segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Anvisa vai defender adoção de maço de cigarro 'genérico'

Johanna Nublat – Folha de São Paulo

Às voltas para implementar a decisão de banir os sabores artificiais do tabaco, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) promete entrar em nova polêmica: vai defender embalagens genéricas para os cigarros.

Por esse modelo, os maços não têm cores, símbolos ou marcas que diferenciem um produto do outro –em formato-padrão, carregam apenas os nomes do fabricante e do produto e grandes imagens com advertências à saúde.

Com tal política se pretende reduzir a atratividade e eliminar o caráter de publicidade que os maços possam ter.

Essa padronização foi instituída pela Austrália há um ano de forma inédita e sob aplausos da OMS (Organização Mundial da Saúde) e já é estudada por outros governos, sobretudo europeus.

"Esse é o próximo passo que o Brasil precisa dar. A Anvisa vai mover esforços técnicos para demonstrar o benefício de uma medida como essa e esforços políticos para que o país faça a discussão", afirmou em entrevista à Folha Dirceu Barbano, diretor-presidente da agência.

Segundo ele, a ideia é defender a proposta em fóruns nacionais e internacionais de que a Anvisa participa, realizar estudos que mostrem a eficácia dos maços genéricos e mobilizar forças no Congresso Nacional, onde a mudança da lei para instituir as novas embalagens deveria ser aprovada.

Barbano argumenta que, como o país teve uma queda significativa no percentual de fumantes –quase 50% em 20 anos–, as próximas medidas no combate ao tabagismo precisam ser mais ousadas.

IMPACTO

Pesquisa feita na Austrália, poucos meses após a implementação dos maços genéricos, aponta para a redução na atratividade do cigarro e o aumento no desejo de deixar o vício.

Não foram divulgados até aqui, porém, estudos que revelem os impactos concretos dessa medida.

A indústria do tabaco, que tentou barrar as embalagens genéricas australianas na Justiça e em fóruns internacionais, sustenta que a medida não terá os impactos esperados, mas pode ampliar a presença de cigarros do mercado negro no país.

No Brasil, a proposta vinha sendo discutida só entre especialistas. Um projeto de lei a favor das embalagens genéricas chegou a ser proposto no Congresso em 2012, mas não avançou e foi retirado.

Paula Johns, diretora-executiva da ACT (Aliança de Controle do Tabagismo), comemora a nova posição da direção da Anvisa. "É excelente que eles estejam defendendo [os maços padronizados]."

Ela argumenta, porém, que há políticas contra o tabagismo já instituídas no Brasil, mas carentes de implementação –como o veto aos aditivos de sabor do cigarro, medida suspensa pela Justiça.

"O governo tem que partir para o caminho das embalagens genéricas, mas tem muita coisa que está pronta e ainda não foi feita", afirma.

A diferença entre vinhos jovens e maduros

Por Sommelière Wine - Natália Pieta

beneficios-vinho-saude-12174O mercado oferece uma gama devinhos dos mais diferentes tipos, estilos e terroirs. Entre eles encontramos desde os jovens, prontos para o consumo logo após sua produção, até os amadurecidos por anos até atingirem seu auge. Diferentes propostas que os enólogos elaboram pensando em agradar aos mais diversos paladares, respeitando, claro, o tipo de uva, a região e a filosofia de cada vinícola. Veja as principais diferenças entre esses estilos!

Vinhos Jovens

De consumo rápido, esses são vinhos para serem bebidos em poucos anos a partir da sua safra. Podem ter um breve amadurecimento em barricas de carvalho ou tanques de aço inox, mas o que prevalece é a presença de fruta e o frescor. Na taça podem ser identificados pela cor, tendendo, na maioria das vezes, a tons esverdeado e amarelo-claro, nos brancos, e vermelho rubi e violeta, nos tintos. Vale lembrar que algumas uvas têm mais com do que outras.


Esporão Alandra Tinto 2012 - Alandra é um sucesso de vendas no Brasil. Seu estilo descontraído, frutado e moderno o torna a companhia perfeita para comidas do dia a dia e para momentos de diversão.

 

Urmeneta Cabernet Sauvignon 2013 - A linha Varietal é a mais moderna da centenária vinícola Urmeneta. Frutada, jovem e fácil de beber, apresenta as melhores características de cada variedade.

 

Goulart T Torrontés 2012 - Esse branco possui em seu rótulo a letra T de Torrontés, primeiro vinho desse estilo da Bodega Goulart. Produzido em Salta, é frutado, refrescante e muito agradável.

 

Vinhos Maduros

Amadurecem por anos em barricas de carvalho e/ou em garrafas, o que lhes agrega complexidade de aromas e sabores, além de maciez e elegância. Nos brancos, tons dourados passam a predominar e notas condimentadas, de frutas secas e mel, são perceptíveis. Já nos tintos, tons mais claros como vermelho granada aparecem e no aroma surgem nuances como couro, trufas e terra molhada.

São grandes vinhos que precisam de tempo para mostrar todo o seu potencial e, se abertos jovens, se mostram indomáveis, com taninos duros e acidez excessiva. São paixões de conhecedores mais experientes, para serem degustados lentamente apreciando o momento e tudo o que os anos de guarda lhes conferiram.


Figueira de Cima 2003 -  É um tinto maduro, que surpreende pela elegância e maciez. Possui taninos finos, aromas de frutas em compota, balsâmico, chocolate e carvalho. Pronto para ser consumido.

 

Amarone della Valpolicella Campo dei Gigli  2005 (Tenuta Sant’Antonio) - Tinto elegante e intenso em aroma e sabor. Remete a frutos silvestres, madeira, alcaçuz, pimenta preta, tabaco e chocolate.

 

Bremerton Verdelho 2009 - A Bremerton Winery elabora vinhos modernos, como este verdelho rico em aromas que recordam frutas brancas e cítricas. Em boca é amplo, intenso e muito refrescante.

Encontrado em latino-americanos gene que predispõe ao diabetes tipo 2

Estadão

Variante está presente em apenas 10% dos asiáticos e é incomum em europeus e africanos

Cientistas dos Estados Unidos descobriram uma variante genética comum entre mexicanos e outros latino-americanos que parece aumentar o risco de ter diabetes de tipo 2, informou nesta quarta-feira a revista Nature.

A equipe liderada por David Altshuler, do ++Broad++ Institute, filiado às universidades de Harvard e Massachusetts Institute of Technology, se centrou pela primeira vez em estudar este grupo da população, depois que estudos comparativos anteriores de maior extensão geográfica não tivessem resultados claros.

Ao examinar unicamente latino-americanos, os pesquisadores observaram que metade deles apresenta uma variação genética associada ao maior risco de contrair diabetes tipo 2, enquanto esta variante só está presente em 10% dos asiáticos orientais e é incomum em europeus e africanos.

Acredita-se que esta mutação causa uma alteração no metabolismo dos lipídios e explicaria pelo menos um quarto das disparidades no risco de adquirir diabetes 2 entre essa população.

Além disso, explicaram à Nature, a variante coincide com uma sequência genética achada no genoma de um neandertal, o que sugere que foi transferida dos antigos humanos aos modernos. De acordo com a revista britânica, a descoberta "reforça nossa compreensão desta doença tão comum e sugere que os genomas neandertais podem ser a raiz deste legado genético".

O diabetes tipo 2, mais comum que a do tipo 1, é uma doença crônica que costuma surgir na idade adulta. A doença se caracteriza por uma resistência à insulina, responsável por quebrar as moléculas de glicose, o que provoca um excesso de açúcar não metabolizado no organismo. Em geral a doença se desenvolve lentamente e a maioria das pessoas que têm a doença diagnosticada tem também sobrepeso, pois o aumento do gordura dificulta ainda mais a produção de energia pela quebra da insulina.

Acidentes quase puseram em xeque projeto dos caças Gripen

Claudia Varejão Wallin - BBC Brasil

Gripen-NG. Foto: AFP

Há vinte anos, quando um dos primeiros protótipos do caça Gripen se despedaçou no centro da capital sueca diante de uma multidão atônita e desesperada, muitos questionaram a sabedoria da decisão política de empregar anos de pesquisas e milhões de coroas suecas no desenvolvimento de um caça nacional de última geração.

Mas a fórmula sueca acabaria por provar a eficácia do engenho doméstico: hoje a terceira geração de caças Gripen-NG, da fabricante sueca Saab é reconhecida como uma aeronave avançada, com boas vendas em todo o mundo. Na semana passada, o governo brasileiro anunciou que renovará a frota de caças da Força Aérea Brasileira (FAB) com a aquisição de 36 aeronaves Gripen-NG, da fabricante Saab.

O avanço da indústria de defesa sueca, que hoje desponta entre os grandes fabricantes do setor, tem sua origem na antiga política de neutralidade do país.

"Como era um país neutro, a Suécia tinha que erguer a sua própria indústria militar – aviões, navios, submarinos, equipamentos, armamentos. Pode-se dizer que o caça Gripen, assim como os modelos que o antecederam, são resultado da tradição de neutralidade da Suécia", disse Christer Åström, considerado um dos principais especialistas em defesa da Suécia, em entrevista à BBC Brasil.

