domingo, 24 de fevereiro de 2013

Anvisa aprova uso de remédio oncológico para câncer de mama

Uma nova opção de tratamento contra o câncer de mama avançado deve ficar mais ao alcance das brasileiras.

Na semana passada, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estendeu para essa doença a indicação do everolimo --droga já usada no país para outros fins.

A expectativa é que o remédio possa ser usado por 15% das pacientes com câncer de mama, doença que, segundo estimativas, atingiu 52 mil mulheres em 2012 no Brasil.

A Anvisa segue o entendimento de agências nos EUA e na Europa, que aprovaram em 2012 o uso do everolimo para pacientes na pós-menopausa com câncer de mama avançado, desde que o tumor seja hormonodependente --característica de até 70% do total dos casos.

Segundo Maira Caleffi, presidente da Femama (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama), a droga é uma opção para quem teve metástase, fez tratamento com terapias hormonais, mas se tornou resistente às drogas.

"É uma grande arma e é uma droga oral", diz ela.

Álvaro Caldas, gerente médico do Afinitor (única marca do everolimo, da Novartis), diz que um estudo com 724 mulheres identificou o impacto contra a doença.

"O everolimo mais que dobra a sobrevida livre de progressão da doença, e a paciente chega a ter uma redução do risco de recorrência da ordem de 55%."

O medicamento e o tratamento hormonal que o acompanha custam R$ 8.000 por mês. Algumas mulheres vinham tendo acesso ao remédio por alguns planos de saúde e pela via da Justiça.

Esse foi o caso da advogada Laís Barbosa, 60, que ganhou liminar contra o Estado do Rio Grande do Sul na semana passada. Depois da primeira aparição do câncer, em 2003, a doença voltou em 2012 duas vezes em locais diferentes. Da segunda vez, começou a tomar o everolimo, obtido por doação.

"Em dezembro, fiz uma ressonância magnética do crânio e a melhora foi gritante. Daí saiu toda a vontade de lutar e pedir o remédio na Justiça", conta ela.

Patrick Eckert, gerente-geral de oncologia no Brasil da Novartis, diz que a empresa deve encaminhar ao Ministério da Saúde, nos próximos dias, um pedido para que o uso do remédio seja
incorporado à rede pública.

Fonte: Folha de São Paulo

sábado, 23 de fevereiro de 2013

FDA: uso de codeína em crianças após amigdalectomia e/ou adenoidectomia pode levar a eventos adversos graves ou morte

O Food and Drug Administration (FDA) está revisando relatos a respeito de crianças que desenvolveram efeitos adversos graves ou morreram depois de tomar codeína para alívio da dor após amigdalectomia e/ou adenoidectomia, para tratar a síndrome deapneia obstrutiva do sono. Recentemente, três mortes em crianças e um caso de depressão respiratória grave foram documentados na literatura médica. Essas crianças (com idades entre 2 e 5 anos) apresentaram evidências de uma habilidade herdada (genética) para converter a codeína em morfina em quantidades de risco para a vida. Todas as crianças receberam doses de codeína que estavam dentro daquelas habitualmente recomendadas.

A codeína é um analgésico opiáceo utilizado para tratar a dor leve à moderadamente grave. Também é usada, geralmente em combinação com outros medicamentos, para reduzir a tosse. Ela está disponível como produto com um único ingrediente ou em combinação com paracetamol ou aspirina em alguns medicamentos para gripe e tosse.

Quando a codeína é ingerida, ela é convertida em morfina no fígado por uma enzimachamada citocromo P450 2D6 (CYP2D6). Algumas pessoas têm variações de DNA que tornam esta enzima mais ativa, fazendo com que a codeína seja convertida em morfina mais rápido e completamente do que em outras pessoas. As chamadas "metabolizadoras ultra-rápidas" de substratos das isoenzimas do citocromo P450 2D6 (incluindo codeína) são mais propensas a ter quantidades maiores do que o normal de morfina no sangue depois de tomar codeína. Altos níveis de morfina podem resultar em dificuldade respiratória, que pode ser fatal. Tomar codeína após amigdalectomia e/ou adenoidectomia pode aumentar o risco de problemas respiratórios e morte em crianças que são "metabolizadoras ultra-rápidas." O número estimado de "metabolizadoras ultra-rápidas" é geralmente 1 a 7 por 100 pessoas, mas pode ser tão alto quanto 28 por 100 pessoas em determinados grupos étnicos.

O FDA está realizando uma revisão de segurança da codeína para determinar se há outros casos de superdosagem acidental ou morte em crianças que tomaram codeína e se estes eventos adversos ocorreram durante o tratamento de outros tipos de dor, como dor no pós-operatório de outros tipos de cirurgias ou procedimentos.

Os profissionais de saúde devem estar cientes dos riscos do uso de codeína em crianças, particularmente naquelas que serão submetidas à amigdalectomia e/ou adenoidectomia para tratar a síndrome de apneia obstrutiva do sono. Caso seja necessária a prescrição de medicamentos contendo codeína, a menor dose eficaz durante o menor período de tempo deve ser usada de acordo com a necessidade (ou seja, não deve ser prescrita em intervalos de tempos pré-determinados).

Os pais que observarem sonolência incomum, confusão mental ou respiração difícil ou ruidosa em seus filhos devem parar de dar a codeína à criança e procurar atendimento médico imediatamente, uma vez que estes são sinais de overdose.

Testes aprovados pelo FDA estão disponíveis para a determinação do genótipo de um paciente CYP2D6.

Fonte: FDA - NEWS.MED.BR, 2013.

Pesquisa propõe gel para reparar dano cardíaco pós-infarto

Uma espécie de "remendo" para corações danificados por infarto, desenvolvido por pesquisadores americanos, poderá ser, no futuro, uma opção para ajudar na reabilitação de pessoas com insuficiência cardíaca.

Trata-se de uma mistura à base de músculo ventricular suíno, que sofreu um processo para que todas as suas células fossem retiradas.

O material foi, então, convertido no que os cientistas chamam de hidrogel.

Ao ser injetado na área necrosada do coração, o material provocaria a melhora na função cardíaca e o aumento do músculo cardíaco.

O hidrogel foi testado em porcos, mas, segundo os autores da pesquisa publicada ontem na revista "Science Translational Medicine", os resultados nos animais mostram segurança e eficácia suficientes para que estudos em humanos sejam realizados.

Um ensaio clínico em humanos deve começar ainda neste ano na Europa.

