determinar o quanto os camundongos estavam enxergando.

O efeito da droga acabou rapidamente, mas os camundongos ainda conseguiam detectar a luz uma semana depois da aplicação.

As diferentes camadas da retina com os cones e bastonetes no topo

"São necessários mais testes em mamíferos maiores para avaliar a segurança do Denaq no curto e no longo prazo. Serão necessários vários anos, mas se a segurança puder ser estabelecida, estes compostos poderão finalmente ser úteis para restaurar a sensibilidade à luz em humanos cegos", disse Richard Kramer, um dos pesquisadores.

"Ainda precisamos ver o quão perto vão chegar de restabelecer a visão normal", acrescentou.

Os cientistas esperam que a droga possa, no futuro, ajudar no tratamento de doenças como a retinite pigmentosa e degeneração macular relacionada à idade.

Para Astrid Limb, do Instituto de Oftalmologia do University College de Londres, o conceito do Denaq "é muito interessante, poder estimular as células que restam" na retina.

"Mas, ainda é preciso muito trabalho antes de esta pesquisa ser aplicada em humanos", afirmou.

De acordo com ela, a duração do efeito da droga é outra questão que precisa ser resolvida.

A pesquisa dos cientistas da Universidade da Califórnia em Berkeley é mais uma de uma série de estudos que visa restaurar a visão em casos de cegueira, junto com pesquisas com células-tronco e manipulação de DNA para corrigir problemas genéticos que levem à perda da visão.


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

ABC 2 X 1 Alecrim–Roberto Fernandes

Hormônio do stress pode indicar risco de depressão

Conteúdo – Veja

Pesquisa descobriu que altos níveis de cortisol elevam em até catorze vezes chance de adolescentes apresentarem a doença

Depressão: Níveis do 'hormônio do stress' podem acusar doença

O diagnóstico de depressão é feito somente com base nos sintomas clínicos de um paciente, que incluem tristeza na maior parte do dia e problemas relacionados ao sono e ao peso. Não existe um marcador biológico para a doença, isto é, alguma substância presente no organismo cuja medida detecte a condição.

Uma nova pesquisa britânica pode mudar esse quadro. Ela descobriu que altos níveis do cortisol, hormônio relacionado ao stress, podem indicar um risco grande de uma pessoa ter depressão. Segundo o estudo, uma alta concentração do hormônio somada a um conjunto de sintomas depressivos eleva o risco de um adolescente sofrer depressão em até catorze vezes em comparação com quem não apresenta nenhuma dessas características. "Esse novo marcador biológico sugere que nós poderemos oferecer uma abordagem mais personalizada para tratar um alto risco de depressão", diz Matthew Ownes, professor e pesquisador da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, e um dos autores do estudo.

Participaram da pesquisa cerca de 1 800 adolescentes de 12 a 19 anos. Eles tiveram amostras de saliva recolhidas de três dias a uma semana para que os pesquisadores analisassem seus níveis de cortisol. Ao longo de um ano, esses participantes relataram se estavam sentindo algum sintoma associado à depressão.

Sintomas — Os adolescentes, então, foram divididos em quatro categorias de acordo com seus níveis de cortisol e com o número de sintomas depressivos que apresentavam. O primeiro grupo era formado por aqueles com níveis normais do hormônio e a menor quantidade de sintomas associados ao transtorno. Já no quarto grupo estavam os participantes com os maiores níveis de cortisol e que apresentavam mais sintomas depressivos.

De acordo com os resultados, o risco de os meninos serem diagnosticados com depressão ao longo de um a três anos foi catorze vezes maior entre aqueles do quarto grupo em comparação com os do primeiro. Entre as meninas, a probabilidade da doença foi quatro vezes superior entre as do grupo quatro. Essas conclusões foram publicadas nesta segunda-feira na revistaProceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

"O progresso na identificação de marcadores biológicos para a depressão tem sido frustrantemente lento, mas agora nós finalmente temos um biomarcador para a doença. A abordagem da nova pesquisa ainda pode render outros marcadores biológicos e também dá pistas interessantes sobre as diferenças de gênero relacionadas à depressão", diz John Willians, chefe de neurociência e saúde mental da Wellcome Trust, fundação destinada à pesquisa na área da saúde humana e dos animais que financiou o novo estudo.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Dicionário do Mundo do Vinho

Do blog do sommelier Wine

Tanino, Assemblage, Grand Vin, QMP, Champenoise, certamente são nomes que você já ouviu falar e pode até já ter pesquisado a respeito. O “mundo do vinho” é literalmente complexo, no sentido mais literal da palavra, ou seja, diverso.