Mas o projeto dos caças Gripen, inaugurado na década de 80, era especialmente ambicioso: não se tratava apenas do desenvolvimento de um caça-bombardeiro, mas de um amplo e abrangente sistema de defesa. O sistema incorporava desde componentes de voo, controles de mecanismo em terra e manutenção, a sistemas de comunicação com armamentos.

Uma característica central diferenciava o Gripen de outros projetos anteriores: ele usa sofisticadas tecnologias de ponta, mas pode ser produzido a um custo mais baixo.

 

Turbulências

Não foi, porém, uma trajetória sem turbulências. A história dos caças Gripen começou no fim dos anos 70, quando uma série de estudos foi conduzida para o desenvolvimento de um sucessor para o caça sueco Viggen, que entrava no fim de seu ciclo operacional. No momento em que o projeto JAS Gripen foi apresentado, no início da década de 80, os partidos políticos de esquerda se mostraram céticos.

"A principal controvérsia era se a Suécia deveria comprar um caça já desenvolvido e testado (um caça americano, por exemplo), que seria mais barato, ou desenvolver uma nova geração de caças suecos, que custariam mais caro, mas colocariam o país na liderança tecnológica do setor", observa Annika Brändström, em relatório da Escola Nacional de Defesa Sueca.

A decisão de produzir um caça nacional, em vez de importar, foi fortemente influenciada por considerações políticas, como o forte potencial de geração de empregos no país. Em junho de 1982, o Parlamento sueco aprovou a decisão de autorizar o desenvolvimento de 30 caças JAS Gripen, com a opção de estender o contrato para outras 110 unidades.

Na época, outros países europeus planejavam, simultaneamente, caças semelhantes.

"O Rafale, o Mirage 2000 (França), o LAVI (Israel) e o europeu Eurofighter foram alguns dos projetos de caças concorrentes lançados nos anos 70 e 80. Estes aviões eram considerados 'instáveis' e tinham características diferentes daquelas dos caças suecos anteriores. Problemas com os sistemas de controle de vôo e uma série de acidentes e quedas ocorreram com quase todos os projetos", destaca Annika Brandström.

Com a Suécia, não foi diferente. Já na etapa inicial do projeto, a construção dos protótipos sofreu uma série de atrasos, provocados em parte por problemas graves no sistema de navegação. E os primeiros tempos do Gripen seriam sombrios.

No dia 8 de agosto de 1993, um domingo, a cidade de Estocolmo esteve perto de sofrer uma tragédia humana. Milhares de pessoas estavam reunidas no centro da capital sueca para um festival anual, e uma das principais atrações do dia era um show aéreo em que o caça JAS 39A Gripen voaria sobre o público. Poucos minutos após o vôo, o piloto foi subitamente ejetado do caça, que iniciou uma queda fulminante diante de uma multidão em pânico. O avião se chocaria contra a ilha de Långholmen, no centro da capital, a cerca de 30 metros da ponte de onde milhares de pessoas assistiam ao espetáculo.

Ninguém – nem o piloto - saiu ferido seriamente. Mas as imagens do avião em chamas geraram um debate sobre a credibilidade do Gripen, e em última instância sobre a própria existência futura do projeto. Afinal, não era a primeira vez: quatro anos antes, no dia 2 de fevereiro de 1989, o primeiro protótipo do JAS 39-1 havia caído durante seu sexto vôo quando tentava aterrissar na cidade de Linköping, sede da fábrica da Saab. O mesmo piloto, Lars Rådeström, protagonizara as duas quedas.

"Apesar dos dois acidentes, os políticos que apoiavam o projeto do Gripen nunca desistiram, e lutaram até atingir os resultados de excelência planejados para o avião", contou o especialista Christer Åström.

 

Vendendo para o mundo

Exportar era preciso: vender os novos caças no mercado internacional era essencial para tornar o projeto lucrativo, e situar a Suécia no mapa da concorrência como um dos líderes do setor.

"A primeira exportação foi um contrato de leasing de 14 caças Gripen para a Hungria e a República Tcheca. Na década de 90, a África do Sul tornou-se o primeiro país a comprar os caças, num total de 28 aviões. Desde então, a Tailândia adquiriu 12 modelos Gripen, e a Suíça assinou uma carta de intenção para comprar 22 caças, sendo que o anúncio oficial da compra é esperado para o próximo verão europeu", destacou Åström, acrescentando que o governo sueco acaba de encomendar 60 novos caças para a Força Aérea do país.

Na Saab, o porta-voz Rob Hewson oberva que, desde aqueles incidentes, o caça sueco continuou a ser continuamente aperfeiçoado. E o atual modelo, a ser produzido em parceria com o Brasil, corresponde à terceira geração de caças Gripen da Saab.

"Apenas as pessoas na Suécia ainda se lembram da queda do avião em 1993. Fora da Suécia, o acidente foi visto e compreendido como parte do processo de risco durante a fase de testes de vôo. Uma vez superados aqueles incidentes, que foram na verdade ocorrências relativamente normais da etapa de testes, o Gripen tem demonstrado um nível exemplar de segurança operacional", disse o porta-voz à BBC Brasil.

Para o especialista Christer Åström, o segredo da fórmula do Gripen está na eficiência do modelo.

"O Gripen possui apenas um motor, é extremamente sofisticado e é bem mais barato em comparação ao Boeing F/A-18 Super Hornet, ao Rafale da francesa Dassault e também ao europeu Eurofighter Typhoon. Os custos operacionais do Gripen são significativamente menores do que os dos demais caças, que possuem motores duplos. É interessante notar que o Gripen pesa a metade do que pesam os outros modelos da concorrência. E é um avião eficaz, com tecnologia de ponta e equipado com armamentos de última geração", disse Åström, lembrando ainda que o Gripen participou com êxito das operações da Otan na Líbia há dois anos.

Superado um sombrio começo marcado por acidentes, acrescenta Åström, o Gripen está atualmente entre os caças mais vendidos do mundo, ao lado dos americanos F/A-18 Super Hornet e F-16 Fighting Falcon.

Segundo o porta-voz da Saab, a terceira geração de caças Gripen é uma sofisticada aeronave produzida por um país "pequeno e inventivo, que cumpriu a meta de desenvolver aviões com excelente nível operacional que não custassem uma fortuna".

sábado, 28 de dezembro de 2013

Dicas para aproveitar o melhor dos vinhos neste fim de ano

Blog Sommelier Wine

Todo dia é dia de degustar um bom vinho! Mas estamos na época do ano em que a nossa bebida preferida ganha mais destaque. Dos tintos aos espumantes, bons vinhos são indispensáveis nas festas de fim de ano. E para aproveitar ao máximo o prazer e a diversão que podem nos proporcionar, alguns cuidados são necessários. Confira estas dicas e desfrute o melhor do vinho nas comemorações que estão por vir.

Vinhos

Armazenamento

Mantenha os vinhos longe da luz solar e fluorescente. Busque por um ambiente escuro e frio para que a bebida fique armazenada, de preferência, entre 14°C e 18°C. Uma adega é a solução ideal para esse tópico. Confira outras dicas aqui.

Temperatura de serviço

E a temperatura correta? Muitas pessoas acabam confundindo a temperatura ambiente do vinho com a temperatura do ambiente em que estão. Quando o clima está quente demais, é ideal que o vinho seja servido resfriado para que atinja a temperatura ideal; isso e válido mesmo para os tintos. Em dias muito frios, é bom deixar o vinho em um local mais quente, para que alcance a temperatura correta.

Veja a temperatura certa para cada tipo de vinho branco:
- Brancos leves e espumantes ligeiros: 7°C
- Champagne NV: 8ºC
- Brancos amadeirados, envelhecidos e Grandes Champagnes: 12°C
- Brancos fortificados, secos ou doces: 12°C

Confira a temperatura de serviço ideal para cada tipo de vinho tinto:
- Rosados: 10°C
- Late Harvest, jovens e ligeiros: 10°C
- Porto e fortificados em geral, tintos: 14°C
- Tintos leves, sem madeira e jovens: 15°C
- Tintos encorpados ou envelhecidos: 16°C
- Porto Vintage: 16°C

Ordem de Serviço

A ordem de serviço deve seguir sempre do vinho mais leve para o mais encorpado. Sempre com os mais simples antes dos mais complexos; os mais jovens antes dos mais velhos e os secos antes dos doces.

Deguste com moderação

Vale lembrar que o álcool faz parte da composição dos vinhos. Portanto, moderação é a melhor pedida para aproveitar ao máximo as comemorações neste fim de ano.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

A videira mais antiga do mundo

Por Sommelier Wine Renato Pujol

A videira mais antiga do mundo teria mais de 400 anos, já imaginou?! Há rumores de que a antiga vinha estaria na Eslovênia e, apesar da idade avançada, seus cachos negros e aveludados dariam origem a  25 litros de vinho por ano. Contudo, essa é uma informação polêmica.

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Pois a maioria das vinhas no mundo são plantadas com pé enxertado (quando a raiz da vitis americana é enxertada com o tronco da vitis vinífera europeia, uma solução para manter a sobrevivência das vinhas depois da praga da phylloxera, pulgão que devastou 80% dos vinhedos na Europa) e duram em média 70 a 80 anos.

Já as de pé franco (raiz e tronco da vitis vinífera europeia que não foram atacadas pela filoxera e que ainda existem em poucos lugares no mundo, como Chile e algumas regiões da Argentina, Portugal, Espanha e Turquia) conseguem chegar a uma média de 110 ou 120 anos, mas com uma produção muito pequena.

