domingo, 30 de agosto de 2015

Soneca durante o dia diminui risco de infarto, diz estudo

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Um estudo indica que sonecas na hora do almoço diminuem a pressão sanguínea e o risco de infarto ou AVC.

De acordo com o estudo, feito por pesquisadores gregos e apresentado durante congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, dormir por meia hora ou mais durante o dia diminui o risco de ataque cardíaco em até 10%.

Cerca de 400 pessoas com pressão alta participaram da pesquisa.

"Atualmente é um luxo achar tempo para dormir no meio do dia, mas se uma pessoa tem tempo para isso e quer fazer isso, dormir por 30, 40 ou 50 minutos é provavelmente positivo", diz o autor principal do estudo, Manolis Kallistratos.

A pesquisa mostrou que as pessoas com pressão alta que tiravam sestas tinham pressão sanguínea 4% mais baixa quando acordadas e 6% mais baixa quando estavam dormindo, à noite, que a das pessoas que não tiravam sonecas.

Os pesquisadores pretendem fazer mais estudos sobre os efeitos de dormir durante o dia.

Fonte: BBC Brasil

Esperança futura: exame de sangue pode rastrear mutações no DNA de tumores circulantes e prever precocemente recaídas do câncer de mama

Predizer o risco de recorrência de um paciente que já teve umcâncer é um desafio para a medicina moderna. Felizmente, o DNA do tumor (ctDNA) presente no sangue circulante pode dar pistas sobre células cancerosas residuais deixadas para trás após um tratamento, as quais podem semear novos tumores. O estudo foi publicado na revistaScience Translational Medicine.

Garcia-Murillas e colaboradores, pesquisadores do The Institute of Cancer Research, em Londres, e do The Royal Marsden NHS Foundation Trust, desenvolveram um ensaio personalizado baseado na reação em cadeia da polimerase digital do ctDNA para rastrear mutações ao longo do tempo, em pacientes com câncer de mama em estágio inicial que tinham recebido tratamentos aparentemente curativos, com cirurgia e quimioterapia.

Estas mutações-chave revelaram um pequeno número de células cancerosas residuais que resistiram à terapia e foram encontradas através da detecção de DNA do câncer na corrente sanguínea, sem a necessidade de procedimentos invasivos como uma biópsia.

O rastreamento de mutação em amostras seriais previu, com precisão, recaídas metastáticas em vários casos, meses antes da recaída clínica (média de oito meses antes). Tal previsão antecipada, sem precedentes, poderia permitir a intervenção terapêutica antes do reaparecimento do câncer em pacientes de alto risco. Além disso, os autores foram capazes de conhecer mais sobre os eventos genéticos que conduzem a estas metástases, por sequenciamento paralelo em massa do ctDNA, o que poderia informar sobre novas terapias à base de medicações desenvolvidas tomando como referência as mutações individuais dos pacientes.

Fonte: Science Translational Medicine, volume7, número 302, 26 de agosto de 2015 – News.med.com

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Células cancerosas podem ser transformadas em tecido saudável, dizem cientistas

Thinkstock

Cientistas nos EUA acreditam que podem ter encontrado uma forma de transformar células cancerosas em tecido saudável.

O trabalho dos pesquisadores da Mayo Clinic foi feito apenas em laboratório, mas já sugere que há uma possibilidade de restaurar a normalidade das células e suspender sua reprodução descontrolada.

As moléculas usadas nos testes conseguiram travar o crescimento do câncer, e os cientistas esperam que esse novo mecanismo possa ser usado em todos os tipos de tumores.

No entanto, apesar de os primeiros testes em laboratórios parecerem promissores, ainda não está claro se esta técnica vai ajudar no tratamento de pessoas que tenham a doença.

O resultado da pesquisa foi publicado na revista especializada Nature Cell Biology.

Pisando no freio

A pesquisa da Mayo Clinic junta dois ramos da pesquisa científica: aderência entre células e biologia do microRNA (também conhecido como miRNA), que, até o momento, não tinham sido ligados.

