segunda-feira, 10 de junho de 2013

Novo teste detecta leptospirose em 24 horas

Um novo teste desenvolvido pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Rio, permite o diagnóstico de leptospirose em 24 horas. Hoje, os testes existentes demoram de cinco a seis dias para confirmar a doença.

Ainda em fase experimental, o novo exame realiza o diagnóstico por meio da identificação da leptospira, a bactéria causadora da doença.

A identificação rápida da leptospirose permite que o paciente seja tratado de forma mais eficaz.

Com sintomas semelhantes aos da dengue, hepatite A e outros processos infecciosos, o paciente só era diagnosticado quando o organismo produzia anticorpos, quase uma semana depois de ser infectado.

Com o novo teste, a leptospirose pode ser detectada no primeiro ou segundo dia de contaminação.

A doença é transmitida principalmente pela urina de animais infectados. Seus sintomas são febre, dor de cabeça e comprometimento gastrointestinal.

"O mais importante para o paciente é o diagnóstico precoce. E para a Vigilância Epidemiológica a importância é saber o tipo de bactéria circulante, para que se possa controlar os animais [cães, bois ou outros mamíferos] da cadeia de transmissão e evitar surtos e epidemias", afirma a microbiologista Ilana Balassiano, do Instituto Oswaldo Cruz.

RECONHECIMENTO
A pesquisa foi divulgada na revista científica "Diagnostic Microbiology and Infections Disease", em 2012. Os resultados serão apresentados no Congresso de Microbiologia na Alemanha, em julho deste ano.

O novo teste é chamado de PCR-Imunocaptura. Segundo Balassiano, existem aproximadamente 20 espécies de bactérias da doença.

A identificação é feita em diferentes níveis --gênero, espécie e outros-- para classificar a bactéria e apontar o animal associado à cadeia de transmissão da doença.

A pesquisadora conta que deposita o soro infectado com leptospira numa placa com diferentes anticorpos. Em seguida, faz-se a extração de DNA para identificar a bactéria e fazer o diagnóstico da doença.

"Esse teste [da Fiocruz] é mais preciso. É uma ferramenta a mais do diagnóstico já que os sintomas da leptospirose podem se parecer com os de várias outras doenças", diz o professor de infectologia pediátrica e diretor do Instituto de Pediatria da UFRJ, Edimilson Migowski.

O Ministério da Saúde informou que o estudo ainda será analisado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e pela Secretaria de Vigilância em Saúde.

Desde 2005, o Brasil registrou 31.418 casos de leptospirose. Em 2011 houve o maior número de doentes: 4.832, com 436 mortes.

Só no ano passado, foram registrados 3.242 casos e 268 óbitos. Neste ano, o número já chega a 693, sendo 63 as vítimas fatais.

Fonte: Folha de São Paulo

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