Considerando esses fatores, acho um pouco improvável que uma videira consiga chegar a esta idade. Mas há alguns produtores que elaboram seus vinhos com vinhas de 90 a 100 anos em média, isso é certeza.

Exemplo disso é a brasileira Érika Goulart, da Bodega Goulart, que tem um vinhedo da uva Malbec, na região de Lunlunta (Argentina), que data de 1915 e ainda produz uvas que geram vinhos espetaculares, como o Goulart Grand Vin Malbec Single Vineyard 2008.

Outros grandes vinhos elaborados com videiras antigas:

Salanques 2010 -  Tinto intenso, elaborado com uvas de vinhas antigas de uma região única que lhe agregam maior concentração de aromas e sabores. Encanta com seus aromas de frutas negras, notas de alcaçuz e tabaco com nuances de violeta e enche a boca com seu sabor marcante.

 

 

 

Quinta do Crasto Reserva Vinhas Velhas 2010 - Privilegiada por estar na região demarcada do Douro, que possui clima e solo fantásticos, a Quinta do Crasto é uma das vinícolas mais tradicionais e importantes de Portugal. As notas de especiarias desse exemplar encantam o olfato e o paladar.

Cinco dicas para acertar no brinde de Ano-Novo

Por Sommelière Wine Khátia Martins

garrafa-espumanteVirada de ano pede festa, alegria e muita comemoração. E quando o assunto é comemoração, o vinho não pode ficar de fora. Ainda mais o bom e festivo espumante que encanta a todos com suas borbulhas divertidas. Mas para aproveitar todo o potencial dessa bebida é importante ficar atento a alguns pontos. A começar pela escolha do rótulo, confira cinco dicas que tornarão o seu brinde de ano-novo ainda mais especial!

1 – Escolha o espumante pela doçura

As palavras brut, demi-sec e extra-dry que geralmente aparecem nos rótulos dos espumantes indicam a quantidade de açúcar existente em cada litro da bebida. O primeiro possui até 15 g de açúcar por litro. O extra-dry, geralmente mais seco, aceita de 12 g a 20 g de açúcar por litro. Já o demi-sec tem doçura bem intensa, com entre 33 g e 50 g de açúcar por litro.

2 – O tipo de espumante determina as melhores harmonizações

O mais versátil de todos os espumantes é, sem dúvida, o brut, que acompanha do coquetel (incluindo saladas, frituras e carnes leves) ao prato principal. Massas com frutos do mar, risoto de aspargos ou até mesmo queijos variados farão bonito ao lado deste espumante. O extra-dry vai bem com pratos mais ácidos ou gordurosos como ceviches, saladas, ostras e carnes leves com molhos cítricos. Para a sobremesa, prefira os demi-sec.

3 – Sirva na temperatura correta

Espumantes simples devem ser servidos entre 6°C e 8°C, enquanto os safrados, que possuem mais corpo e complexidade, precisam estar um pouquinho mais quente, entre 9°C e 12°C para mostrarem seus aromas e sabores. Na hora de gelar, esqueça o congelador. Prefira um balde de gelo com água para resfriar a bebida aos poucos, uniformemente.

4 – A taça certa garante aromas e borbulhas por mais tempo

Servir o espumante na taça tipo flûte, com corpo mais alongado e boca estreita não é frescura. O formato ajuda a conservar o pérlage (borbulhas) e a realçar os aromas. Para que a bebida não esquente rapidamente, segure pela haste.

5 – Não sacuda a garrafa antes de abrir

Uma garrafa de espumante tem mais gás acumulado do que um pneu de carro. Assim, balançar a garrafa e deixar metade do líquido se perder acaba sendo um enorme desperdício. A forma correta de abrir é segurar a garrafa em ângulo de 45°, retirar a gaiola (arame que protege o vedante) segurando a rolha com o polegar para evitar um deslocamento inesperado e só então girar vagarosamente a rolha.

Brasileiros criam ranking de vinhos de acordo com seus benefícios à saúde

Mariana Versolato – Folha de São Paulo

Que vinho faz bem para o coração muita gente sabe. Mas como escolher qual garrafa levar para casa considerando apenas os benefícios da bebida?

Cientistas da USP dão pistas nessa direção. Em estudo publicado no periódico "Australian Journal of Grape and Wine Research", a professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP Inar Castro e colegas fazem um ranking de vinhos da América do Sul com base na sua funcionalidade.

Foram analisadas 666 garrafas de vinhos da Argentina, do Brasil, Chile e Uruguai que custam menos de US$ 50. Metade era 2009 e a outra, com as mesmas marcas, de 2010 –o objetivo era ver se a safra poderia influenciar os resultados, o que não ocorreu.

Os primeiros colocados do ranking foram o tannat e o malbec argentinos, praticamente empatados. Depois vêm, nessa ordem, as uvas syrah, carménère, cabernet sauvignon e merlot. As pesquisadoras não divulgam as marcas analisadas.

Também é possível olhar para os resultados de acordo com o país. Entre os vinhos de alta funcionalidade, a maioria eram argentinos, seguidos pelos chilenos, brasileiros e uruguaios.

A uva campeã não é exatamente uma surpresa. A tannat, como o nome indica, é rica em taninos. "E quanto mais tanino e quanto maior o sabor adstringente, mais potente o efeito para a saúde. Por isso o chá-verde, que é amargo, é rico em antioxidantes", afirma a nutricionista e bioquímica Lucyanna Kalluf.

Para chegar a essa conclusão, as pesquisadoras da USP avaliaram a atividade antioxidante (capacidade de "varrer" os radicais livres que causam oxidação celular), concentração de substâncias fenólicas (compostos como o resveratrol que têm ação antioxidante e anti-inflamatória) e a quantidade de antocianinas (pigmento roxo da família dos flavonoides).

"Com base nesses parâmetros, criamos um modelo matemático. Posso pegar qualquer vinho e dizer se ele é de baixa ou alta funcionalidade", diz Castro.

A pesquisadora afirma, porém, que o trabalho tem limitações. "Nosso modelo tem valor preditivo de 96%, então ainda temos 4% de erro."

Kalluf lembra que o trabalho não conseguiu ver uma relação direta entre a quantidade de antocianinas e a capacidade funcional, algo que outros estudos já mostraram.

Já para Gustavo Andrade de Paulo, médico gastroenterologista e diretor da Associação Brasileira de Sommeliers (regional São Paulo), a pesquisa usou uma amostra genérica e restrita de vinhos. Ele, porém, elogia a "sacada" de criar esse ranking.

"Hoje, com essa geração saúde que pensa nas vantagens de cada ingrediente, uma lista como essa é útil."

Protásio Lemos da Luz, diretor da Unidade Clínica de Arterosclerose do Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da USP), afirma que os benefícios do vinho estão relacionados à proteção do sistema cardiovascular. "A bebida tem efeito vasodilatador, impede a formação de trombos que podem levar ao infarto e aumenta os níveis de HDL, o colesterol 'bom'."

Mas, em geral, quem bebe vinho não busca apenas o benefício que a bebida traz à saúde. "Tem de tomar vinho primeiro porque gosta. Se puder unir a funcionalidade e o sabor, juntamos o melhor dos dois mundos", diz De Paulo.

Mas, afirma ele, do ponto de vista prático, a diferença entre os benefícios de um e de outro na pesquisa é muito pequena. Portanto, faz mais sentido escolher aquele que agrada mais o paladar.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Maior estudo genético já feito associa artrite reumatoide ao DNA

BBC Brasil

Cientistas nos Estados Unidos descobriram 42 regiões do DNA humano que estão associadas ao desenvolvimento da artrite reumatoide, uma doença que provoca uma inflamação dolorosa das articulações e que frequentemente acomete idosos.

Mão de pessoa com artrite reumatoide (James Heilman/Wikimedia Commons)A descoberta foi resultado do maior estudo genético já feito, envolvendo cerca de 30 mil pacientes e publicado na prestigiada publicação científica Nature.

Segundo os cientistas, a conclusão pode ajudar no desenvolvimento de novas drogas que poderiam, um dia, levar a uma cura para o mal, além de mostrar o caminho para pesquisas envolvendo outras doenças.

Alguns cientistas vinham argumentando que pesquisas como esta, em que se busca identificar áreas genéticas com variações associadas a doenças complexas – áreas conhecidas como polimorfismos de nucleotídeo único –, não têm utilidade, já que há pouca ou nenhuma evidência que indique que “silenciar” essas áreas irá aliviar os sintomas desses males.

Mas o professor Robert Plenge, da Escola de Medicina de Harvard (nordeste dos EUA) e líder do estudo, diz que sua pesquisa prova a validade da abordagem, porque sua conclusão é reforçada pelo fato de que, antes de sua pesquisa, já existia um remédio usado para tratar os sintomas da artrite reumatoide associados a um particular polimorfismo.

 

Tremendo potencial

Na pesquisa, a equipe de pesquisa comparou o DNA de pessoas com artrite com o de pessoas sem o mal, encontrando as 42 áreas “defeituosas”, onde há polimorfismos.

Segundo Plenge, os efeitos de uma dessas áreas vinham sendo tratados por um remédio desenvolvido por tentativa e erro, em vez de ser criado tendo em mente a correção específica do problema genético.