Saber ler/entender um rótulo é um dos primeiros e mais importantes passos que damos quando iniciamos no universo enológico. E para facilitar ainda mais sua aventura, “traduzi” alguns termos que te ajudarão na hora da escolha do vinho.

Terroir: palavra francesa aplicada ao ambiente geral de um vinhedo e tudo que o influencia, como clima, solo e homem. Define a personalidade ou DNA do vinho.

Enólogo: profissional responsável por todo o processo de elaboração do vinho, desde o período da colheita até o engarrafamento.

Enófilo: é o apreciador/entusiasta, que busca o conhecimento do vinho e de todo o mundo que o envolve, porém, não tem necessariamente alguma formação.

Varietal: termo de origem americana empregado aos vinhos compostos, em sua maioria, por uma única variedade de uva. A quantidade exata depende da legislação de cada país. Utilizado em alguns países do Novo Mundo.

Novo Mundo: engloba os países produtores de vinho das Américas, Austrália e África do Sul.

Velho Mundo: engloba os países produtores de vinho da Europa, alguns países da Ásia Ocidental e norte da África.

Assemblage: nome dado à mistura de diferentes uvas na produção de um vinho.

Tanino: componente adstringente que seca a boca. O tanino é encontrado na casca da uva, sementes e engaços das uvas. Confere estrutura e peso ao vinho, como também age como conservante. Quando dizemos que o vinho é tânico, nos referimos a um vinho muito adstringente.

Grand Vin: termo francês que significa “vinho excelente”, geralmente utilizado para distinguir os melhores vinhos de uma vinícola.

QMP: “Vinho de qualidade com características especiais”. É a mais alta classificação para vinhos alemães.

Champenoise: nome dado ao processo de elaboração do Champagne, no qual a segunda fermentação do vinho base (sem gás carbônico) ocorre na própria garrafa.

No nosso Dicionário do Vinho você é parte fundamental e pode participar da construção dele nos enviando todas as palavras do mundo do vinho que você tem dúvida. É só deixar nos comentários!

Consumo de café no longo prazo pode reduzir o risco de doença cardiovascular: meta-análise publicada pelo periódico Circulation

Uma controvérsia considerável existe sobre a associação entre o consumo de café e o risco para desenvolver doenças cardiovasculares (DCV). Uma meta-análise, publicada pelo periódico Circulation, foi realizada para avaliar a relação dose-resposta do consumo de café em longo prazo com o risco de DCV.

Estudos prospectivos sobre a relação entre o consumo de café e o risco de DCV foram pesquisados nas bases de dados PubMed e EMBASE. As doenças cardiovasculares incluíam doença coronariana, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca e mortalidade por DCV. Trinta e seis estudos foram incluídos com 1.279.804 participantes e 36.352 casos de DCV. Uma relação não linear do consumo de café com risco de DCV foi identificada (P para heterogeneidade=0,09; P para a tendência<0,001; P para não-linearidade<0,001). Em comparação com a categoria que consumia menos café (média de 0 xícaras por dia), o risco relativo (RR) de DCV para a categoria com o mais alto consumo (média de cinco xícaras por dia) o RR foi de 0,95 (intervalo de confiança de 95%; 0,87-1,03), para a segunda categoria de mais alto consumo (média de 3,5 copos por dia) o RR foi 0,85 (intervalo de confiança de 95%; 0,80-0,90), para a terceira categoria de mais alto consumo (média de 1,5 copos por dia) o RR foi de 0,89 (intervalo de confiança de 95%; 0,84-0,94). Olhando para os resultados separadamente, o consumo de café foi não linearmente associado ao risco de doença cardíaca coronariana (P=0,001 para heterogeneidade, P<0.001 para a tendência e P<0,001 para não-linearidade) e de acidente vascular cerebral (P=0,07 para heterogeneidade, P<0.001 para a tendência e P<0,001 para não-linearidade e P para as diferenças de tendência>0,05).

