quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Mascar chicletes pode influenciar na frequência e na gravidade da dor de cabeça em crianças e adolescentes, publicado pelo Pediatric Neurology

O hábito de mascar chicletes em excesso é pouco citado como um precipitante da dor de cabeça em crianças e adolescentes. Em estudo publicado pelo Pediatric Neurology foi avaliada a influência da mastigação excessiva diária de goma de mascar em crianças mais velhas e adolescentes com dor de cabeça crônica, ressaltando o impacto da descontinuação do hábito e da sua reintrodução.

A pesquisa foi liderada por Nathan Watemberg, médico do Child Neurology Unit and Child Development Center, do Meir Medical Center e da Tel Aviv University, em Israel. Pacientes com dor de cabeça crônica e que têm o hábito de mascar chicletes em excesso foram convidados a preencher questionário referente às características da dor de cabeça, possíveis gatilhos, história familiar de dores de cabeça e características de uso das gomas de mascar. Estes indivíduos foram classificados em quatro grupos em função do número de horas diárias que mascavam chicletes. Todos os participantes descontinuaram o hábito de mascar chicletes durante um mês e o reintroduziram após este período. Foi realizada nova entrevista após 2 a 4 semanas.

Os resultados mostraram que dos trinta pacientes (25 meninas) recrutados, a idade média foi de 16 anos e a maioria tinha dor de cabeça do tipo enxaqueca (60% apresentavam enxaqueca e 40% apresentavam cefaleiatensional). Após a descontinuação de uso do chiclete, 26 relataram uma melhora significativa, incluindo a resolução da dor de cabeça em 19 deles. Vinte pacientes dos 26 que relataram melhora dos sintomasinicialmente e que reinstituíram o hábito relataram recaída dos sintomas em poucos dias, cerca de uma semana. A duração da dor de cabeça antes da interrupção e o número de horas diárias mascando chicletes não tiveram influência sobre a resposta na descontinuação. Os pesquisadores acreditam que o hábito de mascar chiclete em excesso possa desencadear a dor de cabeça, não pela ingestão de aspartame, contido na goma de mascar, como já foi sugerido anteriormente, mas por colocar a articulação temporomandibular em um esforço excessivo.

Embora o estudo seja pequeno e avaliações futuras devam ser feitas, no presente trabalho verificou-se que o excesso de chiclete por dia pode estar associado à dor de cabeça crônica e deve receber mais atenção na literatura médica. A conscientização do paciente e do médico sobre esta associação pode ter um impacto significativo sobre a qualidade de vida de crianças e adolescentes com dor de cabeça crônica que mascam chiclete excessivamente. Os estudiosos ainda sugerem que se o exame neurológico das crianças e adolescentes estiver normal e o hábito de mascar chiclete em excesso estiver presente, os médicos devem sugerir a descontinuação do uso antes de solicitarem procedimentos diagnósticos e terapêuticos caros para avaliar e tratar as dores de cabeça nesta faixa etária.

Fonte: Pediatric Neurology, volume 50, de janeiro de 2014 – NEWS.MED.BR, 2014.

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