ARCABOUÇO

A matriz extracelular injetada via cateter forma uma estrutura em cima da qual as células se organizam. Os autores especulam que esse arcabouço envie sinais e, ao reconhecê-los, as células-tronco do corpo encontrariam base de sustentação e regenerariam o tecido afetado.

Segundo Luís Gowdak, médico-assistente da Unidade Clínica de Coronariopatias Crônicas do InCor (Instituto do Coração da USP), o trabalho é um capítulo importante na área de medicina regenerativa e a estratégia merece ser investigada.

Ele faz ressalvas, porém, ao pequeno número de animais do estudo --foram usados apenas 14 porcos, dos quais quatro morreram.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Teste rápido detecta infecção por hanseníase

Um teste simples e barato para detectar a infecção pela bactéria causadora da hanseníase foi desenvolvido por pesquisadores americanos e será fabricado por uma empresa brasileira, a OrangeLife. O preço máximo, segundo um acordo firmado com a empresa, será de US$ 1.

Muitos consideram a hanseníase uma relíquia do passado, mas, a cada ano, 200 mil pessoas são infectadas, segundo a Organização Mundial da Saúde.

O Brasil é um dos países mais afetados. Em 2010, foram detectados 34,9 mil novos casos da doença. Índia, Filipinas, Indonésia e República Democrática do Congo também entram no rol dos países com maior presença da infecção.

A doença tem cura, então uma melhora do diagnóstico precoce pode significar que, um dia, a hanseníase possa se juntar a outros males, como a poliomielite, que estão próximos da erradicação.

MAIS FÁCIL

Os responsáveis pelo novo teste afirmam que o resultado sai em menos de dez minutos. O método é muito mais simples do que o atual, que requer uma incisão na pele e a análise da bactéria ao microscópio.

"Funciona como um teste de gravidez e requer só uma gota de sangue", afirmou Malcolm Duthie, líder do desenvolvimento do teste no Instituto de Pesquisa de Doenças Infecciosas de Seattle, nos EUA. "Posso ensinar qualquer um a usá-lo."

A facilidade de uso é importante, segundo os pesquisadores, porque nem todas os locais onde a doença tem maior prevalência contam com profissionais treinados para realizar o exame para detectar a bactéria ao microscópio ou com laboratórios.

No novo teste, basta inserir a gota de sangue em um recipiente com uma fita plástica. Em seguida, são colocadas três gotas de uma solução. O resultado vem como o de um teste de farmácia: duas linhas querem dizer um diagnóstico positivo.

O que é ainda mais importante, segundo Duthie, é que espera-se que o teste detecte infecções até um ano antes de os sintomas aparecerem. Quanto mais cedo começa o tratamento com antibióticos, melhor é o resultado.

A hanseníase é causada pela Mycobacterium leprae, bactéria "aparentada" da causadora da tuberculose, mas que se reproduz de forma muito mais lenta. Os sintomas podem levar mais de cinco anos para aparecer.

"Estamos animados com o resultado", afirmou Bill Simmons, presidente das Missões Americanas de Hanseníase, um grupo cristão que combate a doença desde 1906.
transmissão

A bactéria só é transmitida após um contato próximo e prolongado. O micro-organismo se espalha para as partes mais frias do corpo: mãos, pés, bochechas e orelha.

Os primeiros sinais visíveis são, em geral, partes sem cor nem sensibilidade na pele. Muitas vezes, as lesões são confundidas com as causadas por fungos ou com doenças como psoríase e lúpus.

O paciente pode sofrer queimaduras e cortes frequentes, pela falta de sensibilidade. Os pés desenvolvem feridas. Segundo Simmons, é aí que o doente acaba percebendo que o problema é grave e procura atendimento. "Aí ele recebe a notícia ruim: 'Sim, você tem hanseníase e gostaríamos que você tivesse vindo aqui seis meses atrás'."

Depois de seis meses, o dano nervoso pode ser permanente. Mesmo que o paciente seja curado --o que envolve um tratamento com três tipos de antibiótico por até 12 meses-- ainda há o risco de desenvolver feridas.

À medida que a bactéria atinge os nervos, os músculos atrofiam e os dedos podem ficar curvados.

Hoje, a maioria dos pacientes é curada antes desses danos, mas o estigma da doença ainda resiste.

Fonte: Folha de São Paulo

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Mortes por overdose de analgésicos crescem nos EUA

Mortes por overdose de drogas subiram pelo 11º ano consecutivo, segundo dados do governo americano. A maioria delas foram acidentes envolvendo analgésicos que causam dependência, apesar da atenção crescente para os riscos desses medicamentos.

"O quadro geral é que esse é um grande problema que piorou rapidamente", disse Thomas Frieden, diretor dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, que reuniu e analisou os dados.

Em 2010, segundo Frieden, houve 38.329 mortes por overdose de drogas em todo o país. Medicamentos, em sua maioria drogas prescritas, estavam envolvidos em quase 60% de mortes por overdose deste ano, ofuscando as mortes por drogas ilícitas.

O relatório foi publicado nesta terça-feira (19) na revista científica "Journal of the American Medical Association".

Ele detalha quais drogas estavam envolvidas na maior parte das fatalidades. Como em anos anteriores recentes, as drogas opioides --que incluem OxyContin e Vicodin-- foram o maior problema, contribuindo para 3 de cada 4 mortes por overdose de medicamentos.

Frieden disse que muitos médicos e pacientes não percebem o quão viciante essas drogas podem ser, e que elas estão muitas vezes sendo prescritas para casos de dores que podem ser controladas com medicamentos menos arriscados.

Os remédios são úteis para casos de câncer, "mas, se você tem dores agudas nas costas ou enxaquecas terríveis, usar essas drogas que causam dependência pode ser perigoso", disse ele.

Foram contabilizadas 22.134 mortes por overdose por medicamentos em 2010. Ansiolíticos, incluindo Valium, estavam entre as causas mais comuns de mortes relacionadas com medicação, envolvidos em quase 30% dos casos. Entre os óbitos relacionados com o medicamento, 17% foram suicídios.

Os dados do relatório vieram de certidões de óbito, que nem sempre são claras sobre se a morte foi um suicídio ou uma tentativa trágica de uso recreativo. Mas parece que a maioria das overdoses por analgésico foi acidental, disse Rich Zane, professor de emergência médica da Escola de Medicina da Universidade de Colorado.

As conclusões do estudo não são surpresa, acrescentou Zane. "Os resultados são consistentes com o que vemos cotidianamente nas emergências", disse ele, acrescentando que as estatísticas sem dúvida têm piorado desde 2010.