Concluiu-se que a associação não linear entre o consumo de café e o risco de DCV foi observada na presente meta-análise. O consumo moderado de café foi inversamente e significativamente associado ao risco de DCV, sendo o risco de DCV menor com o consumo de 3 a 5 xícaras de café por dia. O consumo de grande quantidade de café não foi associado a um elevado risco de DCV.

Fonte: Circulation (da American Heart Association), publicação online de 7 de novembro de 2013 - NEWS.MED.BR, 2014.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Estudo sugere ser possível apagar memórias específicas

BBC Brasil

Foto: BBC

Pesquisadores holandeses podem ter encontrado uma forma de apagar memórias indesejadas - uma façanha que até agora parecia ser restrita a filmes de ficção científica.

Um novo experimento da Radboud University Nijmegen sugere que pode ser possível destruir memórias específicas do cérebro com a ajuda da terapia eletroconvulsiva ou de eletrochoques - tratamento psiquiátrico que conta com a aplicação de correntes elétricas no cérebro, provocando uma convulsão temporária.

A terapia eletroconvulsiva, realizada normalmente em pacientes sob anestesia, é usada como tratamento psiquiátrico há mais de 75 anos, mas costuma ser vista como "desumana" e "antiquada".

Na Holanda, a prática é usada frequentemente como último recurso para tratar distúrbios como a depressão aguda.

Para deixar a experiência o mais confortável possível para o paciente, os médicos usam relaxantes musculares e anestésicos.

Mas para este estudo específico, os médicos usaram a técnica para destruir memórias que foram "construídas" em pessoas que já faziam tratamentos eletroconvulsivos.

Sem lembranças

Os pacientes recebiam dois grupos de fotografias, cada um deles contando uma história diferente. Logo antes da sessão de eletrochoque, eles tinham que observar uma das duas histórias novamente, para reativar aquela memória específica.

Os resultados da experiência foram impressionantes. Logo após o tratamento, eles haviam esquecido a história do grupo de fotos que tinham acabado de ver, pela segunda vez.

A memória da outra história - que só havia sido vista uma vez - não foi afetada pela corrente elétrica.

"Não me lembro. Sei que eles me mostraram alguma coisa, mas não lembro o que era", disse à BBC a holandesa Jannetje Brussaard-Nieuwenhuizen, que faz terapia de eletrochoque desde 1969 para tratar da depressão e participou do estudo.

Seu depoimento encorajou os pesquisadores. Eles esperam que o estudo possa eventualmente ajudá-los a tratar distúrbios como o transtorno do estresse pós-traumático.

Mesmo se a eficácia da técnica for cientificamente comprovada, ainda restam dúvidas sobre as justificativas e implicações de uma prática capaz de destruir memórias.

Os pesquisadores também ressaltam que o estudo foi feito com memórias artificiais, mas as conexões profundas que existem sob as memórias reais podem ser mais difíceis de apagar.

Conheça cinco alimentos que 'escondem' açúcar

BBC Brasil

Pão | Crédito: AP

É consenso entre médicos e pacientes que a ingestão excessiva de açúcar é extremamente prejudicial para a saúde.

Porém, o que pouca gente sabe é que alimentos que aparentemente são vendidos como "saudáveis", na verdade, contêm altas doses da matéria-prima.

Segundo uma pesquisa realizada por cientistas americanos e publicada em 2012, o consumo mundial do açúcar triplicou nos últimos 50 anos e está ligado a inúmeras doenças, como obesidade, diabetes e câncer.

Uma nova campanha da ONG Action on Sugar elaborou uma lista em que figuram alguns alimentos que "escondem" grandes quantidades de açúcar.

O objetivo, além de conscientizar o público, é pressionar os fabricantes a reduzir a quantidade do subproduto da cana.