É essa descoberta que poderia ser aproveitada em pesquisas de medicamentos para outros males.

“Ela oferece tremendo potencial. Essa abordagem poderia ser usada para identificar os alvos para drogas para doenças complexas, não apenas artrite reumatoide, mas diabete, mal de Alzheimer e doenças coronarianas”, disse Plenge.

 

Câncer

A mesma pesquisa indicou que polimorfismos encontrados nos pacientes com artrite reumatoide são encontrados também em portadores de alguns tipos de câncer no sangue.

De acordo com a professora Jane Worthington, diretora do Centro de Genética de Manchester, essa observação sugere que drogas desenvolvidas para combater esses tipos de câncer poderiam ser eficientes para tratar a artrite reumatoide – e, por isso, deveriam ser analisados em testes clínicos.

“Já há terapias que foram criadas no campo da oncologia que poderiam abrir novas oportunidades para mudar os alvos de remédios”, disse ela à BBC.

“Isso (a descoberta da pesquisa) poderia ser um caminho simples para ampliar as terapias que temos hoje em dia voltadas a pacientes com artrite reumatoide.”

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Pesquisador se descobre psicopata ao analisar o próprio cérebro

Mônica Vasconcelos - Da BBC Brasil em Londres

James Fallon (foto: Daniel Anderson)

Um neurocientista americano que fazia estudos com criminosos violentos descobriu, por acaso, que ele próprio tinha "cérebro de psicopata".

Casado e pai de três filhos, James Fallon, professor de psiquiatria e comportamento humano da University of California, Irvine (UCI), disse à BBC Brasil que a descoberta fez com que ele reavaliasse seus conceitos a respeito de quem era. E transformou suas convicções enquanto cientista.

A experiência de Fallon, descrita no livro The Psychopath Inside, teve grande repercussão na internet.

Comentando o caso, um neurologista ouvido pela BBC disse que estamos interpretando os conhecimentos gerados pela genética de maneira "perigosa".

"Os profissionais estão atribuindo importância excessiva para a carga genética de uma pessoa, como se isso, por si só, fosse capaz de determinar o futuro de um ser humano", disse Eduardo Mutarelli, professor do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Para ele, a experiência de Fallon ajuda a reequilibrar o debate que contrapõe a influência da herança genética à do meio (nesse caso em particular, a influência civilizadora da família e da sociedade sobre o indivíduo).

 

Revelação Perturbadora

A descoberta de Fallon aconteceu em 2005, quando ele analisava tomografias de cérebros de assassinos em série na universidade. Ele queria ver se encontrava alguma relação entre os padrões anatômicos dos cérebros desses pacientes e seu comportamento.

Fallon explicou que, para ter uma base de comparação, tinha colocado na pilha tomografias de membros de sua própria família – a ideia era usá-los como modelos de cérebros "normais".

Ao chegar ao fim da pilha, onde estavam os exames de sua família, o cientista viu uma tomografia que mostrava um padrão claro de patologia. "O exame mostrava baixa atividade em certas áreas dos lobos frontal e temporal que estão associadas à empatia, moralidade e ao auto-controle".

Fallon contou que, no começo, pensou que fosse um engano. Mas feitas as checagens, o neurocientista, que estudava psicopatas há mais de duas décadas, viu-se às voltas com uma realidade um tanto quanto incômoda: o cérebro representado naquele exame era seu.

"As mesmas áreas do cérebro estavam completamente apagadas, como nos piores casos que eu tinha visto", disse Fallon.

Para se certificar, Fallon fez mais algunas investigações.

Exames do seu DNA confirmaram que ele tinha genes alelos associados à ausência de empatia e comportamento agressivo e violento.

Fallon também se submeteu a um teste usado por muitos pesquisadores e psicólogos para avaliar tendências antisociais e psicopáticas, a Robert Hare Checklist.

"Psicopatas alcançam acima de 30 pontos no teste de Robert Hare", disse Fallon. "A pontuação máxima é 40. Eu alcanço 18, 20 ou 22. Tenho vários traços em comum com psicopatas, só não sou criminoso. Nunca matei nem estuprei ninguém e prefiro vencer uma discussão com argumentos do que com força física", diz.

 

Charme Perigoso

Imagem de exame do cérebro de Fallon em comparação a um exame de controle

Fallon contou que quando compartilhou suas descobertas com a família e com amigos, eles não se surpreenderam. Gradualmente, o neurologista começou a se ver do ponto de vista das pessoas que o conheciam bem.

"Tive várias conversas reveladoras com minha mãe. Ela me disse que sempre percebeu um lado sombrio em mim e tomava cuidado especial para neutralizar essas tendências e incentivar outras, mais positivas", conta.

Nessas conversas, a mãe também contou ao filho que vários antepassados dele pelo lado paterno tinham sido criminosos temidos. Entre eles, Lizzie Borden, acusada de matar o pai e a madrasta em 1892.

Para a esposa, era como se existissem dois James Fallon convivendo num único homem.

"Sou casada com duas pessoas, uma é inteligente, engraçada e afetuosa. A outra é um sujeito perverso, de quem eu não gosto", disse a mulher do neurologista em uma entrevista para a TV.

"Tenho muito jeito para lidar com estranhos, faço muita caridade. Mas sou uma decepção como marido. Posso ver um bebê que não conheço e ficar com os olhos cheios de lágrimas, mas não sinto uma conexão emocional profunda com minha própria família", diz.

Fallon descreveu alguns dos traços típicos de um psicopata: "Psicopatas possuem um narcisismo agressivo, charme, desenvoltura aliada a superficialidade, senso de superioridade, tendência a manipular, são emocionalmente rasos, não sentem culpa, remorso ou vergonha".

"Podem ser magnânimos e generosos, mas são emocionalmente frios", afirma.

Teria Hitler, por exemplo, sido um psicopata?

"Não. Hitler era capaz de sentir empatia pelas pessoas e tinha relacionamentos próximos, então eu diria que ele não era um psicopata. Já Stalin, por exemplo, tenho quase certeza de que sim. Ele não era próximo nem dos próprios filhos", observa.

"A capacidade – ou não - de sentir empatia é essencial para se establecer se uma pessoa é um psicopata", diz o neurologista.

 

Amor de Mãe

James Fallon diz não ter dúvidas de que foi o amor da família que impediu que ele realizasse seu "potencial" e se tornasse um criminoso violento.

"Sou uma pessoa agressiva e vingativa, gosto de manipular as pessoas, sinto prazer no poder. Mas todos foram tão amorosos comigo, tenho uma mãe afetuosa e uma esposa maravilhosa", afirma.

"Além disso, não tive experiências de abandono, abuso ou traumas violentos na infância. Tudo isso neutralizou minha biologia", relata.

O neurologista confessou que não teria feito essa afirmação cinco anos antes. "Eu costumava achar que a genética era tudo. Hoje, estou convencido de que a biologia é importante, mas a genética pode ser modificada pelo meio ambiente", diz.

 

Gene X Meio

As revelações de James Fallon, descritas no seu livro e em palestras - algumas disponíveis na internet - revivem um debate que há muito intriga especialistas: somos produto da nossa herança genética ou do meio em que vivemos?

Para o neurologista da USP e do Hospital Sírio Libanês Eduardo Mutarelli, o caso de Fallon reforça o papel da sociedade (ou seja, do meio) na formação do indivíduo. E ajuda a combater uma certa tendência "determinista" na forma como nosso potencial genético vem sendo interpretado por médicos hoje.

"A genética hoje trabalha muito com probabilidades, com potencial genético e fatores de risco", disse Mutarelli.

O médico citou como exemplo doenças como o Mal de Alzheimer ou o Mal Parkinson.

"Com o conhecimento atual, sabemos que existe uma certa carga genética associada a essas doenças. Mas você carrega um certo fator de risco e isso vai se transformar em doença caso outras coisas contribuam para isso", explicou.

"Você não se cuida, não come direito, esses são fatores de risco para que a pessoa venha a desenvolver a doença", observa.

Mas trazendo a discussão de volta para o caso de James Fallon, Mutarelli faz uma ressalva: "No caso dele, se ele tem um exame de imagem de cérebro que é igual ao de um psicopata, ele só não é psicopata porque foi bem educado".

"O lobo frontal está desregulado, a alteração existe na experiência dele e a ressonância mostra a alteração, ou seja o gene foi ativado. Ele só não é um serial killer por causa da família", reforçou o professor.

E concluindo: "O jeito de mudar o mundo é educando".

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Grã-Bretanha testa vacina contra câncer no cérebro

Fergus Walsh - BBC News

Cientista olha para exames de cérebro (foto: PA)

Começaram os testers de uma vacina que se propõe a tratar uma forma agressiva do câncer de cérebro.

O primeiro paciente europeu recebeu o tratamento no hospital King’s College, em Londres. Robert Demeger, 62, foi diagnosticado da doença neste ano.

A vacina é personalizada e foi desenvolvida para ensinar o sistema imunológico a lutar contra as células de um tumor.

O King’s College faz parte de um grupo de mais de 50 hospitais – os outros estão nos Estados Unidos – que estão testando o tratamento.

Demeger, um ator de televisão e teatro, teve que desistir de seu papel de Otelo, no aclamado Teatro Nacional, depois que começou a ter convulções.