Alguns especialistas acreditam que os números dessas mortes vão se estabilizar. "Atualmente, há uma crença geral de que, porque são drogas farmacêuticas, elas são mais seguras do que drogas ilícitas como a heroína de rua", disse Don Des Jarlais, diretor do Instituto de Dependência Química no Centro Médico Beth Israel em Nova York.

"Cedo ou tarde, as pessoas que utilizam esses medicamentos vão se tornar mais conscientes dos perigos", disse ele.

Frieden disse que os dados mostram a necessidade de mais programas de monitoramento de prescrição de drogas ao nível estadual, e mais leis para fechar "vertedouros de pílulas" -- consultórios médicos e farmácias que receitam em excesso remédios que causam dependência.

No mês passado, um conjunto de especialistas federais em segurança de medicamentos recomendou que o remédio Vicodin e dezenas de outros medicamentos sejam submetidos às mesmas restrições que os outros entorpecentes como oxicodona e morfina têm. Enquanto isso, cada vez mais hospitais têm estabelecido restrições mais duras em prescrições de analgésicos.

Um exemplo: o hospital da Universidade de Colorado em Aurora, EUA, está considerando uma regra que proíbe os médicos de emergência de prescrever medicamentos aos pacientes que afirmarem que perderam seus remédios para dor, disse Zane.

Fonte: Folha Online

Teste com 8 marcas mais vendidas de vinho rosé revela defeitos graves em 4 deles

Refrescantes, os vinhos rosés são uma boa opção para os dias quentes do verão. No entanto, os rótulos mais consumidos pelos paulistanos estão longe da excelência.

Quatro das oito marcas de rosé mais vendidas em quatro supermercados de São Paulo têm baixa qualidade. Numa escala de 0 a 5, dois vinhos receberam a nota intermediária (2,5) e apenas dois a ultrapassaram, ou seja, foram bem avaliados.

Essa é a conclusão de uma degustação às cegas organizada pela Folha.

As principais características negativas apontadas por cinco especialistas foram a falta de acidez e a presença desequilibrada de álcool, amargor e açúcar.
Eles observaram também que algumas bebidas remetem a sabores artificiais.

Para Jorge Lucki, colunista do jornal "Valor Econômico" e da revista "Prazeres da Mesa", é o caso do chileno Los Vascos, que lembra aroma artificial de morango.

Sommelière do restaurante paulistano D.O.M., Gabriela Monteleone identificou uma característica semelhante no português Lancers. Para ela, o rótulo "tem gosto e cheiro de Cebion [complemento de vitamina C] e aroma químico".

Além de Lucki e Monteleone, participaram da avaliação Gianni Tartari, sommelier do restaurante Emiliano; Mário Telles Jr., presidente da Associação Brasileira de Sommeliers; e Suzana Barelli, diretora de Redação da revista "Menu".

O VENCEDOR

De uma pequena vinícola em São Joaquim, no interior de Santa Catarina, nasceu o rosé Villa Francioni, o único vinho que não sofreu nenhuma crítica no teste promovido pela Folha, com média de 4,2 pontos, num total de 5.

Foi Manuel Dilor, um empresário do ramo de cerâmica, quem deu o primeiro impulso ao vinhedo de mesmo nome, em 2001, perseguindo um sonho antigo. Acompanhou a colheita e a produção de seus vinhos, mas morreu em 2004 e não teve chance de vê-los comercializados, dois anos depois.

E dessa primeira leva, surge a garrafa testada no mês passado que, segundo os especialistas, é um exemplar coerente ao estilo (rosé).

Não chega a empolgar, sugerem os jurados durante o teste. "É um vinho que eu tomaria em uma festa", diz Jorge Lucki. Para Mário Telles Jr., o vinho apresentou "boa acidez".

Gabriela Monteleone diz mais: "típico, leve e fresco". Já na avaliação de Suzana Barelli, o Villa Francioni 2011 é um "vinho gastronômico, equilibrado e frutado". Nas impressões de Gianni Tartari, mostra-se "elegante", com "cor da Provence".

Foi nessa região do sul da França, inclusive, que o vinho foi inspirado, segundo o enólogo da empresa, Orgalindo Bettu. "Ele é feito com oito diferentes castas, entre elas shiraz, pinot noir e cabernet franc. Sua cor se aproxima da da casca de cebola".

COMO DEVE SER

Um bom rosé tem, em geral, aromas delicados, é leve e refrescante, por não ter elevada quantidade de tanino, substância presente na casca da uva, que dá cor aos vinhos.

Sua cor é sempre mais clara do que a do vinho tinto: durante o processo de vinificação, o suco não fica em contato tão prolongado com a casca da uva, como o tinto.

Vinhos do Novo Mundo tendem a ter tonalidade rosa escura, e os mais tradicionais, sobretudo os da região francesa da Provence, lembram a cor da casca de cebola.

A harmonização pode ser um grande trunfo desse vinho, por sua versatilidade. Ele combina com peixes e frutos do mar e com a cozinha tailandesa, mais intensa.

O QUE DIZEM OS PRODUTORES

Os produtores dos vinhos que tiveram avaliação negativa, com nota abaixo de 2,5, foram ouvidos pela Folha.

Na prova do Lancers, por exemplo, foram identificados amargor, aroma e sabor de ácido ascórbico. Segundo a empresa portuguesa José Maria da Fonseca, responsável pela bebida, "os engarrafamentos passam por provadores e nunca tais aromas foram detectados".

Vinhos foram servidos a 11ºC em teste às cegas

No caso do Quinta da Romaneira 2011, surgem nas avaliações taninos incompatíveis com a categoria, desequilíbrio e excesso de álcool.

"O comentário sobre o álcool em excesso é particularmente inapropriado porque o teor alcoólico desse vinho é de 12,5%, muito abaixo dos encontrados na maioria dos rosés do Douro", diz a vinícola Quinta da Romaneira.

Já o grupo Pão de Açúcar, dono da marca Club des Sommeliers, afirmou, diante das críticas, que "todos os rótulos são escolhidos criteriosamente por uma equipe de sommeliers que realiza diversos testes no produto".

Na avaliação da Folha, os especialistas identificaram amargor, álcool em excesso, presença de dióxido de enxofre (SO2) e acidez artificial.

Acidez também foi um problema apontado no Los Vascos 2012. Para os jurados, aparece exagerada e artificial.

"A safra 2012 apresentou nível ligeiramente superior de acidez ao da safra 2011 do mesmo vinho. Quando avaliamos a coloração, os aromas e a concentração tânica, consideramos compatíveis com rosés chilenos produzidos majoritariamente com a uva cabernet sauvignon".