Conheça, a seguir, cinco desses alimentos.


1 - Alimentos com 0% de gordura

Alimentos com 0% de gordura não possuem, necessariamente, 0% de açúcar. Este é o caso dos iogurtes.

Nesses alimentos, o açúcar normalmente é adicionado para dar sabor e cremosidade ao produto quando a gordura é removida.

Um iogurte de 150 gramas com 0% de gordura pode ter, por exemplo, até 20 gramas de açúcar – o equivalente a cinco colheres de chá, alerta a Action on Sugar.

Esse valor equivale à metade da quantidade diária de açúcar recomendada para mulheres, que é de 50 gramas. Nos homens, a taxa diária é um pouco superior, de 70 gramas.

"O problema é que as pessoas que compram comida com 0% de gordura querem consumir um alimento com um gosto semelhante ao de 100% de gordura", afirma a nutricionista Sarah Schenker.

"Para adequar seus produtos ao paladar dos clientes, os fabricantes adicionam açúcar quando a gordura é retirada. Se as pessoas querem alimentos mais saudáveis, precisam aceitar que eles tenham uma aparência e um gosto um pouco diferente", acrescenta Schenker.

2 – Polpa de tomate

Uma polpa de , normalmente enlatadas, podem ser cheias de açúcar.

O ingrediente é normalmente adicionado para tomate feita a partir de tomates frescos possui inúmeros nutrientes, mas aquelas compradas em mercadosque a polpa fique menos ácida. Um terço de uma lata de 150 gramas, por exemplo, pode ter até 13 gramas de açúcar, valor equivalente a três colheres de chá.

3 – Maionese

Produtos que contenham maionese são inimigos de quem quer combater o consumo excessivo de açúcar. Uma colher pode conter até quatro gramas do ingrediente.

"Molhos, em geral, contêm grande quantidade de açúcar", afirma Schenker.

4 – Água

Depende do tipo. Alguns tipos de "águas vitaminadas" têm adição de açúcar. Um copo de 500 ml de algumas marcas pode conter até 15 gramas de açúcar, o equivalente a cerca de quatro colheres de chá, diz a Action on Sugar.

5 - Pão

O pão é um dos alimentos que mais "escondem" açúcar, destaca a ONG. Uma fatia de pão processado pode ter, em média, até três gramas de açúcar.

O açúcar presente no pão, aliás, é normalmente formado no processo natural de fermentação, mas também pode ser adicionado durante a fabricação do alimento.

"Não é porque o alimento é salgado que ele tem baixo teor de açúcar", lembra Schenker.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

AVC em mulheres: American Heart Association publica nova diretriz sobre fatores de risco exclusivos das mulheres e sobre prevenção cardiovascular para o sexo feminino

Esta diretriz se concentra nos fatores de risco para acidente vascular cerebral (AVC) exclusivos para as mulheres, tais como fatores reprodutivos, e naqueles que são mais comuns em mulheres, incluindo a enxaqueca com aura, a obesidade, asíndrome metabólica e a fibrilação atrial.

Os membros do grupo que escreveram a diretriz foram nomeados com base em seus trabalhos anteriores em tópicos relevantes nesta área e foram aprovados pela American Heart Association (AHA) Stroke Council’s Scientific Statement Oversight Committee e pelo AHA’s Manuscript Oversight Committee. O painel revisou artigos relevantes da literatura médica até 15 de maio de 2013. O documento passou por extensa revisão interna na AHA, no Stroke Council Leadership e Scientific Statements Oversight Committee antes da apreciação e aprovação pela AHA Science Advisory e peloCoordinating Committee.

Evidências atuais foram fornecidas, assim como foram preenchidas lacunas de pesquisa e recomendações sobre o risco de acidente vascular cerebral relacionado à pré-eclâmpsia, uso de anticoncepcionais orais, menopausa e reposição hormonal, bem como para os fatores de risco mais comuns em mulheres, tais como a obesidade/síndrome metabólica, a fibrilação atrial e a enxaqueca com aura.