Os cientistas pensavam que as moléculas de adesão eram simplesmente a cola que mantém as células juntas. Mas descobriu-se que elas podem ter um papel de sinalização.

O trabalho da Mayo Clinic mostrou que as moléculas de adesão conectam células e também emitem sinais através dos miRNAs para controlar o crescimento de células.

Se esse processo fica desregulado, as células crescem descontroladamente, o que pode impulsionar o câncer.

Mas reabastecer as células com miRNAs pode solucionar esse problema.

"Ao administrar os miRNAs afetados em células cancerosas para restaurar seus níveis normais, devemos ser capazes de restabelecer os freios (ao câncer) e restaurar a função normal da célula", disse Panos Anastasiadis, que liderou a pesquisa.

"Experimentos iniciais em alguns tipos agressivos de câncer são realmente muito promissores", acrescentou.

"Esta pesquisa resolve um mistério biológico que já durava muito tempo, mas não devemos nos precipitar", disse Henry Scowcroft, da Cancer Research UK, ONG britânica especializada em pesquisas oncológicas.

"Há um longo caminho a ser percorrido antes de sabermos se estas descobertas, em células cultivadas em um laboratório, vão ajudar a tratar pessoas com câncer. Mas é um importante passo à frente na compreensão de como certas células em nosso corpo sabem quando crescer e quando parar. Compreender esses conceitos chave é crucial para ajudar a continuar estimulando o progresso contra o câncer que vimos nos últimos anos", acrescentou.

Fonte: BBC Brasil

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Risco de desenvolver tumores malignos relacionados ao consumo de álcool aumenta mesmo com a ingestão de uma única dose de bebida alcoólica ao dia por mulheres

Para quantificar o risco de câncer em geral em todos os níveis de consumo de álcool entre homens e mulheres separadamente, com foco no consumo leve a moderado de álcool em pessoas que nunca fumaram, e avaliar a influência dos padrões de consumo sobre o risco de câncer em geral foram avaliados os dados de dois estudos prospectivos de coorte. Os participantes eram 88.084 mulheres e 47.881 homens participantes dos estudos Nurses’ Health Study (de 1980) e Health Professionals Follow-up Study (de 1986), seguidos até 2010.

Os principais resultados mostram 19.269 e 7.571 (excluindo cânceres não-avançados de próstata) casosincidentes de câncer documentados entre mulheres e homens, respectivamente, em mais de três milhões de pessoas-ano. Em comparação com os não-bebedores, pessoas com consumo leve ou moderado de álcool tiveram riscos relativos de câncer total de 1,02 e 1,04 para um consumo de álcool de 0,1-4,9 e 5-14,9 g/dia entre as mulheres, respectivamente. Os valores correspondentes para os homens foram 1,03; 1,05 e 1,06 para um consumo de álcool de 0,1-4,9; 5-14,9 e 15-29,9 g/dia, respectivamente. As associações para o consumo leve a moderado de álcool e o câncer total foram semelhantes entre os que sempre fumaram e os que nunca fumaram, embora o consumo de álcool acima dos níveis moderados (em particular ≥30 g/dia) foi mais fortemente associado ao risco de câncer total entre fumantes do que entre quem nunca fumou.

Para uma primeira definição de câncer relacionado ao consumo de álcool em homens, o risco não foi consideravelmente aumentado para consumidores de bebidas alcoólicas nos níveis leve e moderado nos que nunca fumaram. No entanto, para as mulheres, até mesmo um consumo de álcool de 5-14,9 g/dia foi associado a um risco aumentado de câncer relacionado ao álcool, impulsionado pelo risco de câncer de mama.

Fonte: BMJ, publicação online, de 18 de agosto de 2015 – News.med.br

Como funciona o 'viagra' feminino, recém-aprovado pelos EUA

(AP)

Aguardado com ansiedade, o primeiro remédio para aumentar a libido das mulheres foi aprovado pela FDA (Food and Drug Administration, ou a Anvisa americana). Mas como funciona o "viagra feminino"?