Fonte: Folha de SP – UOL

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Funcionária que engravidou durante aviso prévio tem direito à estabilidade, diz TST

O TST (Tribunal Superior do Trabalho) decidiu reconhecer o direito à estabilidade provisória de uma trabalhadora que engravidou durante o curso do aviso prévio. Com o entendimento, caso ocorra uma rescisão contratual sem que o empregador ou a própria funcionária saibam da gravidez, fica garantido o direito ao pagamento da indenização desde que a concepção do feto tenha ocorrido antes do desligamento total da trabalhadora.

Em um processo analisado pelo Tribunal no início do mês, uma funcionária que ficou grávida durante o período do aviso prévio conseguiu o direito de receber o pagamento dos salários e demais direitos correspondentes ao período da garantia provisória de emprego assegurada à gestante. A 3ª Turma do TST reformou as decisões das instâncias inferiores e deu provimento ao recurso apresentado pela mulher.

A funcionária acionou a Justiça do Trabalho pedindo reintegração ao emprego. No entanto, o juiz de primeiro grau não reconheceu a estabilidade por gravidez — concordando com o argumento da empresa, que alegou ter a rescisão contratual ocorrido antes da concepção.

No TRT-2 (Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região), a mulher apresentou exames médicos comprovando que a concepção ocorreu durante o aviso prévio, período que integra o tempo de serviço. O TRT-2, contudo, negou o pedido da mulher.

Ao apelar ao TST, a funcionária argumentou que o aviso prévio não significa o fim da relação empregatícia, “mas apenas a manifestação formal de uma vontade que se pretende concretizar adiante, razão pela qual o contrato de trabalho continua a emanar seus efeitos legais”.

O relator do processo na 3ª Turma, ministro Maurício Godinho Delgado, deu razão às alegações da funcionária. “Incontroverso, portanto, que a concepção ocorreu durante o aviso-prévio indenizado, ou seja, antes da despedida, configurada está a estabilidade provisória”, anotou o magistrado.

Assim, por unanimidade, o TST decidiu que a trabalhadora tem direito ao pagamento dos salários do período compreendido entre a data da despedida e o final do período de estabilidade, não lhe sendo assegurada a reintegração.

Número do processo: RR-490-77.2010.5.02.0038

Fonte: Ultima Instância

Só minoria faz teste para detecção de clamídia, diz estudo

Apenas um terço das mulheres faz como rotina o exame de detecção da clamídia, doença sexualmente transmissível que causa obstrução nas trompas e infertilidade.

O alerta é do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) americano que, após estudo, reforçou no mês passado a recomendação do teste para todas as mulheres jovens sexualmente ativas.

Na Europa e nos EUA, a incidência da doença, que afeta homens e mulheres, dobrou nos últimos dez anos. O principal motivo são as relações sexuais sem camisinha.

O CDC estima que 2,8 milhões estejam infectados nos EUA e não saibam. "No Brasil, a situação não é diferente. No nosso laboratório, aparecem muitos casos. É a doença venérea mais frequente", diz o ginecologista Márcio Coslovsky.

O Brasil não tem uma série histórica sobre a incidência da doença porque só o HIV e a sífilis congênita são DSTs de notificação compulsória.

Mas um levantamento do Ministério da Saúde mostrou que quase 10% das jovens entre 15 e 24 anos atendidas pelo SUS estavam infectadas.

Assintomática em 70% dos casos, a clamídia costuma passar despercebida, segundo Coslovsky. "Não dá cheiro, não dá coceira, não dá corrimento", explica o médico.

Normalmente, a pessoa só descobre se o médico pede exames para a detecção. "Mas, para isso, ele precisa lembrar da clamídia, o que normalmente não acontece. Hoje, o médico lembra mais de investigar o HPV", diz o ginecologista Nilson Roberto de Melo, professor da USP e diretor científico da Febrasgo (federação brasileira das associações de ginecologia).

INFERTILIDADE

Nas mulheres, a bactéria pode atravessar o colo uterino, atingir as trompas e causar a doença inflamatória pélvica (DIP). O risco é de as trompas ficarem obstruídas, o que impede a gravidez ou leva a uma gravidez tubária.

Nesses casos, as mulheres que desejam engravidar são orientadas a fazer uma fertilização in vitro, segundo o médico Artur Dzik, presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana.

"Quando elas chegam à clínica [de reprodução], já é tarde, o estrago está feito. Não tem como fazer cirurgia [para desobstruir as trompas]."

O assunto tem sido discutido nas últimas conferências internacionais sobre reprodução humana e colocado como um problema mundial.

HOMENS

Homens infectados por clamídia também estão sujeitos a inflamações nos epidídimos (epididimite) e nos testículos (orquite), que podem causar infertilidade.

"Normalmente, no homem é uma infecção mais leve. O problema é que ele pode infectar a parceira", explica Artur Dzik.

A clamídia também pode ser transmitida da mãe para o bebê na hora do parto.

Não há vacinas contra a clamídia. A única forma de prevenção é o sexo seguro com o uso de preservativos.

O tratamento é feito com antibióticos específicos. Ambos os parceiros precisam receber o tratamento para garantir a cura.

Inimigo Silencioso Crescem os casos de clamídia, doença bacteriana sexualmente transmissível ainda pouco conhecida e que causa infertilidade em homens e mulheres

Fonte: Folha de São Paulo

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Executiva de vendas da Avon consegue reconhecimento de vínculo de emprego

A Quarta Turma do TST (Tribunal Superior do Trabalho) negou provimento ao agravo de instrumento interposto pela empresa Avon Cosméticos, que pretendia a reforma de decisão proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (PR), e reconheceu o vínculo de emprego de uma revendedora promovida a executiva de vendas com a empresa.

A trabalhadora pediu o reconhecimento de vínculo alegando que, após atuar como revendedora dos produtos Avon, foi contratada como executiva de vendas com salário mensal de R$ 2.500. Na função, se tornou responsável pela arregimentação, treinamento e gerenciamento de desempenho das revendedoras que indicava, inclusive recebendo cobranças pela quantidade de vendas que estas realizavam. Mas depois de oito meses de atividade, ela foi dispensada sem justa causa, sem aviso prévio e sem receber as verbas trabalhistas às quais julgava ter direito.