 

Otelo

Ele disse que chegou a ter um susbstituto, para o caso de se sentir mal no palco, mas não precisou usar esse recurso.

"Eu fui diagnosticado com um tumor no cérebro e marcaram uma cirurgia em uma questão de dias".

Porém, antes de sua operação ele foi convidado para ser o primeiro paciente na Europa a participar do experimento internacional.

 

Vacina

Cirurgiões removeram o máximo possível de seu tumor – que foi depois levado a um laboratório onde foi incumbado com células dendríticas (células imunológicas tiradas de seu sangue).

O objetivo foi ensinar as células a reconhecer o tumor. A vacina personalizada que resultou do processo foi injetada no braço dele, com a esperança de que aquelas células treinariam o sistema imonológico dele sobre como localizar e destruir o câncer.

Ele receberá dez doses da vacina nos próximos dois anos.

Keyoumars Ashkan, um neorocirurgião do King’s College, está liderando a parte britância da pesquisa. Ele diz que há uma grande necessidade de novos tratamentos para o câncer de cérebro.

 

Glioblastoma

"Mesmo que um tumor pareça igual em dois pacientes, na realidade ele varia muito".

"Por isso, a terapia padrão provavelmente não é a melhor. Há uma necessidade de fornecer tratamento individualizado baseado no tipo de câncer de cada paciente".

O tratamento envolve pacientes com glioblastoma, a forma mais agressiva de um tumor primário de cérebro, que afeta cerca de 1.500 pessoas por ano na Grã-Bretanha.

A média de sobrevivência desses pacientes é de 12 a 18 meses. Dois estudos anteriores menores da terapia DCVax, nos Estados Unidos, descobriram que o tratamento aumentava essa sobrevida para três anos, sem efeitos colaterais. Vinte pacientes participaram dos testes e dois deles estão vivos há mais de dez anos.

Ashkan ressaltou que a atual pesquisa, que envolverá 300 pacientes, é necessária para mostrar se o tratamento é realmente eficiente. Metade deles receberá a vacina real e os demais tomarão placebos.

"Até obtermos os ressultados desta pesquisa não saberemos se a terapia deve ser oferecida a todos os pacientes", ele disse.

Demeger afirma que está encantado em fazer parte dessa pesquisa. "Qualquer coisa que me dê uma chance melhor, mas também por outros fatores, vale a pena participar disso".

 

Fala

A cirurgia para remover o câncer afetou sua fala, porque o tumor estava localizado próximo da parte do cérebro que lida com a linguagem.

Assim Demeger, que tinha a voz como seu meio de vida, teve que reaprender a se comunicar.

"Eu adoraria voltar a atuar. Esse é o meu trabalho".

"Tenho trabalhado com um terapeuta da fala e com o chefe das vozes no Teatro Nacional".

"Não sei se poderei voltar aos palcos em semanas ou meses, mas estou esperançoso".

domingo, 22 de dezembro de 2013

Astra irá comprar fatia da Bristol em joint venture

Compra de participação pode custar até US$ 4,1 bilhões

Prédio da Bristol-Myers Squibb

A farmacêutica AstraZeneca fechou a compra da participação da Bristol-Myers Squibb em uma joint venture entre as duas empresas voltada para diabetes por até 4,1 bilhões de dólares, em um acordo que irá ajudar a fazer o grupo voltar a crescer, levando suas ações a uma nova alta.

A AstraZeneca afirmou nesta quinta-feira que irá pagar à Bristol 2,7 bilhões de dólares inicialmente, acrescidos de até 1,4 bilhão de dólares relacionados a vendas e regulações adicionais.

A investida vai aumentar o portfólio da AstraZeneca e dar à Bristol mais recursos para investir em outras áreas, como o câncer, para o qual a companhia já está desenvolvendo terapias promissoras.

As ações da AstraZeneca atingiram a maior alta em 11 anos após o anúncio do negócio, subindo 2,6 por cento, para 3.653 pence no início dos negócios.

"O anúncio de hoje reforça o compromisso de longo prazo da AstraZeneca em diabetes, uma área estratégica para nós e uma importante plataforma para o regresso da AstraZeneca ao crescimento", disse o presidente-executivo da AstraZeneca, Pascal Soriot, em um comunicado.

A AstraZeneca afirmou que a aquisição será financiada com recursos de caixa existentes e linhas de crédito de curto prazo, com impacto neutro para seus lucros principais em 2014.

A joint venture Bristol-AstraZeneca em diabetes inclui os medicamentos orais Onglyza, Kombiglyze e Forxiga, bem como os tratamentos injetáveis Bydureon e Byetta.

Multinacional farmacêutica não vai mais pagar a médicos para promover medicamentos

Cláudia Collucci  - Folha de São Paulo

A GlaxoSmithKline, uma das maiores multinacionais farmacêuticas, decidiu não pagar mais viagens e palestras a médicos para a promoção de seus medicamentos.

A empresa britânica também mudará a forma de remunerar seus propagandistas, que deixarão de receber de acordo com o número de receitas prescritas pelos médicos que eles visitam.

A decisão, anunciada anteontem, é inédita entre as multinacionais farmacêuticas e entrará em vigor nos países onde a empresa atua a partir de 2014. Nos EUA, um programa-piloto já está em vigor desde 2011.

Em nota, a GSK no Brasil disse que seguirá as determinações da matriz. Informou que a empresa vem tomando uma série de medidas com o objetivo de aumentar a transparência de suas práticas.

Por décadas, as companhias farmacêuticas têm pago médicos para falar a favor de seus medicamentos em congressos e conferências. Como formadores de opinião, eles influenciam na decisão de outros profissionais.

Vários estudos, no entanto, têm demonstrado que essas práticas geram grandes conflitos de interesses e podem levar a prescrições inadequadas (desnecessárias ou mais caras) aos pacientes.

No Brasil, há um acordo em curso entre a Interfarma (associação que reúne as multinacionais farmacêuticas) e o CFM (Conselho Federal de Medicina) que pretende regular essas questões.

"Estamos tentando construir juntos um caminho onde não se tolere qualquer restrição à autonomia dos médicos. E não é só palavra posta no papel. Nosso conselho de ética existe, funciona e pune", afirma Antonio Britto, presidente da Interfarma.

A questão, segundo ele, é que outros segmentos da indústria da saúde (farmacêuticas nacionais e indústrias de aparelhos e equipamentos em saúde, por exemplo) não aderiram ao acordo. "Haverá desvantagem competitiva se não for seguido por todos."

INVESTIGAÇÃO

No caso da GSK, a decisão vem no momento em que a empresa é alvo de investigação na China por pagamentos ilegais a médicos e autoridades do governo. Suspeita-se que a empresa pagasse médicos para viajar a conferências que nunca ocorreram.

Nos EUA, a GSK encabeça a lista das farmacêuticas recorrentes em penalidades (veja texto ao lado).

Andrew Witty, o CEO da empresa, disse que as mudanças não têm relação com as investigações na China e que fazem parte dos esforços da empresa de estar em consonância com a atualidade.

"Nós já vínhamos nos perguntando se não haveria outras diferentes e mais eficazes formas de operação do que os caminhos que nós, como indústria, temos operado nos últimos 30, 40 anos?"

Segundo a GSK, a empresa não vai mais pagar aos profissionais de saúde para falar sobre seus produtos ou doenças que tratam e tampouco apoiá-los financeiramente para assistir a conferências médicas. A empresa não informou o quanto economizará com as medidas.

O laboratório informou ainda que continuará pagando aos médicos honorários de consultoria para pesquisa de mercado e que também vai estudar novas alternativas para colaborar com a educação médica, com informações claras e transparentes.

"É o interesse dos pacientes que vem em primeiro lugar", afirmou Witty.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

'Fórmula da juventude' reverte envelhecimento em animais

James Gallagher - BBC News

Cientistas dos Estados Unidos disseram ter conseguido reverter o processo de envelhecimento em estudos com animais.

Foto: BBC

Eles usaram um produto químico para rejuvenescer músculos em ratos, em um processo que disseram ser equivalente a transformar um músculo de uma pessoa de 60 anos de idade em um de uma de 20 anos. A força do músculo, porém, não foi recuperada.

O estudo, publicado na revista Cell, identificou um mecanismo totalmente novo de envelhecimento e, em seguida, o reverteu.

Outros pesquisadores afirmaram que se tratava de uma "descoberta animadora".

O envelhecimento é considerado uma via de mão única, mas agora pesquisadores da Escola de Medicina de Harvard demonstraram que alguns aspectos podem ser revertidos.

A pesquisa teve como foco uma substância química chamada NAD, cujos níveis caem naturalmente com a idade em todas as células do corpo.

Experimentos mostraram que aumentar os níveis de NAD, dando a camundongos uma substância química que eles naturalmente convertem em NAD, poderia reverter os efeitos do tempo.

Uma semana depois da aplicação da medicação em ratos de dois anos de idade, seus músculos se tornaram semelhantes aos de um ratinho de seis meses em termos de função mitocondrial, perda de massa muscular, inflamação e resistência à insulina.

A doutora Ana Gomes, do Departamento de Genética da Escola Médica de Harvard, disse: "Nós acreditamos que esta é uma descoberta muito importante."

Ela argumenta que a força muscular poderia retornar com um tratamento mais longo.