Diferentemente da versão masculina, que aumenta o fluxo sanguíneo na região genital, a droga, conhecida como Flibanserin e comercializada sob o nome de Addyi, atua diretamente sobre o sistema nervoso central das mulheres.

Versões anteriores da pílula já haviam sido submetidas à aprovação da FDA, mas não obtiveram sinal verde para serem comercializadas.

Segundo a agência, elas foram rejeitadas por falta de eficácia e por seus efeitos colaterais, como náusea, tonturas e desmaios.

A FDA alerta que a versão aprovada também pode causar danos à saúde, especialmente para quem tem problemas de fígado, ou se tomada com outros medicamentos, tais como alguns tipos de esteroides.

Além disso, a combinação com álcool pode ser explosiva, explica Leonore Tiefer, professora da Escola de Medicina da Universidade de Nova York.

"O álcool é o mais sério de todos (os riscos), porque essa é uma droga que afeta o sistema nervoso central. O medicamento tem um efeito sedativo, as pessoas desmaiaram mesmo sem tomar álcool. Mas o álcool parece piorar esse problema."

Outros especialistas são mais otimistas em relação ao novo remédio.

"A aprovação desse medicamento abre a porta para o desenvolvimento de outros produtos, para outras opções de tratamento. Isso abre a discussão entre a mulher e o clínico sobre o desejo sexual dela e dá um sinal às farmacêuticas que elas devem continuar desenvolvendo mais drogas como essa no futuro", afirmou Leah Millheiser, da Universidade de Stanford.

Só para tratar transtornos

A Flibanserin, produzida pelo laboratório farmacêutico Sprout Pharmaceuticals, foi aprovada por um comitê da FDA por 18 votos a seis no último dia 4 de junho.

A agência, no entanto, informou que a nova droga só deve ser ministrada ao tratamento de "transtornos de desejo sexual hipoativo (HSDD, na sigla em inglês)".

Dessa forma, um médico deverá determinar se a paciente sofre da doença, caracterizada pela falta de apetite sexual.

Atualmente, não há nenhuma droga aprovada no mercado americano para o tratamento da HSDD ou outra condição similar.

"Essa condição é claramente uma área em que as necessidades médicas ainda não foram atendidas", informou a FDA.

Segundo o fabricante, o medicamento deve ser ingerido diariamente. Alguns médicos alertaram, no entanto, que seriam necessárias semanas para que sejam sentidos os primeiros benefícios da nova droga.

No informe, a FDA acrescentou que o tratamento deveria ser interrompido se não houver melhora após o fim de oito semanas.

A CEO da Sprout, Cindy Whitehead, afirmou à agência de notícias Associated Press que promoveria o Addyi "com parcimônia".

"Não queremos que um paciente que não esteja tendo qualquer benefício tome o medicamento e diga a todo mundo que ele não funciona", afirmou ela.

A droga foi originalmente produzida pelo laboratório alemão Boehringer Ingelheim. A Sprout comprou a patente do medicamento depois de que ele foi rejeitado inicialmente pela FDA.

Fonte: BBC Brasil

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Como show de aberrações financiou uma revolução na medicina

Foto: AP

No começo do século 20, feiras de aberrações atraíam multidões de curiosos nos EUA e na Europa, reunindo de engolidores de espadas, mulheres tatuadas e dançarinas burlescas a bebês prematuros expostos em urnas de cristal.

Na feira Luna Park de Coney Island, em Nova York, estes "bebês de incubadora" faziam parte de uma exposição cuja entrada custava US$ 0,25.

A exposição foi aberta em 1903 e se continuou em cartaz por 40 anos.

Mas, por trás das estranhas urnas havia mais do que um homem de negócios: o doutor Martin Couney, um neonatologista pioneiro que oferecia a pais desesperados uma alternativa inovadora, quando os hospitais consideravam seus bebês desenganados.

