sexta-feira, 15 de março de 2013

Parar de fumar reduz risco cardiovascular, mesmo com o ganho de peso que ocorre após a cessação do fumo, em adultos com e sem diabetes, em artigo publicado pelo JAMA

Acredita-se que a cessação do tabagismo reduz os riscos de doenças cardiovasculares1 (DCV), mas o ganho de peso que segue após a parada pode enfraquecer os benefícios cardiovasculares alcançados. Com o objetivo de testar a hipótese de que o ganho de peso advindo da cessação do tabagismo não atenua os benefícios cardiovasculares, entre adultos com e sem diabetes2, foi realizado um projeto publicado pelo Journal of the American Medical Association (JAMA).

O estudo prospectivo de coorte3, de base comunitária, com dados do Framingham Offspring Study, coletados de 1984 a 2011, avaliou, a cada quatro anos, o auto-relato a respeito do tabagismo. Foi feita uma avaliação e classificação dos indivíduos em:

  • Fumantes.
  • Aqueles que deixaram de fumar recentemente (menos de quatro anos).
  • Aqueles que deixaram de fumar há mais de quatro anos.
  • Não fumantes.

Análises estatísticas foram realizadas para estimar a associação entre deixar de fumar e os eventos cardiovasculares em seis anos e para testar se a mudança de peso em quatro anos, seguindo a cessação do fumo, modifica a associação entre parar de fumar e os eventos cardiovasculares.

Os eventos cardiovasculares incluídos foram doença coronariana4, eventos cerebrovasculares, doença arterial periférica e insuficiência cardíaca congestiva5.

Após um seguimento médio de 25 anos, 631 eventos cardiovasculares ocorreram entre 3.251 participantes. O ganho de peso médio em quatro anos foi maior para aqueles que tinham deixado de fumar recentemente (menos de quatro anos) sem diabetes2 (2,7 kg) e diabéticos (3,6 kg) do para aqueles que deixaram de fumar a mais de quatro anos (0,9 kg e 0,0 kg para não diabéticos e diabéticos, respectivamente, P <0,001).

Entre os participantes sem diabetes2, após ajustes para idade e sexo, a taxa de incidência6 de doença cardiovascular foi de:

  • 5,9 por 100 pessoas examinadas em fumantes.
  • 3,2 por 100 pessoas examinadas em ex-fumantes recentes.
  • 3,1 por 100 pessoas examinadas para ex-fumantes de longo prazo
  • 2,4 por 100 pessoas examinadas em não-fumantes.

Após o ajuste para fatores de risco cardiovascular, em comparação com fumantes, os ex-fumantes recentes tiveram uma taxa de risco para DCV de 0,47 e os ex-fumantes de longo prazo tiveram uma taxa de risco para DCV de 0,46. Estas associações tinham apenas uma mudança mínima após ajustes para a mudança de peso. Entre os participantes com diabetes2, havia estimativas pontuais semelhantes, que não alcançaram significância estatística.

Concluiu-se que, nesta coorte3 de base comunitária, parar de fumar está associado a um menor risco de eventos cardiovasculares entre os participantes sem diabetes2, e que o ganho de peso que ocorreu após a cessação do tabagismo não alterou esta associação. Estes resultados apoiam o benefício cardiovascular obtido com a cessação do tabagismo, apesar do possível ganho de peso subsequente.

Fonte: Journal of the American Medical Association, volume 309, de 13 de março de 2013 - NEWS.MED.BR

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