segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Probióticos melhoram sintomas comportamentais associados a doenças inflamatórias alterando a comunicação entre o cérebro e o sistema imune

Pacientes com doenças inflamatórias sistêmicas (por exemplo, artrite reumatoide, doença inflamatória intestinal e doença crônica do fígado) geralmente desenvolvem o chamado comportamento doentio, que inclui sintomas como cansaço, falta de apetite, afastamento social e desânimo, o qual surge a partir de alterações na função cerebral.

O eixo microbiota-intestino-cérebro altera a função cerebral e a ingestão de probióticos pode influenciar este comportamento doentio. No entanto, a maneira como os probióticos fazem isso permanece obscura. Já foi descrita uma nova via de comunicação “periferia-cérebro”, na definição de inflamação de órgão periférico, pela qual os monócitos são recrutados para o cérebro em resposta sistêmica à sinalização do TNF-α, conduzindo à ativação da micróglia e subsequentemente ao desenvolvimento do comportamento doentio.

No presente estudo, publicado pelo periódico The Journal of Neuroscience, os investigadores estudaram se a ingestão de probióticos (isto é, mistura de probiótico VSL#3) altera esta via de comunicação “periferia-cérebro”, reduzindo, assim, o desenvolvimento posterior do comportamento doentio. Usando um modelo bem caracterizado de cobaia com inflamação no fígado, foi demonstrado que o tratamento com probiótico (VSL#3) atenua o desenvolvimento do comportamento doentio em ratos com inflamação no fígado sem afetar a gravidade da doença, a composição da microbiota intestinal ou a permeabilidade intestinal.

A atenuação do desenvolvimento do comportamento doentio foi associada a reduções na ativação microglial e infiltração de monócitos cerebrais. Estes eventos foram acompanhados por mudanças em marcadores de ativação imunitária sistêmica, incluindo reduções dos níveis circulantes de TNF-α. As novas observações destacam um caminho através do qual os probióticos mediam mudanças cerebrais e alteram o comportamento. Estes resultados permitem o desenvolvimento potencial de intervenções terapêuticas orientadas para a microbioma intestinal para tratar comportamentos doentios associados à inflamação em pacientes com doenças inflamatórias sistêmicas.

Esta pesquisa mostra que probióticos, quando ingeridos, podem melhorar os comportamentos anormais (incluindo afastamento social e imobilidade) que são comumente associados à inflamação. Os probióticos são capazes de causar este efeito no organismo, alterando a forma como o sistema imunitário manda sinais ao cérebro para alterar a função cerebral. Estes resultados colaboram para a compreensão de como os probióticospodem afetar beneficamente a função cerebral no contexto da inflamação que ocorre no interior do corpo e como eles podem criar alternativas terapêuticas potenciais para o tratamento deste comportamento doentio, que muitas vezes afeta significativamente a qualidade de vida desses pacientes.

Fonte: The Journal of Neuroscience, de 29 de julho de 2015News.med.br

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