Alguns pontos de destaque são:

  • Pré-eclâmpsia: a hipertensão arterial é um fator de risco modificável para o acidente vascular cerebral. A pré-eclâmpsia é a hipertensão arterial específica da gravidez. Segundo as recomendações desta diretriz, mulheres com histórico de hipertensão arterial devem ser consideradas por seus médicos para o uso de baixas doses de aspirina e suplementação de cálcio para evitar a pré-eclâmpsia. Ahipertensão arterial aumenta o risco de AVC durante a gravidez e após o parto este maior risco acompanha a mulher ao longo de vários anos de vida.
  • Uso de contraceptivos orais: os fatores de risco cardiovasculares podem ser desencadeados pelo uso de pílulas anticoncepcionais orais. Para evitar tais riscos, antes de iniciar o uso deste tipo de medicação, as mulheres devem ser avaliadas e orientadas por seus médicos sobre fatores de risco tais como tabagismo, pressão alta e história familiar de acidentes vasculares cerebrais.
  • Enxaqueca com aura: mulheres que sofrem com crises intensas de dor de cabeça que vem precedida de um sintoma visual (aura) têm um risco aumentado para AVCs e devem ser acompanhadas por seus médicos, além de abandonarem o cigarro, caso tenham este hábito.
  • Depressão: a depressão é mais comum em mulheres do que em homens. Ela é também um fator de risco para doenças cardiovasculares. É importante avaliar as medidas preventivas que podem ser realizadas neste grupo de pacientes.

Concluiu-se que para refletir com mais precisão sobre o risco de derrame em mulheres durante toda a vida, bem como sobre as lacunas existentes nos escores de risco atuais, um escore de risco de acidente vascular cerebral específico para o sexo feminino é justificado.

Fonte: Stroke (American Heart Association/American Stroke Association), publicação online de 6 de fevereiro de 2014 - NEWS.MED.BR, 2014.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Vitamina C injetável pode ajudar no tratamento contra o câncer, diz estudo

Helen Briggs - Da BBC News

frutas são fontes de vitamina C

Altas doses de vitamina C podem aumentar a eficácia dos tratamentos de quimioterapia em pacientes com câncer, sugerem pesquisadores da Universidade do Kansas, nos Estados Unidos.

O estudo, divulgado na publicação científica Science Translational Medicine, afirma que doses injetáveis de vitamina C podem ser um coadjuvante eficiente, seguro e barato no tratamento de mulheres com tumor nos ovários.

Na década de 70, o químico Linus Pauling defendeu que a administração intravenosa de vitamina C poderia ser eficiente contra o câncer.

No entanto, testes clínicos em que a vitamina era ingerida pela boca falharam em replicar o mesmo efeito e as pesquisas foram abandonadas.

Hoje se sabe que o corpo humano expele rapidamente a vitamina C quando ingerida pela boca.

Na pesquisa, os especialistas injetaram vitamina C em células cancerígenas do ovário em laboratório. Eles também repetiram o experimento em camundongos e em 22 pacientes com câncer de ovário.

Eles observaram que as células cancerígenas que receberam vitamina C em laboratório reagiram à substância, enquanto as células normais não foram afetadas.

Em camundongos, a vitamina C reduziu o crescimento do tumor e os pacientes com câncer que receberam injeções com a substância disseram ter sofrido menos dos efeitos colaterais da quimioterapia.

Sem patente

A pesquisadora Jeanne Drisko disse que há um interesse crescente entre oncologistas de testar o poder da vitamina C no tratamento contra o câncer.

"Pacientes estão buscando opções eficientes e mais baratas de melhorar os efeitos do tratamento", disse ela à BBC News.

"E a vitamina C intravenosa tem esse potencial, como indica nossa pesquisa científica e resultados dos primeiros testes".

Um possível obstáculo ao avanço das pesquisas é falta de disposição das empresas farmacêuticas em financiar testes, porque não há como patentear a vitamina C - um produto natural.

"Como a vitamina C não tem potencial para patente, seu desenvolvimento não deverá ser apoiado pelas farmacêuticas", disse o pesquisador Qi Chen.

