quarta-feira, 7 de maio de 2014

Tratamento com corrente elétrica pode retardar o Alzheimer

Em estudo inicial, pesquisadores observaram que estimulação cerebral profunda ajuda a estabilizar ou melhorar a cognição de pessoas com a doença

Eletricidade no cérebro: estudo mostra que tratamento com corrente elétrica que já é usado para tratar Parkinson pode ajudar pessoas com Alzheimer

Pesquisadores da Alemanha testaram uma nova abordagem para barrar o avanço dos sintomas do Alzheimer – e descobriram que a técnica pode até retardar alguns dos danos causados pela doença. Atualmente, nenhum tratamento disponível contra o Alzheimer faz com que a doença regrida, mas apenas que se estabilize ou que a sua progressão seja mais lenta.

O estudo, ainda inicial – incluiu apenas seis pacientes —, fez uso da estimulação cerebral profunda para tratar essas pessoas, todas diagnosticadas com Alzheimer. Na técnica, os médicos realizam uma cirurgia pouco invasiva para implantar, na cabeça do paciente, um eletrodo que fica conectado a um dispositivo semelhante a um marca-passo. O aparelho, então, emite impulsos elétricos e estimula o funcionamento da região cerebral na qual o eletrodo foi inserido.

A estimulação cerebral profunda já é aprovada no Brasil para controlar tremores de pacientes com doença de Parkinson, mas estudos indicam que o tratamento também pode ajudar pessoas com epilepsia, anorexia, TOC e depressão.

Região estratégica — Na nova pesquisa, feita na Universidade de Colônia, Alemanha, os autores optaram por usar a técnica para estimular uma área específica do cérebro dos pacientes chamada núcleo basal de Menyert. De acordo com os especialistas, essa é uma das regiões nas quais o Alzheimer provoca a perda de neurônios.

Os seis participantes do estudo foram submetidos ao tratamento durante um ano. Os pesquisadores avaliaram a função cognitiva – como memória, raciocínio e capacidade de tomar decisões — dos pacientes uma semana antes do início da estimulação e durante todo o ano.

Os resultados, publicados nesta terça-feira na revista Molecular Psychiatry, mostraram que a função cognitiva de quatro dos seus pacientes permaneceu estável ou melhorou — os outros dois participantes apresentaram um declínio cognitivo. O tratamento demonstrou ser seguro, sem efeitos adversos graves.

Os autores concluíram que a estimulação cerebral profunda pode ser uma alternativa segura para barrar a doença de Alzheimer na maioria dos pacientes. Estudos maiores precisam ser feitos para que os resultados sejam confirmados.

Eletricidade — O conjunto de técnicas que usam corrente elétrica para interferir na atividade cerebral e tratar doenças, como a estimulação cerebral profunda, é conhecido como neuromodulação. Hoje, diferentes tipos dessa abordagem são aprovados no Brasil para o tratamento de males como depressão, Parkinson e epilepsia. A terapia parte do princípio de que o cérebro é plástico – e, portanto, capaz de ser moldado –, e visa estimular os neurônios a atingirem o efeito desejado.

Fonte: Veja

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