A sentença, no entanto, entendeu que a relação era meramente comercial, por revenda de produtos, e negou o pedido. Ao recorrer ao TRT-PR, a ex-executiva argumentou que sempre foi empregada da Avon, que a atividade que desenvolvia tinha era dirigida e fiscalizada por supervisores e gerentes, que a jornada era controlada, com roteiros e cotas de vendas pré-determinados, e que tinha, obrigatoriamente, que comparecer em reuniões. Por sua vez, a Avon insistiu na tese de que a relação tinha natureza comercial, baseada na compra de produtos para posterior revenda.

Após analisar documentos e ouvir testemunhas, o Regional concluiu que a trabalhadora tinha razão. Constatou, com base nos depoimentos, que as atividades eram acompanhadas in loco pela gerente, e que havia monitoramento via celular. "Se havia acompanhamento e interferência nas atividades da trabalhadora por parte da gerente a ela vinculada, não há como se negar a ocorrência de ingerência da empresa no labor prestado pela autora," concluíram os desembargadores ao reformar a sentença.

O Regional ainda negou seguimento ao recurso de revista da empresa ao TST. Insatisfeita, a Avon interpôs o agravo de instrumento que chegou a ser conhecido pelo ministro Vieira de Mello Filho. Mas, ao analisar o mérito, o relator concluiu que o Regional acertou ao conceder o vínculo à trabalhadora. "Os elementos destacados pela Corte regional, indicam que, efetivamente, houve o correto enquadramento jurídico da questão, esbarrando-se qualquer conclusão de forma diversa na incidência objetiva da Súmula 126," afirmou o ministro. A decisão foi acompanhada por unanimidade.

Número do processo: AIRR–394500-42.2009.5.09.0018


Fonte: ultimainstancia.uol.com.br

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Ácido linoleico (ômega 6) pode não ser tão bom para prevenção secundária de doença cardíaca e morte, de acordo com meta-análise de dados do Sydney Diet Heart Study

Com o objetivo de avaliar a eficácia da substituição de gorduras saturadas por gorduras poli-insaturadas na dieta, como pelo ácido linoleico ômega 6, para a prevenção secundária de doença cardíaca coronariana e morte, foi realizada uma meta-análise de dados recuperados do Sidney Diet Heart Study.

Foi realizada uma avaliação de dados recuperados do Sydney Diet Heart Study. A inclusão destes dados recuperados em uma atualização de meta-análise de estudos de intervenção com ácido linoleico mostrou tendências não significativas de aumento do risco de morte por doença cardíaca coronariana e por doença cardiovascular.

Os participantes eram 458 homens, com idade entre 30 e 59 anos, com um evento coronariano recente, que fizeram a substituição de gorduras saturadas na dieta (a partir de gorduras animais, margarinas comuns e gorduras hidrogenadas) por ácido linoleico ômega 6 (a partir de óleo de cártamo e margarina poli-insaturada com óleo de cártamo). Os controles não receberam nenhuma instrução específica sobre dieta ou alimentos. Todos os aspectos não alimentares foram avaliados para serem equivalentes em ambos os grupos.

Os resultados medidos foram a mortalidade por qualquer causa (resultado primário), a mortalidadecardiovascular e a mortalidade por doença cardíaca coronariana (desfechos secundários). O grupo de intervenção (n = 221) teve maiores taxas de morte do que o grupo controle (n = 237).

  • Morte por todas as causas: 17,6% versus 11,8%; p=0,05.
  • Mortalidade cardiovascular: 17,2% versus 11,0%; p=0,04.
  • Mortalidade por doenças coronarianas: 16,3% versus 10,1%; p=0,04.

Os aconselhamentos para substituir gorduras saturadas por gorduras poli-insaturadas são um componente chave de todas as orientações alimentares para redução de doença cardíaca. No entanto, os benefícios clínicos do ácido graxo poli-insaturado, como o ácido linoleico ômega 6, ainda não foram estabelecidos. Nestacoorte, a substituição de gorduras saturadas pelo ácido linoleico aumentou as taxas de morte por todas as causas, doença cardíaca coronariana e doença cardiovascular. Uma atualização de meta-análise de estudos de intervenção com ácido linoleico não mostrou nenhuma evidência de benefício cardiovascular. Esses achados podem ter implicações importantes para o aconselhamento dietético mundial.

Fonte: British Medical Journal (BMJ), de 5 de fevereiro de 2013 - NEWS.MED.BR, 2013.



Análise científica sugere restrição ao diclofenaco

De acordo com os autores, a droga, que é um anti-inflamatório não esteroide amplamente utilizado ao redor do mundo, apresenta mais riscos à saúde cardiovascular do que outros remédios do tipo

Depois do infarto: tratamento com analgésicos da classe dos antiinflamatórios não-esteróides podem elevar os riscos cardíacosUma análise publicada nesta quarta-feira no periódico PLoS Medicine sugere que o diclofenaco, um anti-inflamatório não esteroide, deixe de fazer parte das listas nacionais de medicamentos essenciais devido ao seu alto risco cardiovascular. Os autores do trabalho também afirmam que seria importante que as autorizações para o marketing do remédio ao redor do mundo fossem revogadas. "O diclofenaco não oferece maiores vantagens em termos de segurança gastrointestinal. Dada a disponibilidade de alternativas mais seguras, o remédio deveria ser removido da lista de drogas essenciais dos países", escreveram os pesquisadores.

Os anti-inflamatórios não esteroides são uma classe de medicamentos prescritos para controlar a dor, a febre e a inflamação. Também fazem parte dessa classe drogas como o ácido acetilsalicílico, o ibuprofeno e o naproxeno. De acordo os autores do trabalho, já é sabido há algum tempo que alguns anti-inflamatórios não esteroides elevam o risco de uma pessoa sofrer algum evento cardiovascular, como ataque cardíaco ou derrame cerebral. E, da mesma forma, os especialistas também sabem que o diclofenaco parece aumentar essa chance mais do que outros remédios do tipo, como o naproxeno, por exemplo. Mesmo assim, em países como Canadá e Inglaterra, o diclofenaco é prescrito até três vezes mais do que o naproxeno.

Perigo conhecido — Ainda de acordo com o trabalho, o risco cardiovascular do diclofenaco é equivalente ao apresentado pelo Vioxx (rofecoxib), que um dia já foi o anti-inflamatório mais vendido no Brasil e cuja venda foi proibida em 2004 justamente pelo risco que apresentava ao coração. Segundo um estudo feito em 2000 pelo próprio fabricante do Vioxx, o laboratório Merck & Co., o consumo diário de 24 miligramas da droga por mais de 18 meses dobrava as chances de infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

A análise publicada nesta terça-feira avaliou os medicamentos utilizados em 15 países de diferentes níveis socioeconômicos e descobriu que o diclofenaco é o anti-inflamatório não esteroide mais utilizado em todos eles. De acordo com a pesquisa, o diclofenaco também faz parte da lista de remédios essenciais de 74 países de baixa, média e alta renda.