 

Envelhecimento agradável

No entanto, o método não representa uma "cura" para o envelhecimento. Outros aspectos, como encurtamento dos telômeros (que formam a estrutura das sequências genéticas) ou danos ao DNA não podem ser revertidos.

Gomes disse à BBC: "O envelhecimento é multifatorial, não se trata de um componente único a ser corrigido, por isso é difícil de atingir a coisa toda."

O grupo de pesquisa pretende começar os testes clínicos em 2015.

Gomes afirmou que terapias em humanos são uma perspectiva distante.

"Pelo que sabemos até agora não acho que teremos que tomar (a droga) desde os 20 anos de idade até nossa morte."

"Parece que nós podemos começar quando já somos mais velhos, mas não muito velhos a ponto de já estarmos danificados.

"Se começarmos aos 40, provavelmente teremos um envelhecimento muito mais agradável - mas temos que fazer testes clínicos", disse ela.

Para o professor Tim Spector, do Kings College de Londres, a descoberta "é intrigante e emocionante".

"No entanto, é um caminho longo e difícil para que experiências com ratos mostrem efeitos de antienvelhecimento em seres humanos sem efeitos colaterais."

O doutor Ali Tavassoli, da Universidade de Southampton, argumentou: "É importante notar que não foi observada qualquer alteração no próprio rato com o um todo.

"Isso pode acontecer por duas razões. Ou eles precisam ser tratados por mais tempo para que as mudanças que ocorrem nas células afetem todo o organismo, ou alternativamente, as alterações bioquímicas por si só não são suficientes para reverter as mudanças físicas associadas ao envelhecimento."

"Mais experimentos são necessários para verificar qual destes casos é o verdadeiro."

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Brasil comprará caças suecos por US$ 4,5 bilhões

João Fellet - BBC Brasil

Caça Gripen, da sueca Saab, em foto de 2012 (AFP)

Após uma longa indefinição, o governo anunciou nesta quarta-feira que renovará a frota de caças da Força Aérea Brasileira (FAB) com a aquisição de 36 aeronaves Gripen-NG, da empresa sueca Saab.

A oferta da Saab desbancou duas concorrentes poderosas: a americana Boeing e a francesa Dassault.

Em entrevista a jornalistas, o ministro da Defesa, Celso Amorim, afirmou que a oferta da Saab foi escolhida com base nos seguintes critérios: qualidade dos aviões, transferência de tecnologia e custos de aquisição e manutenção.

A proposta da Saab era a mais barata e custará, segundo a Aeronáutica, US$ 4,5 bilhões, a serem pagos até 2023.

O Brasil deverá receber as primeiras aeronaves a partir de 2018. A partir de então, segundo a Aeronáutica, serão entregues 12 aviões por ano.

De acordo com Amorim, os aviões permitirão enfrentar ameaças em qualquer ponto do Brasil. Ele disse ainda que a transferência de tecnologias pela fabricante contribuirá para que a indústria nacional se capacite para a produção de caças de última geração.

A decisão pelos caças suecos ocorreu apesar de forte lobby da França e dos EUA. Na semana passada, o presidente da França, François Hollande, visitou o Brasil acompanhado pelo presidente da Dassault.

Durante o governo Lula, jornais divulgaram que o governo esteve prestes a fechar negócio com os franceses.

Após a posse de Dilma Rousseff, porém, os Estados Unidos se reequilibraram na disputa. Em visita ao Brasil em maio, o vice-presidente americano, Joe Biden, tratou da compra dos caças com autoridades brasileiras.

Meses depois, porém, com a eclosão de denúncias de que a NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA) havia espionado Dilma, baseando-se em informações divulgadas pelo ex-consultor da NSA Edward Snowden, a relação entre os dois países esfriou.

A decisão do governo pelos Gripen atendeu a preferência da FAB, que havia se manifestado a favor dos caças suecos em relatório sobre as três aeronaves em disputa.

Segundo a proposta da Saab, 40% do caça será fabricado no Brasil.

Negociações para a compra dos caças se iniciaram na década de 90, quando o governo FHC criou o programa FX para substituir os aviões de interceptação da FAB.

As discussões entraram em nova fase no governo Lula, que pôs fim ao programa FX e criou o FX-2, mais abrangente.

Hoje, para cumprir a missão que será executada pelo Gripen, o Brasil conta com 12 caças franceses Mirage-2000, considerados defasados.

Os jatos ficam em Anápolis (GO), cidade próxima a Brasília, e têm como principal atribuição evitar ataques aéreos à capital federal.

Em audiência recente no Congresso, o comandante da FAB, Juniti Saito, disse que os Mirage-2000 seriam aposentados até o fim deste ano e substituídos provisoriamente por aeronaves do modelo F-5, que já pertencem à força e hoje se encontram em bases espalhadas pelo país.

Descoberta israelense lança bases para 'antidepressivo sob medida'

Guila Flint - BBC Brasil

Uma descoberta de cientistas israelenses abriu espaço para a criação de um "antidepressivo sob medida", que se adequaria às necessidades de cada paciente.

Homem com depressão | Crédito: BBC

O estudo, conduzido pela Universidade de Tel Aviv, sugere que a depressão, doença que atinge cerca de 350 milhões de pessoas em todo o mundo, poderia estar ligada a um problema nas sinapses, em vez de ser causada — como se acreditava — pela falta de serotonina.

As sinapses são estruturas que permitem que um neurônio (célula nervosa) transmita um impulso elétrico ou químico a outra célula (nervosa ou não). É por meio delas que o cérebro, por exemplo, controla as mais diversas funções do corpo humano.

Noam Shonrom e David Gurwitz, especialistas em genética da Faculdade de Medicina da Universidade de Tel Aviv, em Israel, publicaram uma pesquisa em que apontam uma ligação entre a depressão e um gene denominado CHL1. O CHL1, por sua vez, é o "responsável" pela criação das sinapses cerebrais.

Segundo os especialistas, cada pessoa tem diferentes níveis de expressão desse gene. Quando seu nível é baixo, a criação de sinapses se reduz e maior é a chance de o paciente desenvolver um quadro depressivo, dizem eles.

"Até hoje se pensava que a razão da depressão se encontrava na falta de serotonina no cérebro, mas nosso estudo sugere que o mecanismo da depressão pode estar ligado à danificação das sinapses, o que dificulta as ligações entre os neurônios", afirmou Shomron.

Para conduzir a pesquisa, os cientistas adicionaram substâncias antidepressivas a diversas amostras de glóbulos brancos e descobriram reações diferentes, de acordo com o nível de expressão do gene CHL1.

 

Sob medida

Segundo Shomron, que é diretor do Laboratório de Sequenciamento do Genoma da Universidade de Tel Aviv, a descoberta pode significar uma "revolução" no tratamento da depressão.

"Geralmente, a adaptação da medicação a pacientes com quadro depressivo é um processo lento, baseado em tentativa e erro, e nesse processo os pacientes sofrem muito", afirmou Shomron à BBC Brasil.

"Nossa descoberta poderá agilizar esse processo e, em alguns anos, os medicamentos poderão ser feitos sob medida para cada paciente com base em um simples exame de sangue", acrescentou.

Os cientistas já iniciaram experiências com amostras de sangue retiradas de ratos, para examinar as reações das células aos diversos tipos de antidepressivos.

"Os primeiros resultados de nossas experiências têm sido muito promissores e já estabelecemos uma colaboração com hospitais psiquiátricos e começamos a examinar amostras de sangue de pacientes que foram colhidas antes e depois do tratamento com antidepressivos", disse Shomron.

De acordo com o cientista, hoje em dia a eficácia de remédios antidepressivos é de 50% a 60%.

"Com a tecnologia que estamos desenvolvendo será possível obter uma eficácia bem maior e um tratamento mais pessoal e adaptado à constituição genética de cada paciente", acrescentou.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Malhação em jejum vira febre, mas especialistas alertam para os riscos

Por Juliana Vines – Folha de São Paulo

O projeto verão 2014 dos viciados em academia vai além do "combo" dieta e malhação de sempre: inclui de 30 a 40 minutos de exercício feito de barriga vazia --método batizado com a sigla AEJ (aeróbico em jejum).

Popular entre fisiculturistas, que usam a prática para queimar gordura, o AEJ se espalhou entre não atletas, embalado pela divulgação na internet de blogueiros e "celebridades fitness".

De abril a dezembro deste ano, as buscas pelo termo no Google cresceram 230%. E já há mais de 11 mil fotos com a "hashtag" AEJ no Instagram.

É lá que Rodrigo Purchio, 24, e Roberta Pacheco, 22, apelidados de casal "frango com batata-doce", espalham a 102 mil seguidores sua rotina de exercícios.

A alcunha, que dá nome a um blog ), vem da mania de Rodrigo de comer os dois alimentos juntos --prato-chave de marombeiros porque une uma proteína magra e um carboidrato.

Rodrigo tem 10% de gordura no corpo --homens devem ter até 15%, segundo o fisiologista do exercício Turibio Leite de Barros. "Quero chegar a 5% mantendo os músculos que tenho."

É aí que o exercício em jejum entra. O AEJ se baseia na ideia de que, graças ao estoque baixo de carboidrato, resultado de uma noite inteira sem comer, o exercício feito antes do café da manhã usaria gordura como fonte principal de energia.

"Teoricamente parece interessante, mas na prática não funciona", diz Ivan Pacheco, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte.