"Mas acho que chegou a hora de as agências de pesquisa apoiarem de forma vigorosa os testes clínicos com essa vitamina".

A médica Kat Arney, da instituição Cancer Research UK, disse que há uma longa história de pesquisas sobre os efeitos da vitamina C sobre o tratamento contra o câncer.

"É difícil dizer com uma pesquisa tão pequena (com apenas 22 pacientes) se altas doses da vitamina podem aumentar os índices de sobreviência ao câncer. Mas já é interessante o fato de que diminuíram os efeitos colaterias da quimioterapia".


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Mundo contempla ‘maremoto’ de câncer e custos fogem do controle, diz OMS

BBC Brasil

A Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu nesta terça-feira que o mundo corre o risco de enfrentar um "maremoto" de casos de câncer nos próximos anos, e os gastos com o tratamento da doença estão ficando descontrolados em todo o mundo.

Segundo o alerta da entidade, feito no Dia Mundial do Câncer, o número de casos da doença deve chegar a 24 milhões até 2035, mas metade deles pode ser prevenido. Para tanto, existe uma "necessidade real" de ampliar os esforços preventivos, combatendo tabagismo, a obesidade e o alcoolismo.

No Brasil, um levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde e pelo Inca (Instituto Nacional do Câncer) no ano passado indica que haverá 576.580 casos diagnosticados apenas neste ano. O relatório prevê que os tipos com maior incidência serão o câncer de pele, de próstata e de mama.

Um estudo divulgado em 2013 no periódico Lancet Oncology, previa um aumento de 38,1% nos casos de câncer no país ao longo desta década, passado de 366 mil casos em 2009 para mais de 500 mil em 2020.

No mundo, estima-se que 14 milhões de pessoas sejam diagnosticadas todos os anos com câncer, segundo a OMS. A previsão é de que esse número aumente para 19 milhões em 2025 e 24 milhões em 2035, com os países emergentes concentrando os novos casos.

Hábitos

Em seu Relatório Mundial do Câncer 2014, a OMS diz que além da combinação de obesidade e sedentarismo, do álcool e do fumo, outros fatores associados ao câncer que poderiam ser prevenidos são:

  • A radiação (solar e de scanners médicos);
  • A poluição atmosférica;
  • Poluição atmosférica e outros fatores ambientais;
  • Adiar a gravidez para quando as mulheres têm mais idade, ter menos filhos e não amamentar.

Para Chris Wild, diretor da agência internacional da OMS para a pesquisa sobre o câncer, disse que o "fardo global do câncer está se tornando mais pesado e mais evidente, principalmente devido ao envelhecimento e crescimento da população".

"Se verificarmos o custo de tratamento do câncer, ele está fugindo do controle até em países com renda alta. Prevenção é algo absolutamente crucial e vem sido um tanto negligenciada."

Brasil

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), estima-se que 576 mil brasileiros desenvolvam câncer em 2014, o mesmo número esperado para 2015. "O câncer de pele do tipo não melanoma (182 mil casos novos) será o mais incidente, seguido pelos tumores de próstata (69 mil) e mama feminina (57 mil)", diz a nota.

Os dados mostram, no entanto, uma redução na incidência dos casos novos de cânceres do colo do útero e de pulmão, de acordo com o Inca.

Consultado pela BBC Brasil, o Ministério da Saúde informou que o investimento em assistência a pacientes com câncer cresceu 26% em dois anos.

"O recurso alocado para o diagnóstico e tratamento da doença passou de R$ 1,9 bilhão, em 2010, para R$ 2,4 bilhões, em 2012. Além desses recursos, estão reservados ao setor, para o período de 2011 a 2014, R$ 4,5 bilhões em programa estratégico de prevenção do câncer de colo do útero e de mama, que prevê também o fortalecimento da rede de assistência e diagnóstico precoce", disse o ministério em nota.

De acordo com o ministério, com o aumento de recursos "foi possível ampliar em 17,3% o número de sessões de radioterapia" e em "14,8% as de quimioterapia".

Prevenção

Bernard Stewart, um dos editores do relatório da OMS, diz que a prevenção tem "um papel crucial no combate ao maremoto de câncer que estamos vendo surgindo em todo o mundo".