A análise foi feita por especialistas do Instituto de Pesquisa William Harvey, em Londres, e do Instituto para Ciências de Avaliação Clínica, no Canadá. Os autores acreditam que esses dados revelam que os riscos associados ao diclofenaco não estão sendo passados para a população de uma forma clara e eficiente.

 

Fonte: Veja



sábado, 9 de fevereiro de 2013

BTG Pactual e Hipermarcas querem laboratório Aché, diz Veja

A venda do laboratório farmacêutico Aché, um negócio que pode atingir cifras de bilhões de dólares, deve avançar no próximo dia 18. É quando a Signatura Lazard, contratada pelos controladores para a operação, recebe as propostas dos interessados. A notícia é da revista Veja.

Nesta semana, EXAME.com já havia noticiado que farmacêuticas globais estariam interessadas na compra do Aché, avaliado em 12 bilhões de dólares. Lauro Jardim, da Veja, cita, como candidatos, os laboratórios internacionais Pfizer e GlaxoSmithKline e os grupos brasileiros BTG Pactual e Hipermarcas.

O Aché é o quarto maior laboratório farmacêutico do Brasil. Ele é considerado atraente, entre outros motivos, porque só algo entre 10% e 15% da sua receita vem de medicamentos genéricos, que são menos lucrativos que os produtos exclusivos.

A receita da Aché nos 12 meses até 30 de setembro de 2012 foi de 1,5 bilhão de reais. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi de 540 milhões de reais, segundo a agência Fitch.

Fonte: Exame



sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

USP testa estimulação com corrente elétrica para depressão

Pesquisadores da USP testam uma alternativa indolor, de baixo custo e com poucos efeitos colaterais para o tratamento da depressão.

Trata-se da estimulação com corrente elétrica contínua. E, ao que indica um estudo publicado pelo grupo no "Jama Psychiatry", revista da Associação Médica Americana, a técnica é eficaz.

Na pesquisa, 120 pessoas com depressão foram divididas em grupos para avaliar a eficácia da técnica, do antidepressivo sertralina (um inibidor da recaptação da serotonina) e da combinação dos dois tratamentos.

Drogas e estimulação tiveram resultados similares e, juntas, um resultado ainda melhor. Entre os que usaram as terapias combinadas, 63% tiveram alguma melhora.

Desses, 46% tiveram remissão, ou seja, a ausência completa de sintomas.
combinação

Segundo André Brunoni, psiquiatra do Hospital Universitário da USP e principal autor da pesquisa, esse é o primeiro estudo a comparar o tratamento com antidepressivos e a combiná-los.

A explicação para o sucesso dessa soma ainda precisa ser confirmada por exames de imagem, mas os pesquisadores imaginam que a estimulação e o remédio atuem em diferentes regiões do cérebro ligadas à depressão.

A técnica, ainda experimental, tem poucos efeitos colaterais (no estudo, foram observados vermelhidão na área da cabeça onde os eletrodos foram posicionados e sete episódios de mania) e custo relativamente baixo.

O aparelho é simples de ser fabricado, pode ser portátil e custa de R$ 500 a R$ 1.000, segundo Brunoni.

Um aparelho de estimulação magnética transcraniana (técnica de neuromodulação não invasiva mais estudada e que recebeu o aval para depressão no Brasil em 2012) chega a custar de US$ 30 mil a US$ 50 mil (R$ 59 mil a R$ 119 mil).

CONVINCENTE

A estimulação por corrente contínua não é novidade --pesquisas em humanos para depressão e esquizofrenia são feitas desde a década de 1960. Os estudos foram retomados a partir de 1990, mas a quantidade é pequena.

"Até esse estudo da USP, os resultados desse tipo de estimulação não eram muito convincentes. Talvez isso se modifique agora", afirma Marcelo Berlim, professor assistente do departamento de psiquiatria da Universidade McGill, em Montréal, Canadá, e diretor da clínica de neuromodulação da instituição.

"É um avanço importante, mas não significa que vamos usar amanhã na prática clínica. Precisamos de mais estudos", diz Brunoni.
Berlim afirma que um dos entraves para que sejam feitas pesquisas maiores para a aprovação da técnica é a falta de investimento de grandes fabricantes do aparelho.

"Como ele é simples e barato, não há interesse por parte da indústria em desenvolver pesquisas de milhões de dólares", afirma o psiquiatra.

ELETROCHOQUE

Bobinas e eletrodos na cabeça não são exclusividade da estimulação elétrica por corrente contínua. Duas técnicas similares, que têm em comum a ausência de medicação, são usadas e aprovadas para depressão no país.

A eletroconvulsoterapia, conhecida como eletrochoque, é a mais invasiva. O paciente recebe anestesia geral, e os eletrodos induzem uma corrente elétrica no cérebro que provoca a convulsão, alterando os níveis de neurotransmissores e neuromoduladores, como a serotonina.

Ela é indicada para depressão profunda e em situações em que o paciente não responde aos medicamentos.

Seus efeitos cognitivos, porém, são indesejáveis e incluem perda de memória. Os defensores da técnica dizem que o problema é temporário.

Já a estimulação magnética é indolor e não requer anestesia, assim como a que usa corrente contínua.

Uma bobina, que é apoiada na cabeça do paciente, gera um campo magnético que afeta os neurônios, ativando-os ou inibindo-os. As ondas penetram cerca de 2 cm.

Em maio de 2012, o CFM (Conselho Federal de Medicina) aprovou a técnica para tratamento de depressões uni e bipolar (que pode causar oscilações de humor) e de alucinações auditivas em esquizofrenia e para planejamento de neurocirurgia.

O IPq (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP), centro pioneiro em pesquisas com estimulação magnética no país, estuda a aplicação para depressão desde 1999.

"A estimulação por corrente contínua está hoje onde a estimulação magnética estava há 15 anos", afirma o psiquiatra André Brunoni.

Fonte: Folha de São Paulo



quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Farmacêuticas globais miram laboratório Aché, dizem fontes

Conforme EXAME antecipou, o BTG Pactual e a família Depieri, que controlam o laboratório, preparam proposta para compra da empresa com ajuda de grupos internacionais

Produção de medicamentos do Aché

Empresas farmacêuticas internacionais estão considerando fazer uma proposta pela Aché, uma das maiores fabricantes de medicamentos do Brasil, em um negócio estimado em vários bilhões de dólares, disseram fontes envolvidas no processo.