Há poucas pesquisas que sustentam a teoria. Segundo o médico, mesmo em jejum o corpo tem estoques de carboidrato. E o que determina o gasto maior de gordura é a intensidade do exercício.

A receita do AEJ inclui fazer uma atividade moderada, por no máximo 40 minutos. "Exercício de intensidade baixa ou moderada usa mais gordura como fonte de energia mesmo que a pessoa tenha se alimentado", argumenta Pacheco.

ESCALAR MONTANHA

Rodrigo e a namorada, Roberta, fazem esteira inclinada ou bicicleta ergométrica em jejum. "Sou capaz até de subir montanha sem comer, mas controlo a intensidade de acordo com os batimentos cardíacos", diz ele.

Se a atividade ficar extenuante, o uso de gordura como fonte de energia diminui e cresce o uso de carboidrato e proteínas, explica o médico do esporte Franz Burini.

O limite entre usar uma ou outra fonte de energia é tênue. Caso o organismo consuma as reservas de açúcar, há risco de hipoglicemia, com sintomas como tontura, suor frio e desmaios, segundo Burini. Em atividades prolongadas, há maior chance de perda de massa magra (músculo).

"É uma técnica que deve ser adotada em situações extremas, por pessoas com acompanhamento. O leigo quer entrar na moda e pensa que se é bom para o fisiculturista é bom para ele. Mas os riscos superam os benefícios para a maioria", diz Burini.

Quando começou a praticar AEJ, Roberta morria de medo de passar mal. "Sou hipoglicêmica e minha pressão é baixa." Os bons resultados que viu no namorado a convenceram, mas ela começou devagar --com acompanhamento e suplementos de aminoácidos, fez 15 minutos por dia até pegar confiança.

"Nas primeiras vezes me senti mais fraca, mas nunca passei mal. Hoje, faço 40 minutos quase todo dia. É o exercício aeróbico de que mais gosto." E não é o único. Ela faz três horas de atividade física diariamente.

"Não é o jejum que faz o corpo dessas pessoas ficar superdefinido. É a rotina regrada de dieta e exercícios", diz a nutricionista Jéssica Borrelli, especialista em esporte.

Para ela, se exercitar sem comer não compensa. Como a atividade tem que ser de baixa intensidade, o gasto calórico também acaba sendo baixo.

"Não vale mais a pena comer antes para conseguir treinar melhor, gastar mais calorias e consequentemente mais gordura?"

Para quem acorda e vai direto para a academia, ela recomenda tomar antes um copo de água de coco, que tem carboidratos e é de absorção rápida. Quem for esperar uma hora pode comer carboidratos complexos --pão com fibras, por exemplo.

"Tanto faz se o corpo usou mais carboidrato ou mais gordura como fonte de energia. Para emagrecer o que importa é gastar energia, queimar mais do que ingerir", afirma o médico do esporte Marcelo Leitão.

Uma alternativa ao AEJ é fazer exercícios intervalados, alternando ciclos de baixa e de alta intensidade, diz Burini. Nesse caso, a queima de gordura e a de calorias é alta.

sábado, 14 de dezembro de 2013

Burocracia restringe acesso de doente com câncer à morfina

Cláudia Collucci – Folha de São Paulo

Excesso de restrições, burocracia e desconhecimento estão dificultando o acesso de pacientes a morfina e outras drogas opioides que aliviam a dor do câncer.

A conclusão é de um estudo realizado na África, Ásia, no Oriente Médio, na América Latina e no Caribe que avaliou a disponibilidade de sete opioides considerados essenciais pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

Entre eles estão a codeína, a metadona e a morfina. O Brasil figura entre os oito países latino-americanos mais problemáticos, ao lado de outros como Argentina, Peru e Bolívia. O estudo foi publicado na revista "Annals of Oncology" na semana passada. O acesso é gratuito.
os empecilhos

Na lista de entraves que os brasileiros enfrentam constam leis restritivas, o fato de poucos médicos receitarem a medicação e a pouca oferta nas unidades de saúde.

"A pandemia de excesso de regulação nos países em desenvolvimento torna muito difícil o acesso à medicação básica para as dores do câncer", afirmou à Folha Nathan Cherny, líder do estudo e presidente do grupo de cuidados paliativos da Sociedade Europeia de Oncologia Médica.

Mas a "tragédia" nasce de boas intenções, segundo Cherny. "Em geral, o excesso de regulação é uma medida de precaução para evitar abusos e desvios", explica.

Nos EUA, por exemplo, o abuso e o uso ilícito dos opioides fez recentemente o governo federal aumentar o rigor nas prescrições. O país é responsável por 80% do consumo global desses remédios --dois terços seria ilegal.

Para o anestesiologista Charles Oliveira, vice-presidente do Instituto Mundial da Dor, no Brasil, além da dificuldade de acesso a essas drogas, também há muita desinformação sobre o uso delas tanto por parte da população quanto pelos médicos.

"O paciente e a família pensam que a morfina está restrita a doentes terminais, então rejeitam o uso. Já muitos médicos têm medo [da dependência, por exemplo] ou não sabem prescrevê-la."

Na opinião da médica Maria Goretti Maciel, conselheira da Academia Nacional de Cuidados Paliativos, a morfina é uma droga segura e barata que todo médico deveria saber como administrar.

"Há muito paciente com câncer sofrendo desnecessariamente. Quanto mais cedo iniciar o uso da morfina, melhor o prognóstico. O manejo da dor está associado a uma maior sobrevida."

ACESSO

Oliveira afirma que existe também uma grande dificuldade para o paciente do SUS ter acesso aos opioides fora dos centros de referência.

"Na rede pública, é mais fácil encontrar a metadona, que é mais barata. Mas é preciso fazer um rodízio de medicamentos a cada três ou quatro meses, e o doente não tem como arcar com isso."

Existe ainda uma burocracia para o médico obter o bloco de receituário amarelo, específico para medicamentos controlados. Ele precisa, por exemplo, ir até uma unidade da secretaria da saúde para se cadastrar.

O paciente também enfrente dificuldade, segundo Goretti. "Em São Paulo, só há duas unidades para a retirada do medicamento. Tem que esperar na fila, preencher uma série de formulários e, se faltar algum detalhezinho, precisa refazer a via-sacra."

Segundo Cherny, os governos nacionais e especialistas da área precisam tomar medidas urgentes para melhorar o acesso aos opioides.

"Elas devem envolver a educação dos profissionais de saúde para o uso seguro e responsável desses medicamentos, a educação do público para desestigmatizá-los e uma melhor infraestrutura para o fornecimento."

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Quem inventou o saca-rolhas?

Por Sommelier Wine Lucas Cordeiro

Para muitos amantes do vinho, o saca-rolhas é mais do que um utensílio necessário para a apreciação do vinho, é um objeto de desejo ou ainda de coleção. Entre os colecionadores brasileiros, o maior acervo pertence ao médico e enófilo Carlos Fasolo e conta com mais de 1.300 peças.

saca-rolhas-antigos

Esse acessório que arrebata paixões entre os amantes do vinho, tornou-se conhecido a partir do século XVIII. Isto porque nesta época passou-se a fabricar em larga escala garrafas de vidro para armazenagem e comercialização da bebida e, ao mesmo tempo, a rolha de cortiça começou a ser usada comercialmente como vedante.

A menção textual mais antiga acerca de um objeto que poderíamos chamar de “saca-rolhas”, foi do inglês James Worligge em 1676 (séc. XVII), no seu “Tratado da Sidra”, em que cita “um parafuso de aço utilizado para remover as tampas das garrafas”.

Porém, a primeira patente seria registrada apenas no final do século XVIII, na Inglaterra, por Samuel Henshall (24 de agosto de 1795). A partir daí, e até o início do século XX, cerca de 300 outras patentes de variados modelos foram registradas em muitos países. E outras continuam sendo requeridas até os dias de hoje, com a invenção de novos exemplares.

Embora hoje existam vários vedantes que dispensam o seu uso, como a screwcap ou a tampa de vidro (vinolok), uma gama de garrafas ainda são fechadas com as tradicionais rolhas de cortiça ou as modernas sintéticas, o que garante que o saca-rolhas continuará tendo serventia por um longo e imprevisível tempo.

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Há os mais variados formatos, alguns práticos, outros nem tanto, e ainda alguns enormes e complicados. Entre todos, destacamos um que consideramos útil e de fácil utilização: o saca-rolhas de dois estágios, também conhecido como “modelo sommelier ou garçom”. É em geral o modelo preferido pelos profissionais do vinho, pois é portátil e de fácil manuseio.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Nova droga pode reduzir em mais da metade risco de câncer de mama

BBC BrasilCâncer de mama. SPL

Um estudo britânico com 4 mil mulheres mostrou que o uso da droga anastrozol pode reduzir em mais da metade a probabilidade de desenvolvimento de câncer de mama em pacientes de alto risco.

O estudo da Universidade Queen Mary, de Londres, foi publicado na revista Lancet. Além de mais barato, o anastrozol se mostrou mais eficaz e apresentou menos efeitos colaterais que os medicamentos habituais.

O estudo dividiu as mulheres em dois grupos, ambos com pacientes consideradas de alto risco (por possuírem histórico de câncer na família).