Ele explicou que o avanço da doença está associado, em muitos casos, aos hábitos das pessoas e citou o exemplo dos australianos que costumam tomar sol nas praias "até que cozinham de forma homogênea em ambos os lados".

"Em relação ao álcool, por exemplo, nós estamos cientes dos seus graves efeitos, sejam eles acidentes de carro ou agressões. Mas há um problema que não é discutido simplesmente porque não é reconhecido, especialmente envolvendo o câncer."

"Há coisas que devem estar na pauta de discussões: modificar a disponibilidade do álcool, a rotulagem do álcool, a promoção do álcool e o preço do álcool", afirmou.

Stewart disse que um argumento similar pode ser apresentado em relação ao açúcar, que impulsiona a obesidade, que por sua vez eleva o risco de tumores.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Rolha de vinho será feita nos EUA com plástico de etanol brasileiro

Aiana Freitas - UOL, em São Paulo

Rolha feita com 'plástico verde' da BraskemUm plástico feito à base de etanol de cana-de-açúcar, produzido pela brasileira Braskem, será usado pela empresa americana Nomacorc na fabricação de rolhas de vinho. A Nomacorc é líder mundial no segmento.

O material Polietileno I'm greenTM é chamado de "plástico verde" porque tem como parte da matéria-prima uma planta, o que contribui para reduzir a emissão dos gases do efeito estufa na atmosfera.

O material também é reciclável e, como tem características do polietileno tradicional, seu uso não exige adaptações de maquinário dos fabricantes.

Empresas dizem que funciona como rolha de cortiça

Rolhas feitas de plástico não são incomuns no mercado e não alteram o sabor do vinho, diz a sommelier Alexandra Corvo.

Segundo a especialista, elas costumam ser usadas em vinhos para consumo no dia a dia. Nos vinhos com potencial de envelhecimento, é preciso usar a cortiça porque ela permite a entrada controlada de oxigênio, o que ajuda a melhorar o produto.

A Brasken e a Nomacorc, porém, afirmam que as rolhas de "plástico verde" apresentam o mesmo desempenho em controle do oxigênio das rolhas de cortiça.

A sommelier Alexandra Corvo diz que esse é um diferencial importante, caso elas sejam usadas em vinhos que serão envelhecidos. "A entrada de uma quantidade microscópica de oxigênio serve para 'temperar' os vinhos com potencial de envelhecimento, que são minoria no mercado", afirma.

Fabricantes buscam alternativas à rolha tradicional

A procura por alternativas à cortiça, segundo ela, tem sido comum porque, atualmente, cerca de 3% dos vinhos vendidos no mundo têm rolhas contaminadas por tricloroanisol (TCA). Essa contaminação é repassada para a bebida, afetando seu odor e sabor.

"A rolha de plástico é interessante porque evita esse tipo de contaminação", diz Alexandra Corvo.

O "plástico verde" é identificado pelo selo I'm green TM. A Braskem não soube informar se haverá a venda, no Brasil, de vinhos com a rolha feita do material.

Outras empresas já usam o material em embalagens, como Electrolux (fabricante de eletrodomésticos), L'Occitane (cosméticos) e Embalixo (sacos de lixo).

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Instituto Butantan inicia testes da vacina da dengue em humanos

O Instituto Butantan já vacinou 34 voluntários da primeira fase dos testes em humanos da vacina contra a dengue. O teste tem como finalidade analisar a eficácia e segurança da vacina, que vem sendo desenvolvida em parceria com os NIH (National Institutes of Health), dos EUA.

A ideia é reproduzir aqui um estudo americano com vacina semelhante à do Butantan. A imunização é tetravalente e deve proteger contra os quatro tipos de vírus da dengue.

Mais 16 voluntários serão vacinados em breve –esses 50 primeiros participantes nunca tiveram dengue. Outras 200 pessoas, com ou sem infecção prévia pelo vírus, receberão a vacina em outra etapa.

Os resultados dessa fase devem ficar prontos no fim do ano, mas mais estudos serão necessários até que a vacina seja usada na população.