A Aché, de capital fechado, poderia atrair uma série de laboratórios que procuram aumentar sua presença na América Latina --uma região no radar dos grandes grupos farmacêuticos que buscam novos mercados para compensar vendas tépidas em países desenvolvidos.

Fontes disseram que o braço brasileiro do banco de investimentos Lazard foi contratado por acionistas para avaliar a venda da Aché --e muitos grupos da Europa e dos Estados Unidos demonstraram interesse.

Não está claro se a venda será concluída, diante de divisões de opinião entre as três famílias que controlam a Aché, com duas mais dispostas a vender do que a terceira.

O futuro da Aché foi colocado mais em dúvida pela renúncia na quarta-feira de seu presidente José Ricardo Mendes da Silva. A assessoria de imprensa do laboratório disse que o executivo está saindo por razões pessoais e um comitê gestor vai gerir a empresa.

A assessoria da Aché recusou comentar se o grupo será vendido. Representantes da Lazard em Londres disseram que não poderiam comentar sobre o papel do banco no processo.

O Brasil foi palco de uma série de fusões e aquisições no setor farmacêutico nos últimos anos, incluindo a compra da fabricante de medicamentos genéricos Medley pela francesa Sanofi por 500 milhões de euros (670 milhões dólares) em 2009.

A Sanofi pagou 3,3 vezes as vendas históricas da Medley. Um múltiplo semelhante para a Aché, que tem vendas de cerca de 750 milhões de dólares por ano, atribuiria um valor de 2,5 bilhões de dólares à companhia.

Na prática, os proprietários da Aché estariam esperando um montante muito maior, refletindo a dependência muito menor do laboratório nos medicamentos genéricos, onde as margens são inferiores.

Não está claro quais empresas estão avaliando a Aché, mas o Brasil é um foco importante para muitos dos principais grupos farmacêuticos globais, como Pfizer, GlaxoSmithKline e Novartis.

Embora ocupe a quarta posição em termos de vendas totais de remédios no Brasil, a Aché é líder no mercado de medicamentos com prescrição e tem um histórico de produtos de marca própria.

Em 2005, desenvolveu o anti-inflamatório Acheflan a partir de uma planta nativa --o primeiro medicamento a ser pesquisado e desenvolvido inteiramente no Brasil.

A exposição da Aché aos genéricos é relativamente limitada. A agência de classificação de risco Fitch Ratings prevê que o portfólio de genéricos da Aché não represente mais do que 10 a 15 por cento das receitas futuras.

A Fitch disse em relatório no mês passado que a posição comercial da Aché está se fortalecendo e que suas margens de lucro são fortes e estáveis.

A receita da Aché nos 12 meses até 30 de setembro de 2012 foi de 1,5 bilhão de reais e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi de 540 milhões de reais, segundo a Fitch.

A Aché tem 3,3 mil empregados, incluindo mais de 1,6 mil representantes de vendas, e também tem se expandido no exterior, com contratos para exportar 40 medicamentos para 12 países.

Fonte: Exame



quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Pesquisa questiona função protetora de gordura "boa"

A troca da gordura saturada de origem animal pelos óleos vegetais começou a ser recomendada pelos médicos para melhorar a dieta e proteger o coração desde a década de 1960. A banha de porco usada na cozinha saiu de cena e entraram os óleos de milho e girassol, entre outros.

Mas um novo estudo, que recuperou dados de um trabalho realizado entre 1966 e 1973 na Austrália, questiona essa recomendação e mostra que há muito mais no meio do caminho entre a gordura saturada animal "má" e a gordura vegetal "boa".

Os dados recuperados pertencem a uma pesquisa que avaliou mudanças na dieta em quase 458 homens de 30 a 59 anos que havia sofrido problemas cardíacos.

Eles foram divididos em dois grupos: um deles foi instruído a reduzir o consumo de gordura saturada para menos de 10% das calorias ingeridas por dia e aumentar o de poli-insaturada, usando óleo vegetal e margarina, de 6% para 15% das calorias diárias; o outro não recebeu orientações sobre dieta.

Os resultados revistos agora e publicados no "British Medical Journal" demonstram que os homens que aderiram ao óleo vegetal tiveram uma mortalidade mais alta do que os demais, o que contraria a expectativa inicial.

Segundo os autores, liderados por Christopher Ramsen, dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, o achado pede uma revisão de recomendações de dieta.

A Associação Americana do Coração, em suas diretrizes sobre consumo de gordura, recomendam o uso dos óleos vegetais com ômega 6 para reduzir o uso de gordura saturada animal.

No Brasil, as diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia também incluem a recomendação da troca da gordura saturada pelo ômega 6 para reduzir o colesterol, apesar de fazerem ressalvas quanto à proporção ideal entre esse tipo de gordura e as demais, principalmente o ômega 3, encontrado em peixes e que já tem bem estabelecida sua ação protetora.

"Só somos vivos porque comemos tudo em equilíbrio. Não adianta comer só proteína nem só ômega 3", afirma o nutrólogo e cardiologista Daniel Magnoni, um dos autores da diretriz brasileira, publicada neste mês.

Segundo o nutrólogo Celso Cukier faltam mais estudos que esclareçam qual é o equilíbrio ideal para obter uma dieta mais protetora.

A quantidade de gordura saturada precisa ser limitada porque, além de trazer energia para o corpo, aumenta o colesterol. A troca pelo óleo vegetal tinha como objetivo reduzir o colesterol e evitar os infartos e derrames.

Segundo os autores da nova pesquisa, a maior tendência do ômega 6 à oxidação e sua possível ação inflamatória podem ter contribuído para o mau resultado da dieta.
Cukier chama a atenção para a redução do colesterol mas não da mortalidade.

"Esse estudo mostra que não basta substituir a gordura saturada, ela não é a única vilã. É preciso saber pelo que estamos trocando."

Fonte: Folha de São Paulo



domingo, 3 de fevereiro de 2013

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COPA DO NORDESTE


Revisão de estudos aponta mitos da obesidade

Um artigo publicado no "New England Journal of Medicine" que elenca mitos e fatos sobre obesidade e emagrecimento está causando controvérsia nos EUA.

David Allison, diretor do centro de pesquisas de nutrição e obesidade da Universidade do Alabama, e colegas apresentam uma lista com sete mitos, seis pressupostos não comprovados e nove fatos sobre a obesidade.

Entre os mitos e conceitos não provados estão as ideias de que aulas de educação física têm efeito no emagrecimento de crianças obesas, de que amamentação evita o problema e que os obesos devem evitar dietas radicais.