Foto: AP

Era este dinheiro dos visitantes que financiava o trabalho gratuito de Couney.

Um médico fora do sistema

O médico se formou na Alemanha e mais tarde estudou em Paris com o doutor Pierre Budin, pioneiro na teoria das incubadoras fechadas, projetadas para manter o calor dos bebês e protegê-los dos germes.

Apesar dos resultados positivos, as técnicas de Couney e Budin não se encaixavam no receituário da maioria dos hospitais da época.

Foto: AP

Segundo conta Jeffrey P. Baker em um artigo sobre a história das incubadoras, Couney se queixava de ser visto como simples empresário, já que foi o "salvador" de milhares de crianças.

Ele afirmava que fazia "campanha pelos devidos cuidados aos prematuros".

Na prática, afirma Baker, as exposições de bebês prematuros no começo do século 20 ofereciam uma tecnologia para cuidados médicos que nenhum hospital da época possuía.

Nas mostras, os bebês eram atendidos por médicos e enfermeiras que se revezavam em turnos.

O próprio doutor estimou ter mantido vivos entre 1903 e 1943 cerca de 7,5 mil dos 8,5 mil prematuros que passaram por suas incubadoras de exposição.

Um destes bebês sobreviventes é Beth Allen, que nasceu prematura em 1941, com uma irmã gêmea que não sobreviveu ao parto.

Foto: AP

Foi o pai de Beth que registrou o trabalho de Couney em fotografias. É ela que aparece nos braços do próprio doutor Couney, na foto que ilustra o alto desta página.

Em entrevista à agência de noticias AP, Allen contou que a sua mãe a princípio não queria pôr a filha em uma das incubadoras de Coney Island, mas foi convencida pelo pai.

A mulher, que hoje tem 74 anos e mora em Nova Jersey, considera assustador o espetáculo de prematuros, algo impensável hoje em sua opinião.

"Quanto mais envelheço, mais aprecio a oportunidade que me foi dada para estar aqui hoje falando com você e para viver a vida maravilhosa que tive", afirmou.

'Acho que pesava apenas uns 900 gramas'

Lucille Horn, nascida em 1920, é outro bebê prematuro que sobreviveu graças às mostras de prematuros.

"O meu pai me disse que eu era tão pequena que eu cabia na palma da sua mão", afirmou à própria filha em uma entrevista para o projeto StoryCorps, uma iniciativa americana de registro de histórias pessoais em áudio.

Foto: APLucille Horn sobreviveu após ter nascido em 1920 pesando apenas 900 gramas

"Acho que pesava apenas uns 900 gramas, e não podia sobreviver por conta própria, era muito frágil", diz ela na gravação.

Lucille também tinha uma irmã gêmea que morreu no parto. No hospital, não lhe deram a menor esperança de vida.

Mas ela conta que o pai não se deu por vencido: envolveu a criança numa toalha e a levou num táxi até Coney Island, onde o doutor Couney mantinha a exposição de prematuros.

Uma enfermeira do hospital Queen Mary de Londres cuida de dois bebês numa incubadora, em foto de 1927. E ali Lucille passou seis meses.

A hoje nonagenária afirma que quando era adolescente voltou à feira de aberrações para ver os bebês. E decidiu se apresentar ao doutor Couney ao vê-lo.

"Havia um homem em frente a uma incubadora olhando para o seu bebê, e o doutor Couney se aproximou e o tocou no ombro", relembra Lucille.

"Olhe esta jovem, é um de nossos bebês. E é assim que o seu bebê irá crescer", afirmou o médico ao pai agoniado, segundo a sobrevivente.

Popularização demorada

A invenção da incubadora em 1880 alimentou décadas de entusiasmo popular e médico, mas o desenvolvimento da tecnologia foi lento nos 50 anos seguintes.

Foto: Getty

Voluntárias aprendem a cuidar de bebês prematuros e a usar incubadoras no hospital de Leeds, na Inglaterra, em 1939.

