segunda-feira, 18 de março de 2013

Diagnóstico de câncer de vulva é tardio no Brasil

Um estudo do Hospital A.C. Camargo traçou, pela primeira vez, o perfil das pacientes brasileiras com câncer de vulva e mostrou que 43% delas recebem um diagnóstico tardio da doença.
O número é alto se comparado com os 10% de pacientes com câncer de mama que também recebem o diagnóstico em estágio avançado.

A demora do início do tratamento, que aumenta as chances de o tumor voltar ou se espalhar para outros órgãos, ajuda a explicar outro dado preocupante sobre a doença: 43% das pacientes têm recidiva e, dessas, 70% acabam morrendo.

Raro e agressivo, o câncer de vulva atinge, em média, uma mulher a cada 100 mil -em comparação, o câncer de colo de útero afeta cerca de 17 a cada 100 mil.
No Brasil, a cidade com maior incidência da doença é Recife, com 5,6 casos para 100 mil mulheres.

Mais de 80% das mulheres que desenvolvem a doença têm pouca ou nenhuma escolaridade, aponta o estudo. "A falta de informação, associada à falta de higiene, aumentam o risco do câncer se desenvolver", afirma Rafael Malagoli, principal autor do estudo e pesquisador do Centro Internacional de Pesquisa do Hospital A.C.Camargo.
A higiene íntima inadequada pode levar a um aumento de processos inflamatórios.

Segundo Marcelo de Andrade Vieira, médico do departamento de ginecologia oncológica do Hospital de Câncer de Barretos e que não esteve envolvido no estudo, essas pacientes já vão com menos frequência ao médico.

"Para elas, a lesão pode ser considerada normal. E muitas têm vergonha de buscar um atendimento médico."

O principal sintoma do câncer é uma ferida que não cicatriza e que pode começar como um pequeno caroço, uma coceira ou uma mancha que tende a aumentar.

Segundo os especialistas, a prevenção requer apenas a avaliação ginecológica regular para que o médico possa fazer o exame visual do órgão genital externo feminino.

IDADE

De acordo com o artigo, publicado no periódico "Gynecology and Obstetric Investigation", o câncer de vulva sempre foi tradicionalmente associado à terceira idade, mas tem atingido mulheres mais jovens por causa das infecções pelo HPV.

"Os fatores de risco tradicionais são alcoolismo, tabagismo e inflamações, mas outro fator importante é a infecção pelo HPV, que já é responsável por cerca de 50% dos casos de câncer de vulva", afirma Malagoli.

No grupo do estudo -foram analisados dados de 300 mulheres atendidas no Hospital A.C. Camargo entre 1978 e 2009-, a idade média de início da doença foi de 70 anos, mas o câncer afetou mulheres de 15 a 98 anos.

Marcelo Vieira também vê essa tendência no Hospital de Câncer de Barretos. A instituição atende de 15 a 20 casos de câncer vulvar por ano.

O número é relativamente alto, segundo o médico, porque o hospital recebe pacientes de todas as regiões do país, incluindo um grande número do Norte e Nordeste.

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Fonte: Folha de São Paulo

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