Entre os fatos está o poder de remédios emagrecedores, cirurgias bariátricas e de programas que oferecem refeições prontas ou substitutos na perda de peso.

Os especialistas em obesidade aplaudiram esse esforço de desfazer confusões em torno da obesidade. Para eles, essa área vem se tornando um atoleiro.

O pesquisador de obesidade Jeffrey Friedman, da Universidade Rockefeller, disse: "A meu ver, há mais desinformação fazendo-se passar por verdade neste campo que em qualquer outro".

Mas pesquisadores independentes dizem que, apesar de apontarem informações válidas, os autores têm ligações financeiras com empresas de alimentos, bebidas e fabricantes de produtos para emagrecer.

A lista de declaração de conflito de interesses ocupa quase meia página do artigo.

"Isso levanta dúvidas sobre o propósito do artigo e se ele mira a promoção de medicamentos, produtos que substituem refeições e cirurgias bariátricas como a solução", afirmou Marion Nestle, professora da Universidade de Nova York.

"A grande questão na perda de peso é como você muda o ambiente ligado à comida para que as pessoas façam escolhas saudáveis."

MÉTODO

David Allison queria saber o que já está comprovado em relação à obesidade.

Uma ideia tida como verdadeira, por exemplo, é que as pessoas que tomam café da manhã são mais magras.

Mas essa noção é baseada em estudos feitos com pessoas que já tomavam café da manhã. Dois estudos que separaram as pessoas em grupos e avaliaram o impacto de comer ou não de manhã não mostraram o efeito emagrecedor da primeira refeição.

Portanto, indaga Allison, por que os pesquisadores continuam fazendo estudos que se limitam a relacionar magreza e café da manhã?

"Todo esse tempo e esforço são desperdiçados."

Outro problema com as pesquisas sobre obesidade é que elas tendem a assumir como verdadeira a opção que parece ser mais razoável.

Um exemplo disso é a ideia de que as pessoas que seguem programas de emagrecimento se saem melhor quando definem metas conservadoras em vez de tentar perder um percentual grande do peso corporal.

Mas, quando ele examinou os estudos sobre emagrecimento, não achou nenhum vínculo consistente entre o grau de ambição da meta e quanto peso foi perdido, nem por quanto tempo a perda de peso tinha sido mantida.

Para Allison, cabe aos cientistas mudar seus hábitos. "Precisamos fazer estudos rigorosos", afirmou.

"Eu nunca disse que temos que aguardar até termos o conhecimento perfeito", ele concluiu. Mas, nas palavras de John Lennon, "me dê alguma verdade".

Fonte: Folha de São Paulo



sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

França suspende venda de pílula Diane 35

Após a confirmação de quatro mortes ligadas ao uso da pílula Diane 35, um remédio para a acne amplamente receitado como contraceptivo, as autoridades sanitárias da França decidiram interromper sua comercialização.

A proibição começa a valer daqui a três meses, mas os médicos já devem parar de receitar a pílula.

A agência, no entanto, desaconselhou a interrupção abrupta para quem está usando a medicação. A orientação é para que as mulheres francesas visitem um médico para trocá-la por uma das várias alternativas disponíveis no mercado.

A suspensão vale também para os genéricos do medicamento, que é uma combinação de acetato de ciproterona e etinilestradiol.

No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) disse estar acompanhando o caso, mas, até agora, não há nenhuma alteração em relação ao uso do medicamento em vista.

As autoridades francesas pediram ainda que a EMA (Agência Europeia de Medicamentos) conduza uma ampla investigação sobre o uso e as possíveis complicações da Diane 35 no continente.

OS CASOS

Um relatório da agência francesa divulgado recentemente indicou que, nos últimos 25 anos, o uso de Diane 35 esteve relacionado a quatro mortes e a mais de uma centena de complicações graves, como trombose venosa profunda, embolia e AVC (Acidente Vascular Cerebral).

Embora o medicamento seja aprovado na França e em muitos países, inclusive no Brasil, como remédio para a acne, ele é amplamente receitado como contraceptivo.

"O uso de Diane 35 como contraceptivo já é consagrado e amplamente descrito na literatura médica", diz Marta Franco Finotti, presidente da Comissão Nacional Especializada em Anticoncepção da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).

Segundo Finotti, não há motivo para pânico.

"Não existe nenhuma evidência nova de perigo. Um possível aumento de problemas cardiovasculares já é conhecido. Por isso, é importante que o médico, antes de prescrever a medicação, avalie outros fatores de risco."

Na França, a pílula tem cerca de 315 mil usuárias. A representante da Febrasgo estima que 1,5 milhão de mulheres usem Diane 35 ou seus genéricos no Brasil.

A multinacional alemã Bayer, que fabrica a pílula, não confirma esses números.

OUTRO LADO

Em nota, a farmacêutica afirmou que vai cooperar com as autoridades francesas, mas diz que, até agora, não tomou conhecimento de qualquer novo fato que "leve a uma mudança na avaliação positiva do risco-benefício do Diane 35".

No início da semana, a Bayer reafirmou que o remédio é destinado ao tratamento da acne, "não sendo indicado com um método de contraceptivo oral".

A empresa afirma que os riscos de ocorrência de problemas cardiovasculares nas usuárias estão claramente descritos na bula.

NOVAS PÍLULAS

A associação entre contraceptivos hormonais e complicações cardiovasculares é antiga e conhecida.

No entanto, as chamadas pílulas de nova geração, posteriores à Diane 35 e que têm baixa concentração de hormônios, além de também melhorarem a pele, estão na mira das agências regulatórias.

Estudos recentes mostraram que essas pílulas com drospirenona, como a Yasmin e a Yaz, também da Bayer, aumentam o risco de formação de coágulos sanguíneos.

A FDA (agência que regula alimentos e remédios nos EUA) discutiu amplamente o tema em 2011 e acabou decidindo manter essas pílulas no mercado, mas com advertências nas bulas sobre riscos aumentados.

Agora, é a EMA, a agência reguladora europeia, que está conduzindo um estudo sobre os riscos.

"Não há contraceptivo hormonal 100% seguro. Mas, na maioria dos casos, a chance de complicações é baixíssima", afirma Carlos Alberto Petta, professor de ginecologia da Unicamp.

Segundo ele, antes de receitar um contraceptivo, o médico deve fazer uma avaliação criteriosa do histórico de saúde e de possíveis outros fatores de risco.

"Tabagismo, obesidade, sedentarismo e a questão da idade também devem ser considerados."

Fonte: Folha de São Paulo