sexta-feira, 2 de maio de 2014

Estudo desenvolve medicamento mais prático e seguro contra esclerose múltipla

Em teste, droga promoveu mesmos benefícios que remédio usado atualmente, mas com apenas uma injeção a cada duas semanas, e não uma por dia

Esclerose Múltipla: Doença ataca membrana que protege fibras nervosas do cérebro

Um novo medicamento contra a esclerose múltipla parece oferecer os mesmos benefícios que os remédios atuais, mas com menos efeitos adversos, sem a necessidade de ser usado diariamente e com um menor risco de resistência – ou seja, menos pacientes deixam de responder à droga.

Os efeitos do novo medicamento, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, foram observados em uma pesquisa feita com mais de 1.500 pessoas com esclerose múltipla de 26 países diferentes. O estudo foi publicado nesta quinta-feira na revista médica The Lancet Neurology. A droga, porém, ainda não está disponível no mercado.

A esclerose múltipla é uma doença de causas desconhecidas e para a qual não existe cura. Trata-se de uma doença autoimune – ou seja, o sistema de defesa de uma pessoa passa a atacar o próprio corpo. No caso da esclerose múltipla, ele danifica ou destrói a mielina, uma substância que envolve e protege as fibras nervosas do cérebro, da medula espinal e do nervo óptico. Quando isso acontece, são formadas lesões, ou escleroses, capazes de desencadear diferentes sintomas sensitivos, motores e psicológicos.

O primeiro medicamento aprovado para o tratamento da esclerose múltipla foi o interferon beta. A droga, injetável, bloqueia a ação de algumas células do sistema imunológico que atacam a mielina em pessoas com a doença. Seu efeito varia de acordo com o paciente – em alguns casos, o benefício é pequeno, mas, em outros, a droga pode reduzir em um terço os relapsos e níveis de inflamação causados pela doença.

No entanto, o fato de as injeções serem diárias torna comum que pacientes abandonem o tratamento. Mesmo assim, de acordo com os autores do novo estudo, o interferon beta parece ser mais seguro do que os medicamentos orais que surgiram mais recentemente para o controle da doença.

Nova abordagem — O novo medicamento desenvolvido pelos cientistas americanos é uma nova formulação química do interferon beta – e recebeu o nome, em inglês, de pegylated interferon beta.

No teste clínico da substância, que envolveu mais de 1.500 pessoas com esclerose múltipla, um terço dos participantes recebeu uma injeção de placebo a cada duas semanas; um terço recebeu uma injeção do novo medicamento a cada duas semanas; e o restante, uma injeção da droga por mês. O tratamento foi aplicado durante um ano.

Efeitos — Após esse período, os pesquisadores observaram que, em comparação com o plecebo, injeções a cada duas semanas de pegylated interferon beta diminuíram em 36% a taxa anual de relapsos da esclerose múltipla e em 67% o número de novas lesões no cérebro causadas pela doença. Já as injeções mensais da nova droga proporcionaram uma redução de 28% em ambos os aspectos.

Além disso, os participantes que receberam o novo medicamento, injetado tanto a cada duas semanas como mensalmente, apresentaram 38% menos incapacidade provocada pela doença — medida pela velocidade com que andam, qualidade da visão, força e sensibilidade.

O pegylated interferon beta demonstrou ser tão seguro quanto à formulação antiga – alguns pacientes apresentaram sintomas de gripe até 24 horas após a injeção — e, portanto, mais seguro do que medicamentos mais novos. De acordo com o coordenador do estudo, Peter Calabresi, professor de neurologia da Universiade Johns Hopkins, atualmente 20% dos pacientes com esclerose múltipla deixam de responder aos medicamentos. Essa taxa de resistência em relação à nova droga, porém, não chegou a 1%.

“Acredito que esse medicamento possa aumentar a adesão e tolerância dos pacientes ao tratamento, o que pode interferir positivamente na qualidade de vida das pessoas com esclerose múltipla”, diz Calabresi. “Nossos dados são muito claros. Nós podemos tornar as coisas mais fáceis aos pacientes sem efeitos adversos perigosos.”

Fonte: VEJA

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