Um artigo publicado em 2000 na revista especializada Journal of Perinatologyaponta que é importante considerar esta história não apenas pelo lado tecnológico, mas sob a perspectiva da responsabilidade em relação ao recém-nascido, e como esta foi sendo transferida das mães aos obstetras e, depois, aos pediatras.

O doutor Couney morreu em 1950, pouco depois da popularização das incubadoras nos hospitais.

Atualmente, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), 15 milhões de prematuros nascem por ano – são prematuros os nascimentos registrados antes da 37ª semana de gestação, das 40 de praxe.

Cerca de um milhão desses bebês não sobrevive. E muitas destas mortes podem ser evitadas mantendo apenas o calor dos bebês.

A temperatura do corpo de um bebê cai logo que ele deixa o ambiente controlado do útero materno. Por isso é importante regular a sua temperatura após o parto.

Ocorre, contudo, que prematuros possuem pouca gordura corporal, daí a capacidade reduzida de controlar a própria temperatura – e a importância do experimento do dr. Couney.

Fonte: BBC Brasil

Quais são os melhores antidepressivos para os idosos?

Apesar de seu uso comum na prática clínica diária, não se sabe a eficácia comparativa e a segurança dos inibidores seletivos da recaptação da serotonina e dos inibidores da serotonina/norepinefrina em idosos. Para responder a esta questão, uma equipe de cientistas da Universidade de Stanford, na Califórnia, realizou uma revisão sistemática e meta-análise com 15 ensaios clínicos randomizados elegíveis para inclusão, incorporando estudos sobre o uso de citalopram, escitalopram, paroxetina, duloxetina, venlafaxina, fluoxetina e sertralina. Os dados sobre a resposta parcial (definida como pelo menos uma redução de 50% na pontuação da depressão em relação à linha de base) e fatores de segurança - tais como tonturas, vertigens, síncopes, quedas e perda de consciência - foram extraídos, uma meta-análise de rede Bayesiana foi realizada e os riscos relativos (RR) foram produzidos.

Em um estudo, publicado pelo Journal of the American Geriatrics Society, envolvendo indivíduos com 60 anos de idade ou mais, os pesquisadores descobriram que, em relação à resposta parcial, a sertralina (RR=1,28), paroxetina (RR=1,48) e duloxetina (RR=1,62) foram significativamente melhores do que o placebo. Os restantes produziram RRs menores do que 1,20. Em relação à vertigem, a duloxetina (RR=3,18) e a venlafaxina (RR=2,94) foram estatística e significativamente piores do que o placebo. Em comparação ao placebo, a sertralina tinha o menor RR para tontura (1,14) e a fluoxetina tinha o segundo RR mais baixo (1,31). O citalopram, escitalopram, paroxetina e todos os outros tinham RRs entre 1,4 e 1,7.

Os autores concluíram que havia evidência clara da eficácia da sertralina, paroxetina e duloxetina. Parece haver também uma hierarquia de segurança associada aos diferentes antidepressivos e uma escassez de relatórios de resultados de segurança. Em um momento de pesquisas comparativas de eficácia, parece que ainda se faz necessário dar maior foco na eficácia comparativa destes e de outros medicamentos psiquiátricos.

Fonte: Journal of the American Geriatrics Society, agosto de 2015 – News.med.br

domingo, 16 de agosto de 2015

Para perder peso, é melhor cortar gordura do que carboidrato, diz pesquisa

(Thinkstock)

Para perder peso, é melhor cortar gorduras do que carboidratos de sua dieta. Pelo menos é o que afirma uma pesquisa recém-publicada.

O estudo acompanhou um grupo de pessoas com dietas controladas ao monitorar refeições, atividade física e respiração de cada uma delas.

Ambas as dietas, analisadas pelo National Institutes of Health, no Estado americano de Maryland, nos Estados Unidos, levaram à perda de peso quando as calorias foram reduzidas, mas as pessoas emagreceram mais quando diminuíram a ingestão de gordura.