No primeiro grupo, no qual as mulheres não receberam o anastrozol, 85 dentre 2 mil mulheres desenvolveram câncer de mama. Já no segundo grupo, que recebeu o medicamento, apenas 40 entre 20 mil mulheres tiveram câncer. Não houve registro de efeitos colaterais.

O estudo mostrou que o anastrozol impede a produção do hormônio estrógeno, substância que tende a impulsionar o crescimento da maioria dos cânceres de mama.

O chefe da pesquisa, professor Jack Cuzick, comemorou a descoberta, lembrando que "o câncer de mama é de longe o mais comum entre as mulheres e agora temos chances de reduzir os casos".

"Esse tipo de droga é mais efetiva que as habituais como o tamoxifeno e, o que é crucial, tem menos efeitos colaterais".

 

Pós-menopausa

O estudo também concluiu que o anastrozol apenas não consegue impedir a produção de estrógeno nos ovários, o que o faz efetivo apenas se ministrado a mulheres que já passaram pela menopausa.

Nesse caso, o medicamento mais indicado seria o tamoxifeno, cujo custo é igualmente baixo, por causa da patente já vencida.

Alguns países já disponibilizam o tamoxifeno, além do raloxifeno, como medicamento preventivo. Ambas igualmente bloqueiam a produção de estrógeno. No caso do tamoxifeno, antes e depois da menopausa. O ponto negativo é que ambos também aumentam o risco de câncer de útero e trombose venosa profunda.

 

Rede pública

Médicos e ativistas já começaram a pedir que o medicamento esteja disponível na rede pública de saúde da Grã-Bretanha. Alguns chegam a sugerir que o remédio seja oferecido a mulheres saudáveis.

Em 2013, o Instituto Nacional de Saúde e Tratamento de Excelência da Inglaterra e do País de Gales recomendou o uso de tamoxifeno a mulheres de alto risco e com mais de 35 anos.

Considerando que a recomendação poder ser extendida ao anastrozol, isso significa que até 240 mil mulheres possam ser beneficiadas na Grã-Bretanha, segundo a ONG Cancer Research UK.

Para a professora Montserrat Garcia-Closas, do Institute of Cancer Research de Londres, que conduziu o maior estudo sobre câncer de mama, "esta é uma descoberta muito significativa e muito importante".

"A questão agora é se a droga vai reduzir a mortalidade e se vai requerer mais estudos. Mas isso já traz importantes evidências de que a dorga pode ser uma alternativa ao tamoxifeno", disse.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Demência: o que fazer para evitar um desastre global

Por James Gallagher - Ciência e Saúde da BBC News

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A demência foi identificada por autoridades de saúde como "um desastre global prestes a acontecer", o maior problema médico enfrentado pela geração atual.

A cada quatro segundos, uma pessoa é diagnosticada com alguma forma de demência no mundo. Calcula-se que o número de casos cresça dos 44 milhões atuais para 135 milhões em 2050.

A demência já custa ao mundo US$ 604 bilhões por ano.

O termo demência é usado para descrever quadros médicos em que ocorre a perda - temporária ou permanente - das capacidades cognitivas de um indivíduo. Há múltiplas causas, entre elas, disfunções metabólicas, infecções, desnutrição ou doenças degenerativas como o Mal de Alzheimer.

Nesta semana, representantes do G8 - as oito maiores economias do planeta - se reunirão em Londres para discutir formas de lidar com o problema.

O governo britânico, que ocupa a presidência rotativa do G8, anunciou nesta quarta-feira que está dobrando a verba dedicada à pesquisa sobre demência para 132 milhões de libras (mais de meio bilhão reais) até 2015.

Segundo um relatório da Organização Mundial da Saúde em 2012, o Brasil é o nono país do mundo com o maior número de casos, com 1 milhão de pacientes com demência.

A BBC perguntou a especialistas da área quais seriam suas prioridades se recebessem os fundos necessários e carta branca para lidar com o problema.

 

Antecipar diagnósticos

No dia em que seu médico lhe diz que você tem demência, você pode pensar que está vivendo o estágio inicial do problema. No entanto, não é o caso.

O processo de morte das células do cérebro tem início entre dez e 15 anos antes de que os problemas de memória se tornam aparentes.

Ou seja, quando o paciente faz o teste de memória e recebe o diagnóstico, ele já está sofrendo da doença há pelo menos dez anos.

A essa altura, um quinto dos principais centros de memória do cérebro já estão mortos.

Para alguns especialistas, isso talvez explique a ausência de êxito em testes com medicamentos para tratar o problema: eles estão tentando tratar a doença quando já é tarde demais.

O foco na antecipação do tratamento "é absolutamente essencial nas pesquisas", disse o neurologista Nick Fox, do National Hospital for Neurology and Neurosurgery, em Londres.

Já houve algum progresso. Agora já é possível ver algumas das proteínas associadas ao Mal de Alzheimer em tomografias do cérebro, mas o desafio é usar esses recursos para prever o desenvolvimento da demência.

"Houve imensos avanços em tecnologias que produzem imagens so cérebro. Vivemos uma nova era e isso é muito empolgante", disse Fox.

Outros métodos estão sendo investigados, como, por exemplo, técnicas que identificam a presença, no sangue de uma pessoa, de substâncias químicas que ofereçam indícios do desenvolvimento futuro da demência.

Outro ponto que os pesquisadores ressaltam é que há vários tipos de demência. O Mal de Alzheimer, a demência vascular e a demência com Corpos de Lewi têm sintomas similares, mas talvez requeiram tratamentos diferentes.

 

Interromper mortes de células

Não há remédios capazes de interromper nem desacelerar o progresso de qualquer forma de demência.

Havia muita esperança em duas drogas para tratar o Mal de Alzheimer - Solanezumab e Bapineuzumab - mas elas fracassaram nos testes.

Os experimentos sugerem, no entanto, que existe uma pequena chance de que a droga Solanezumab surta efeito em pacientes em estágios bem iniciais da doença.

Uma nova série de testes está sendo feita em pacientes com demência moderada.

"Se o Solanezumab tiver efeito sobre casos moderados de Mal de Alzheimer, então o caminho seria dar (a droga) cada vez mais cedo", disse Eric Karran, diretor de pesquisas da ONG britânica Alzheimer's Research UK.

Alcançar a cura é, obviamente, o sonho de todo especialista nesse campo. Mas retardar a evolução da demência já traria um impacto gigantesco.

Segundo cálculos, se conseguíssemos atrasar em cinco anos o desenvolvimento da doença, já cortaríamos pela metade o número de pessoas vivendo com demência.

 

Drogas para sintomas

Existem algumas drogas que ajudam as pessoas a viver com os sintomas da demência, mas não são suficientes.

Há medicamentos capazes de aumentar as sinalizações químicas entre as células do cérebro que sobreviveram.

Mas o mais recente medicamento desse tipo, Memantine, foi aprovado em 2003 nos Estados Unidos.

Desde então, não apareceu nenhum outro.

O médico Ronald Petersen, diretor do Alzheimer's Disease Research Centre na Mayo Clinic, Estados Unidos, disse à BBC: "Isso é terrível quando você leva em conta os bilhões que foram investidos nessa doença".

"Existem 44 milhões de pessoas com Mal de Alzheimer e também temos de tratá-las" (além de encontrar uma cura).

"Precisamos desenvolver drogas para tratar os sintomas e retardar o progresso da doença, como fazemos com (pacientes que sofreram) ataques cardíacos".

 

Minimizar riscos

Você quer cortar radicalmente suas chances de desenvolver câncer de pulmão? Não fume.

Quer evitar um ataque cardíaco? Faça exercícios e adote uma dieta saudável.

Mas se quiser evitar demência, não há respostas definitivas.

A idade é o maior fator de risco. Na Grã-Bretanha, uma em cada três pessoas com idade acima de 95 anos tem demência.

Há indícios de que exercícios regulares e dieta saudável tenham efeitos positivos em prevenir ou retardar o desenvolvimento da demência.

Mas ainda não se sabe com clareza de que forma o histórico familiar, o estilo de vida e o meio-ambiente se combinam para que um indivíduo tenha ou não demência.

O geriatra Peter Passmore, da British Geriatrics Society e da Queen's University Belfast, na Irlanda do Norte, disse que o melhor conselho até agora é: "Manter o coração saudável para evitar danos ao cérebro".

"Evite a obesidade, não fume, faça exercícios regularmente, controle a pressão sanguínea, o açúcar e o colesterol."

"Isso tem poucas chances de fazer mal e pode até fazer bem!"

 

Como cuidar eficazmente

A demência tem custos imensos para a sociedade, mas as contas médicas respondem por uma porção pequena da custo total.

O custo real está no tempo passado em casas para idosos e na renda perdida por familiares que abandonam seus empregos para cuidar de parentes doentes.

As pesquisas também precisam ser direcionadas para a busca da melhor maneira de se cuidar de pacientes com demência. E também de preservar a independência do paciente pelo maior tempo possível.

Estudos já mostraram que a ingestão de remédios antipsicóticos pode ser cortada pela metade se equipes que trabalham com os pacientes receberem o treinamento adequado.

Doug Brown, da Alzheimer's Society, disse que talvez um dos campos mais fáceis de pesquisa sobre demência seja o estudo de como cuidar dos pacientes.

"Podemos fazer muitos estudos sobre a assistência e os cuidados que oferecemos às pessoas com demência hoje para que vivem da melhor forma possível".