Os especialistas constataram, assim, que uma dieta pobre em gordura é a melhor alternativa para quem quer se livrar dos 'quilinhos extras'.

A conclusão contradiz o argumento de que a restrição de carboidratos seria a melhor maneira de emagrecer, já que alteraria o metabolismo do corpo.

'Processo químico'

"Quando você corta a ingestão de carboidrato, você realmente perde gordura, mas não tanto quando você para de comer gordura", diz o responsável pela pesquisa, Kevin Hall, do National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases, nos Estados Unidos.

No estudo, 19 pessoas obesas seguiram uma dieta de 2,7 mil calorias por dia.

Em seguida, durante um período de duas semanas eles tentaram dietas que cortaram a ingestão calórica em um terço, ora reduzindo carboidratos ora gordura.

A equipe analisou a quantidade de oxigênio e dióxido de carbono sendo expelido pelos participantes bem como a quantidade de nitrogênio na urina deles. O objetivo era calcular precisamente os processos químicos dentro do corpo.

Os resultados publicados na revista científica Cell Metabolism mostraram que seis dias depois do início da dieta, aqueles que reduziram a ingestão de gordura perderam em média 463 gramas de gordura ─ 80% a mais do que aqueles que só cortaram carboidratos, cuja perda média foi de 245 gramas.

Hall disse que não havia motivo "metabólico" para optar por uma dieta com baixo nível de carboidratos.

(Thinkstock)

No entanto, estudos sugerem que no mundo real, onde as dietas são menos rigidamente controladas, as pessoas podem vir a perder mais peso ao reduzir carboidratos.

"Se for mais fácil seguir uma dieta do que a outra, e idealmente de forma permanente, então é melhor que você escolha a dieta com a qual melhor se adapte", afirmou Hall.

"Mas se a dieta com baixa ingestão de gordura for melhor para você, isso não será uma desvantagem metabólica", acrescentou.

Susan Roberts e Sai Das, médicas da Universidade de Tufts, em Boston, no Estado americano de Massachusets, afirmaram que o debate sobre as dietas era fonte de "intensa controvérsia".

Elas afirmaram que o estudo "desmascarou" a teoria de que dietas com baixo nível de carboidrato são melhores, mas o impacto disso a longo prazo ainda "não era sabido".

"A mensagem mais importante agora é provavelmente de que alguns carboidratos são bons, especialmente os de baixo índice glicêmico e integrais".

Segundo Susan Jebb, professora de Saúde Nutricional da Universidade de Oxford, "os pesquisadores concluíram acertadamente que a melhor dieta para a perda de peso é a dieta com a qual o paciente melhor se adapta".

"Todas as dietas funcionam se você consegue se ater a uma dieta que corte calorias, independentemente de gordura ou carboidrato", afirmou ela.

"Seguir à risca uma dieta não é tarefa fácil, especialmente dado o tempo que demora para perder peso", acrescentou.

Fonte: BBC Brasil

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Identificação de três biomarcadores na urina para detecção precoce do adenocarcinoma de pâncreas

Uma combinação de três proteínas encontradas em níveis elevados na urina pode detectar com precisão o câncer de pâncreas em estágio inicial. A descoberta pode conduzir a um exame não invasivo, de baixo custo, para rastrear pessoas em alto risco de desenvolver a doença.

Uma equipe do Barts Cancer Institute, Queen Mary University of London, mostrou que asproteínas LYVE-1, REG1A e TFF1, biomarcadores dosados na urina, podem identificar a forma mais comum de câncer de pâncreas em estágio inicial e distinguir entre este tumor e a pancreatite crônica.

O estudo, publicado na revista Clinical Cancer Research, analisou 488 amostras de urina de pacientes divididos em três grupos:

  • 192 com câncer de pâncreas
  • 92 pacientes com pancreatite crônica
  • 87 voluntários saudáveis.

Foram utilizadas mais de 117 amostras de pacientes com outras condições benignas e malignas do fígado e davesícula biliar para posterior validação.

Por volta de 1.500 proteínas foram encontradas nas amostras de urina, com aproximadamente metade sendo comum a ambos os voluntários de ambos os sexos. Destas, três proteínas - LYVE1, REG1A e TFF1 - foram selecionadas para exame mais detalhado.

Os doentes com câncer pancreático apresentaram níveis aumentados de cada uma das três proteínas quando comparados a amostras de urina de pacientes saudáveis, enquanto que os pacientes com pancreatite crônica tinham níveis significativamente mais baixos do que os doentes com câncer. Quando combinadas, as trêsproteínas podem detectar pacientes com câncer de pâncreas nos estágios I-II com mais de 90% de precisão.

A descoberta é muito importante, pois até o momento não há disponível um exame para diagnóstico precoce do câncer de pâncreas, sendo que a maioria dos pacientes com esta patologia só recebe diagnóstico quando otumor já se espalhou no organismo.

Fonte: Clinical Cancer Research, de 1° de agosto de 2015 – News.med.br

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Probióticos melhoram sintomas comportamentais associados a doenças inflamatórias alterando a comunicação entre o cérebro e o sistema imune

Pacientes com doenças inflamatórias sistêmicas (por exemplo, artrite reumatoide, doença inflamatória intestinal e doença crônica do fígado) geralmente desenvolvem o chamado comportamento doentio, que inclui sintomas como cansaço, falta de apetite, afastamento social e desânimo, o qual surge a partir de alterações na função cerebral.

O eixo microbiota-intestino-cérebro altera a função cerebral e a ingestão de probióticos pode influenciar este comportamento doentio. No entanto, a maneira como os probióticos fazem isso permanece obscura. Já foi descrita uma nova via de comunicação “periferia-cérebro”, na definição de inflamação de órgão periférico, pela qual os monócitos são recrutados para o cérebro em resposta sistêmica à sinalização do TNF-α, conduzindo à ativação da micróglia e subsequentemente ao desenvolvimento do comportamento doentio.

No presente estudo, publicado pelo periódico The Journal of Neuroscience, os investigadores estudaram se a ingestão de probióticos (isto é, mistura de probiótico VSL#3) altera esta via de comunicação “periferia-cérebro”, reduzindo, assim, o desenvolvimento posterior do comportamento doentio. Usando um modelo bem caracterizado de cobaia com inflamação no fígado, foi demonstrado que o tratamento com probiótico (VSL#3) atenua o desenvolvimento do comportamento doentio em ratos com inflamação no fígado sem afetar a gravidade da doença, a composição da microbiota intestinal ou a permeabilidade intestinal.

A atenuação do desenvolvimento do comportamento doentio foi associada a reduções na ativação microglial e infiltração de monócitos cerebrais. Estes eventos foram acompanhados por mudanças em marcadores de ativação imunitária sistêmica, incluindo reduções dos níveis circulantes de TNF-α. As novas observações destacam um caminho através do qual os probióticos mediam mudanças cerebrais e alteram o comportamento. Estes resultados permitem o desenvolvimento potencial de intervenções terapêuticas orientadas para a microbioma intestinal para tratar comportamentos doentios associados à inflamação em pacientes com doenças inflamatórias sistêmicas.

Esta pesquisa mostra que probióticos, quando ingeridos, podem melhorar os comportamentos anormais (incluindo afastamento social e imobilidade) que são comumente associados à inflamação. Os probióticos são capazes de causar este efeito no organismo, alterando a forma como o sistema imunitário manda sinais ao cérebro para alterar a função cerebral. Estes resultados colaboram para a compreensão de como os probióticospodem afetar beneficamente a função cerebral no contexto da inflamação que ocorre no interior do corpo e como eles podem criar alternativas terapêuticas potenciais para o tratamento deste comportamento doentio, que muitas vezes afeta significativamente a qualidade de vida desses pacientes.

Fonte: The Journal of Neuroscience, de 29 de julho de 2015News.med.br